Santos Anjos da Nossa Guarda
2 de Outubro de 2023
Memória
O Evangelho desta memória é próprio.
RITOS INICIAIS
Cântico de entrada: Ao Deus do universo – J. Santos, NRMS, 1 (II)
Dan 3, 58
Antífona de entrada: Anjos do Senhor, bendizei o Senhor, louvai-O e exaltai-O para sempre.
Introdução ao espírito da Celebração
Caríssimos irmãos. Diz Orígenes, um antigo escritor cristão, que quando os fieis se reúnem em assembleia, pode-se falar de uma dupla assembleia de santos: uma de homens e outra de Anjos. Por isso aqui reunidos com os nossos Anjos da guarda, celebremos a Eucaristia com a devoção com que o farão, ao nosso lado, nossos Anjos da guarda.
Ato penitencial
Oração colecta: Senhor, que na vossa admirável providência enviais os Anjos para nos guardarem, ouvi as nossas súplicas e fazei que sejamos sempre defendidos pela sua protecção e gozemos eternamente da sua companhia. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
Primeira Leitura
Monição: No livro do Êxodo, antes do Povo de Deus entrar na Terra Prometida, Deus garante a ajuda dos Anjos que guiaram e protegerão o Povo de Deus. A Igreja, novo Povo de Deus e cada um de nós, peregrina até a Gloria celeste. Também somos guiados e protegidos pela assistência dos Anjos.
Êxodo 23,20-23
20Eis o que diz o Senhor: «Vou enviar um Anjo à tua frente, para que te proteja no caminho e te conduza ao lugar que preparei para ti. 21Respeita a sua presença e escuta a sua voz não lhe desobedeças. Ele não perdoaria as vossas transgressões, porque fala em meu nome. 22Mas, se ouvires a sua voz e fizeres tudo o que Eu te disser, serei inimigo dos teus inimigos e perseguirei os que te perseguirem. 23aO meu Anjo irá à tua frente».
Esta leitura é tirada do texto do Êxodo, da parte que se segue ao «Código da Aliança», e com que se introduzem disposições relativas à entrada na Palestina. Nestes versículos, Deus garante ao seu Povo uma proteção especial, que lhe permita entrar na posse da terra prometida. Daí a atualização que a Igreja faz deste texto, aplicando-o ao novo Povo de Deus, a Igreja, que é guiada e assistida pelos Anjos da Guarda, a caminho do Céu. Lembramos que, quando no Antigo Testamento se fala do «anjo do Senhor», habitualmente designa-se a presença do próprio Deus ou uma sua direta intervenção (cf. Gn 16,7; 22,11.14; Ex 3,2; 14,19; etc.); mas, em muitas outras passagens, quando se fala de «o meu anjo», ou simplesmente de «o anjo» (cf. Ex 33,2; Nm 20,16), sobretudo em contraste com Deus (cf. Salm 138,1), sem dúvida que se refere a seres espirituais distintos de Deus, os anjos. Que estes existem é uma verdade que está clara no Novo Testamento e pertence à fé da Igreja (cf. Catecismo da Igreja Católica, nº 334-336), que professamos: «Creio em Deus… Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis»; e as coisas invisíveis «não são as galáxias, mas esses puros espíritos, que são os anjos» (Sequeri).
Salmo Responsorial Salmo 90 (91) 1-2.3-4.5-6.10-11
Monição: Rezemos o salmo 90, dando graças a Deus pela proteção angélica que nos guarda a toda hora.
Refrão: O Senhor mandará aos seus Anjos
que te guardem em todos os teus caminhos.
Tu que habitas sob a protecção do Altíssimo
e moras à sombra do Omnipotente,
diz ao Senhor: «Sois o meu refúgio e a minha cidadela:
meu Deus, em Vós confio».
Ele te livrará do laço do caçador
e do flagelo maligno.
Cobrir-te-á com as suas penas,
debaixo das suas asas encontrarás abrigo.
A sua fidelidade é escudo e couraça:
não temerás o pavor da noite, nem a seta que voa de dia
nem a epidemia que se propaga nas trevas,
nem a peste que alastra em pleno dia.
Nenhum mal te acontecerá,
nem a desgraça se aproximará da tua morada.
Porque Ele mandará aos seus anjos
que te guardem em todos os teus caminhos.
Aclamação ao Evangelho Salmo 102 (103), 21
Monição: Unamos a nossa voz aos louvores dos Anjos, e procuremos que toda nossa conduta seja um louvor a Deus.
Aleluia
Cântico: Aleluia – Az. Oliveira, NRMS, 36
Bendizei o Senhor, todos os seus exércitos,
que estais ao seu serviço e executais a sua vontade.
Evangelho
São Mateus 18,1-5.10
1Naquele tempo, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-Lhe: «Quem é o maior no reino dos Céus?». 2Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles 3e disse-lhes: «Em verdade vos digo: Se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, não entrareis no reino dos Céus. 4Quem for humilde como esta criança esse será o maior no reino dos Céus. 5E quem acolher em meu nome uma criança como esta acolhe-Me a Mim. 10Vede bem. Não desprezeis um só destes pequeninos. Eu vos digo que os seus Anjos veem continuamente o rosto de meu Pai que está nos Céus».
A leitura é tirada do início do chamado «discurso eclesiástico» de Jesus (Mt 18) sobre a vida na Igreja, concretamente como devem ser as relações dos cristãos entre si e como se deve exercer a autoridade; o discurso é introduzido com uma pergunta dos discípulos: «Quem é o maior no Reino dos Céus?».
10 «Os seus Anjos», isto é, os Anjos da Guarda das crianças. A contexto desta afirmação é o da importância que na Igreja se deve dar aos «pequeninos» (vv. 6.14), isto é, àqueles são mais necessitados de auxílio, quer pela sua pouca idade, quer pela pouca formação, ou recente conversão; é preciso ter um cuidado especial para não os escandalizar. O próprio Deus toma esses pequeninos ao seu cuidado, confiando-os a um Anjo protetor; e esse mesmo Anjo se encarregará também de acusar diante do «Pai que está nos Céus», cujo «rosto veem continuamente», todos aqueles que os levem a pecar. Mas não são apenas os pequeninos, são todos os seres humanos que têm o seu Anjo da Guarda (cf. Hebr 1,14; Lc 16,22; Catecismo da Igreja Católica, nº 336).
Sugestões para a homilia
Existência dos Anjos
Devoção aos Anjos da guarda
Existência dos Anjos
Quando contemplamos o mundo criado por Deus, observamos que existe uma diversa e gradual perfeição nas criaturas. Assim os seres puramente materiais carecem de vida, mas, já, as plantas possuem a vida embora no seu estádio inferior. Os animais estão dotados de sentidos, por meio dos quais interiorizam o mundo exterior e possuem capacidade de auto moção. Finalmente o homem não só possui a vida num nível superior a qualquer animal, mas é diverso de todo o mundo material por ser também espírito. A pessoa humana, dotada de corpo e espírito, é verdadeiramente o cume do mundo material. Mas a razão nos diz que, na perfeição crescente dos seres criados por Deus, deveriam existir criaturas, mais perfeitas ainda, que fossem só espírito, sem a limitação da matéria. Essa intuição da nossa inteligência aconteceu, de facto. Deus criou outros seres pessoais, mais perfeitos do que os homens, aos quais a Sagrada Escritura chama Anjos. “A existência dos seres espirituais, não-corporais, a que a Sagrada Escritura habitualmente chama anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura é tão claro como a unanimidade da Tradição” (CIC nº328). Os Anjos, como o homem, foram elevados à vida da graça e destinados à Gloria, foram, também, provados, e os Anjos fiéis se encontram eternamente no Céu. Aqueles que se revoltaram contra Deus foram afastados ao inferno e são os demónios.
A Sagrada Escritura está cheia da presença destes seres superiores e das missões que Deus lhes confia para o bem dos homens. O acabamos de escutar na primeira leitura: “Eis o que diz o Senhor: «Vou enviar um Anjo à tua frente, para que te proteja no caminho e te conduza ao lugar que preparei para ti»”. Também encontramos na Bíblia, a presença dos demónios, que Deus permite, em certos casos, que intervenham na nossa vida a pesar da sua maldade. Tudo o que Deus quer ou permite é dirigido, ou reconduzido, para nosso bem. É um mistério da Providencia de Deus. Assim, por exemplo, Deus permitiu que José fosse vendido pelos seus irmãos e levado para o Egito, para que, mais tarde, fosse o salvador da sua família no tempo da fome.
Devoção aos Anjos da guarda
A Sagrada Escritura, a Tradição e o Magistério da Igreja dão-nos a conhecer quem são e como são as criaturas angélicas. Aparecem na Bíblia desempenhando missões recebidas de Deus, e quando convém podem assumir um corpo aparente para melhor realizar o encargo recebido.
É doutrina comum que todos e cada um dos homens, batizados ou não, recebem de Deus a companhia de um Anjo para que os guarde desde o momento da sua conceição até ao momento da morte. São Tomás compara o percurso vital de cada pessoa com os caminhos inseguros e perigosos deste mundo. Quando alguém deve transitar por essas estradas, recebe a guarda duma escolta, para que o ajude e proteja. Assim Deus dispôs que no caminho da vida, tão cheio de perigos exteriores e interiores, nos acompanhe um Anjo para nos guardar e defender (cf. Summa Theologica, 1-2, q. 113). Como a pessoa humana possui uma dimensão individual, mas também social, a doutrina da Igreja afirma que a missão dos anjos se estende aos países, instituições e famílias. Pelas aparições de Fátima ficamos a saber que o anjo que preparou os pastorinhos para os seus encontros com Nossa Senhora era o anjo da guarda de Portugal.
Conta um grande entusiasta das montanhas e conhecido escalador, José Ramón Lueje, que numa caminhada pelos Picos de Europa, com seu amigo Pio Canga, estavam a atravessar o Cabeço Lleroso, quando em poucos minutos ficou toda a serra coberta por um espesso manto de nevoeiro. Não conseguiam ver a mais de um metro de distância. Apesar da sua muita experiência ficaram perdidos. É bem sabido que nesses lugares o perigo de cair pelas ravinas é fatal. Estavam verdadeiramente preocupados, quando do meio do nevoeiro surgiram dois pastores, que com grande simpatia e amabilidade os conduziram a um caminho seguro. Deram-lhes as graças e os pastores voltaram a desaparecer no nevoeiro, mas ainda ouviram as suas vozes deles a despedir-se entre si. Disseram: Adeus, José Ramón. Adeus Pio. Os escaladores ficaram perplexos, e José Ramón não tinha dúvida de que aqueles pastores eram os seus anjos da guarda (cf. Julio Eugui Más anécdotas y virtudes, nº13). É também conhecido o cão a quem S. João Bosco chamava “cinzento” e que sempre que algum perigo ameaçava o santo, aparecia para o defender e desaparecia logo a seguir. S. João Bosco sabia que era o seu anjo da guarda. O mesmo se pode dizer de muitos outros santos e possivelmente cada um de nós poderia contar também a sua própria e abundante experiência.
Por isso devemos hoje, e sempre, venerar com sincero agradecimento aqueles que estão permanentemente na presença de Deus, contemplando-O face a face, e ao mesmo tempo tão próximos de nós.
Oração Universal
Irmãs e irmãos:
confiemos a nossa oração ao ministério dos Anjos,
mensageiros de Deus e nossos intercessores,
e digamos (ou: cantemos) com toda a confiança:
R. Ouvi-nos Senhor.
Ou: Mostrai-nos, Senhor, o vosso amor.
Ou: Por intercessão dos vossos Anjos, ouvi-nos, Senhor.
1. Pela Santa Igreja de Deus,
pelo Papa Francisco, pelos bispos, presbíteros e diáconos,
e todo o Povo de Deus,
para que a proteção dos Santos Anjos da Guarda
a todos defenda dos ataques do inimigo,
oremos, irmãos.
2. Pelas dioceses e paróquias do mundo inteiro,
para que, dóceis aos Anjos da Guarda,
e na sabedoria do Evangelho,
sejam espaços de acolhimento,
experiência de bondade e misericórdia,
oremos, irmãos.
3. Para que os responsáveis do nosso País
sejam guiados não pelo desejo de mandar,
mas pelo espírito de serviço,
oremos, irmãos.
4. Pelos que se sentem marginalizados e espezinhados,
pelas crianças a quem é negado o direito à vida,
e por todas as que são maltratadas moral, física e psicologicamente,
para que os Anjos da Guarda as defendam e protejam,
oremos, irmãos.
5. Por todos nós aqui presentes em assembleia,
para que, pelo ministério dos Anjos,
sintamos os benefícios da sua proteção,
oremos, irmãos.
Deus, nosso Pai,
que nos reunistes nesta santa assembleia,
acolhei os nossos votos e orações
e fazei de nós verdadeiros adoradores
e concidadão dos Anjos no Céu.
Por Cristo, nosso Senhor.
Liturgia Eucarística
Cântico do ofertório: Anjo da guarda – H. Faria, NRMS, 11-12
Oração sobre as oblatas: Recebei, Senhor, os dons que Vos apresentamos em honra dos santos Anjos e concedei-nos que, pela sua contínua protecção, sejamos livres dos perigos desta vida e cheguemos à felicidade eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio dos Anjos: p. 491
Santo: A. F. Santos – BML, 27
Saudação da paz
Monição da Comunhão
O pão “fruto da terra e do trabalho do homem” é agora, pela ação do Espírito Santo, Corpo de Cristo. Se estivermos em condições de comungar, aproximemo-nos da Comunhão pedindo ao nosso Anjo da guarda que nos ajude para o fazermos com fé, amor e devoção.
Cântico da Comunhão: Com os benditos anjos – H. Faria, NRMS, 11-12
Salmo 137, 1
Antífona da comunhão: Na presença dos Anjos, eu Vos louvarei, meu Deus.
Cântico de acção de graças: Louvai o Senhor, povos de toda a terra – J. F. Silva, NRMS, 73-74
Oração depois da comunhão: Deus, nosso Pai, que nos alimentais neste admirável sacramento de vida eterna, dirigi os nossos passos, com a assistência dos santos Anjos, no caminho da salvação e da paz. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Ritos Finais
Monição final
Depois de participar no Sacrifício do Altar, continuemos unidos a Nosso Senhor no nosso trabalho e na nossa vida quotidiana, e, com a oração litúrgica, pedimos que pela intercessão de Nossa Senhora a viagem da nossa vida alcance um feliz termo, que o Senhor esteja no nosso caminho e os seus Anjos nos acompanhem.
Cântico final: Cantai comigo – H. Faria, NRMS, 2 (II)
Celebração e Homilia: Carlos Santamaria
Nota Exegética: Geraldo Morujão
Sugestão Musical: José Carlos Azevedo