19.º Domingo Comum

13 de Agosto de 2023

 

 

RITOS INICIAIS

 

Cântico de entrada: Senhor eu creio que sois Cristo – J. F. Silva, NRMS, 67

Salmo 73, 20.19.22.23

Antífona de entrada: Lembrai-Vos, Senhor, da vossa aliança, não esqueçais para sempre a vida dos vossos fiéis. Levantai-Vos, Senhor, defendei a vossa causa, escutai a voz daqueles que Vos procuram.

 

Introdução ao espírito da Celebração

 

Vivemos hoje num meio adverso. E, por isso, sentimos, muitas vezes, como cristãos e como Igreja, a agitação e as tempestades da vida que nos levam a gritar por Deus, como se Ele estivesse distante. Mas Ele está connosco e entre nós; Ele vai na barca da nossa vida. Assim, no alto do monte ou no alto-mar, somos desafiados a não temer, mas a perscrutar o silêncio e a Palavra de Deus, colocando n’Ele a nossa confiança.

 

 

Ato Penitencial

Senhor, presente e ativo no universo e na nossa vida, pelos nossos gritos de protesto, sem confiança em Vós, Senhor, tende piedade de nós!

 

Cristo, que vieste revelar-nos o amor de Deus Pai, pelos medos e crises, sem oração nem esperança, Cristo, tende piedade de nós!

 

Senhor, que nos enviais o Espírito Santo para nos abrir aos mistérios do Reino, pelas dúvidas e incertezas, sinal da nossa pouca fé: Senhor, tende piedade de nós!

 

Oração colecta: Deus eterno e omnipotente, a quem podemos chamar nosso Pai, fazei crescer o espírito filial em nossos corações para merecermos entrar um dia na posse da herança prometida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

 

Liturgia da Palavra

 

Primeira Leitura

 

Monição: Estamos no século IX antes de Cristo. O rei Acab, casado com a rainha fenícia Jezabel, multiplicou em Israel os lugares de culto a deuses pagãos, sobretudo Baal. Indignado o profeta Elias desafia os sacerdotes de Baal para um confronto religioso e extermina-os, no Monte carmelo. Então a rainha jura matar Elias, e este foge para o Horeb, onde hoje o vamos encontrar e onde ele vai descobrir que Deus não está na violência, mas na brisa suave.

 

1 Reis 19, 9a.11-13a

Naqueles dias, 9ao profeta Elias chegou ao monte de Deus, o Horeb, e passou a noite numa gruta. 11O Senhor dirigiu-lhe a palavra, dizendo: «Sai e permanece no monte à espera do Senhor». Então, o Senhor passou. Diante d’Ele, uma forte rajada de vento fendia as montanhas e quebrava os rochedos; mas o Senhor não estava no vento. 12Depois do vento, sentiu-se um terramoto; mas o Senhor não estava no terramoto. Depois do terramoto, acendeu-se um fogo; mas o Senhor não estava no fogo. Depois do fogo, ouviu-se uma ligeira brisa. 13aQuando a ouviu, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e ficou à entrada da gruta.

 

Temos aqui parte do relato da fuga do profeta Elias da perseguição do rei Acab, o 7º rei do reino do Norte, instigado pela sua mulher Jezabel, filha do rei de Tiro, que tinha jurado matá-lo, como desforra pelo extermínio dos sacerdotes do deus Baal (cf. 1Re 18). O profeta, perseguido pela sua absoluta fidelidade ao único Deus da aliança, aparece-nos numa atitude de regresso às fontes da fé, precisamente onde a aliança mosaica tinha sido firmada, «a montanha de Deus», assim chamada, pois ali Ele se revelara (cf. Ex 19).

8 «O Horeb»: nome que na tradição deuteronómica (a que pertence este livro), bem como na tradição eloísta é dado ao «Sinai» dos escritos da tradição javista e sacerdotal.

11-12 «Uma ligeira brisa». Esta aparição divina tem certa semelhança com a que se relata em Ex 33,21-23. Deste modo representa-se, por um lado, a imaterialidade divina, pois o Senhor não estava na «forte rajada de vento», nem no «terramoto» nem no «fogo», que não passam de sinais anunciadores da presença divina, a qual é algo que transcende estes fenómenos sensíveis tão violentos. Por outro lado, o relato pode dar a entender uma profunda lição: a vitória de Deus sobre o mal não tem de ser precipitada, de modo fulminante, repentina e espectacular, mas é preciso saber esperar a hora de Deus, da sua misericórdia; Elias terá de dominar o seu desespero e o seu zelo amargo, pois o Senhor diz-lhe: «desanda o teu caminho» (v. 15); Eliseu haveria de suceder-lhe para continuar e completar a sua obra.

13 «Elias cobriu o rosto», numa atitude de respeito e de temor, não fosse ver a Deus e morrer (cf. Gen 16,13; Is 6,5).

 

Salmo Responsorial Sl 84 (85), 9ab-10.11-12.13-14 (R. 8)

 

Monição: “A voz de Deus que é paz chama à paz. Quereis que vos pertença também esta paz da qual Deus fala? Voltai o vosso coração para Ele” (Santo Agostinho) e cantai-lhe: Mostrai-nos o vosso amor, dai-nos a vossa salvação.

 

Refrão:     Mostrai-nos, Senhor, o vosso amor

e dai-nos a vossa salvação.

 

Deus fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis

e a quantos de coração a Ele se convertem.

A sua salvação está perto dos que O temem

e a sua glória habitará na nossa terra.

 

Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade,

abraçaram-se a paz e a justiça.

A fidelidade vai germinar da terra

e a justiça descerá do Céu.

 

O Senhor dará ainda o que é bom

e a nossa terra produzirá os seus frutos.

A justiça caminhará à sua frente

e a paz seguirá os seus passos.

 

Segunda Leitura

 

Monição: Continuamos a acompanhar a catequese de Paulo sobre a salvação na Carta aos Romanos. E hoje o apóstolo abre o coração e partilha o que sente perante a recusa de Jesus por muitos do seu povo, que, com isso, se excluem da salvação.

 

Romanos 9, 1-5

Irmãos: 1Eu digo a verdade, não minto, e disso me dá testemunho a consciência no Espírito Santo: 2Sinto uma grande tristeza e uma dor contínua no meu coração. 3Quisera eu próprio ser separado de Cristo por amor dos meus irmãos, que são do mesmo sangue que eu, que são israelitas, 4a quem pertencem a adopção filial, a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas, 5a quem pertencem os Patriarcas e de quem procede Cristo segundo a carne, Ele que está acima de todas as coisas, Deus bendito por todos os séculos.

 

Neste Domingo, entramos na última parte do ensino doutrinal da epístola, que temos vindo a seguir, em retalhos seletos, desde o 9º Domingo comum. Nesta secção, que vai do capítulo 9 ao 11, S. Paulo pretende dar a explicação para um facto verdadeiramente estranho, a saber, como se explica que os judeus, que eram os primeiros destinatários da salvação messiânica, tenham ficado de fora, na sua maior parte? Isto não se pode dever a que Deus tenha falhado às suas promessas, mas deve-se a que Israel se tenha negado a crer, como aliás também os profetas já tinham anunciado (cf. cap. 9 e 10); e, de qualquer modo, a sua infidelidade não é total, nem definitiva (cf. cap. 11).

2-3 «Sinto grande tristeza». S. Paulo desabafa, deixando ver a profunda pena que sente pelo facto de os seus irmãos de raça permanecerem excluídos da salvação messiânica, chegando ao ponto de usar uma expressão que não se pode entender à letra: «Quisera eu próprio ser separado de Cristo». Anátema/maldito tem que se entender como força de expressão, que faz lembrar o dito de Moisés, «senão, risca-me do livro que escreveste» (Ex 32,32); esta maneira de dizer significa que ele estava disposto a suportar os maiores sacrifícios para conseguir a salvação eterna dos seus irmãos de raça, os judeus. De facto, não há lugar para dúvida de que Paulo amava mais Cristo do que tudo e todos, por isso exclama: «Se alguém não ama o Senhor, seja anátema» (1Cor 16,22).

4 «A glória». Aqui significa a manifestação sensível da presença divina no meio do seu povo, especialmente no tabernáculo e no templo (cf. Ex 40,34-35; 1Re 8,10-11).

5 «Cristo... é Deus bendito.» Temos aqui uma das mais claras afirmações da divindade de Cristo que há em todas as Escrituras. Não há dúvida de que esta doxologia se refere a Cristo, como se depreende do contexto. Em Hebr 13,21 temos uma outra doxologia referida a Cristo; e em Tit 2,13 temos mais uma afirmação da divindade de Cristo, semelhante em clareza.

 

Aclamação ao Evangelho    Salmo 129 (130), 5

 

Monição: Jesus continua a manifestar o poder da chegada do Reino de Deus. E no Evangelho de hoje Ele mostra-nos que sem a Sua presença a barca que nos serve para atravessar o mal encapelado não chega a bom porto. Por isso Ele vem ao nosso encontro e continua a dizer-nos: “Coragem, sou Eu, não temais!”.

 

Aleluia

 

Cântico: Aleluia – M. Faria, NRMS, 16

 

Eu confio no Senhor,

a minha alma espera na sua palavra.

 

 

Evangelho

 

São Mateus 14, 22-33

22Depois de ter saciado a fome à multidão, Jesus obrigou os discípulos a subir para o barco e a esperá-lo na outra margem, enquanto Ele despedia a multidão. 23Logo que a despediu, subiu a um monte, para orar a sós. Ao cair da tarde, estava ali sozinho. 24O barco ia já no meio do mar, açoitado pelas ondas, pois o vento era contrário. 25Na quarta vigília da noite, Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar. 26Os discípulos, vendo-O a caminhar sobre o mar, assustaram-se, pensando que fosse um fantasma. E gritaram cheios de medo. 27Mas logo Jesus lhes dirigiu a palavra, dizendo: «Tende confiança. Sou Eu. Não temais». 28Respondeu-Lhe Pedro: «Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas». 29«Vem!» disse Jesus. Então, Pedro desceu do barco e caminhou sobre as águas, para ir ter com Jesus. 30Mas, sentindo a violência do vento e começando a afundar-se, gritou: «Salva-me, Senhor!» 31Jesus estendeu-lhe logo a mão e segurou-o. Depois disse-lhe: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?» 32Logo que saíram para o barco, o vento amainou. 33Então, os que estavam no barco prostraram-se diante de Jesus, e disseram-Lhe: «Tu és verdadeiramente o Filho de Deus».

 

A tempestade no Lago de Genesaré, a que se referem os Evangelhos é um fenómeno muito frequente e perigoso para as embarcações ainda hoje. O lago de 13 por 21 Km tomou este nome pelo seu formato de harpa (kinnéret).

23 «Subiu a um monte, para orar a sós». Jesus não teria necessidade de se retirar para se recolher em oração, como é sublinhado pelos evangelistas (cf. Mc 1,35; 6,47; Lc 5,16; 6,12); esta insistência acentua que o ensino de Jesus não consta só das suas palavras (cf. Mt 6,5-6), mas também do seu exemplo, pois nós bem precisamos de tempos de recolhimento para a oração.

25 «Na quarta vigília da noite». Uma referência à divisão romana da noite, adoptada pelos judeus: do pôr ao nascer do Sol havia quatro vigílias que eram mais longas no Inverno e mais curtas no Verão.

24-33 O caminhar de Jesus sobre as águas do lago de Genesaré, após a 1ª multiplicação dos pães, é relatado também por Marcos e João. Em Mateus, com razão chamado «o Evangelho eclesiástico», pode ver-se mais claramente uma alusão à vida da Igreja. Como a barca dos Apóstolos, também a Igreja se vê perseguida, «açoitada pelas ondas e pelo vento contrário», mas Jesus, que vela por ela, vem em seu socorro, com palavras de ânimo – «não tenhais medo!» – (palavras tão repetidas por João Paulo II). No relato reflete-se a trajetória dos discípulos do Senhor ao longo dos tempos: sujeitos ao medo e à dúvida avançam, pelo caminho da súplica, até chegarem à segura confissão de fé: «Tu és verdadeiramente o Filho de Deus!». Só Mateus apresenta Pedro indo ao encontro de Cristo sobre o mar, evidenciando-se assim o seu importante papel na direcção da barca da Igreja.

 

Sugestões para a homilia

 

Neste dia em que muitos emigrantes peregrinam até Fátima para obterem, com a intercessão da “Mãe doce e solícita de todos os necessitados” a bênção do Senhor... para entenderem, sempre de novo, que “temos Mãe” e agradecer as bênçãos sem conta que do Céu, o Senhor lhes concedeu, ao longo do ano, sob o manto de luz que essa Senhora tão bonita, estendeu sobre os mais diversos cantos da terra onde existe um português... escutamos a palavra do Senhor do XIX Domingo, que, rica em simbolismo, nos apresenta a metáfora do caminho da Igreja na história, tempo entre a Páscoa e a parusia, e nos convida a abandonarmo-nos com confiança a Deus em cada momento desta travessia. Pois Deus é o amigo sempre presente na nossa vida e na nossa história... Ele está nos tempos de paz e de calma, tal como nos momentos de tempestade e de crise... E quando O chamamos, quando batemos ao Seu coração, Ele estende-nos sempre a Sua mão; Ele dá a paz e a salvação a quantos de coração a Ele se convertem (Salmo).

Todos nós sentimos a necessidade desta experiência da proximidade de Deus. Pois, por vezes, as convicções mais profundas desvanecem-se e surgem as dúvidas e os fantasmas. Não chega ouvir falar de Deus. Precisamos de ter momentos privilegiados onde a intimidade de Deus esteja, de algum modo, ao alcance da nossa experiência humana… precisamos de encontrar tempo e disponibilidade para consultar o coração e interrogar a Palavra de Deus e perceber a presença de Deus, as indicações que Ele deixa na nossa história e na vida do mundo.

Mas como é que Deus, hoje se aproxima de nós e nos demonstra que é o amigo que não nos abandona, mesmo em situações difíceis?

O fragmento do Primeiro Livro dos Reis [1ª leitura], pertence à história do profeta Elias, o defensor dos direitos do Deus, perante a perversidade da rainha fenícia Jezabel, que mandava matar os profetas do Deus de Israel e protegia os profetas do ídolo Baal. Face à perseguição da rainha o profeta teve de fugir para salvar a vida, dirigindo-se para o deserto em direção ao monte Horeb. E é aí que, enquanto está refugiado no silêncio de uma gruta, sem força e sem esperança, vai fazer a experiência da presença de Deus que passa e se manifesta, não na violência do furacão, nem no terramoto ou no fogo, mas no sussurro da brisa, no silêncio que fala.

Também Jesus [Evangelho], após o milagre da multiplicação dos pães, de despedir a multidão e enviar os discípulos para a outra margem, sente necessidade de se retirar sozinho, em oração, de regressar à fonte para se recarregar de força e obter de novo a energia necessária para ensinar, se fazer próximo do próximo na escuta, e no curar as feridas... E lá está ao cair da tarde.

Ao mesmo tempo, na sua travessia, os discípulos sentem-se abandonados, deixados sozinhos a lutar contra ondas e ventos contrários. Eles não veem o piquete de prevenção nem os nadadores salvadores... Então, Jesus, caminhando sobre as águas vai em seu socorro, vai salvá-los... Mas, como com o medo a noite é ainda mais escura, eles não reconhecem Jesus; pensam ser um fantasma e não o seu salvador. Só a voz do amigo acalma a tempestade do vento e do coração, das ondas e do medo: Coragem! Sou Eu; não temais.

Nem sempre a nossa vida é mar calmo, sem tempestades, frustrações ou desânimo; há risco e noite, há fé mesclada com a dúvida... Quantas vezes somos discípulos contrariados porque o Mestre nos envia numa hora em que se avizinham as sombras da noite e o pessimismo e insegurança nos fazem augurar o fracasso? Quantas vezes pedimos a Deus que se manifeste, nos indique caminhos, nos dê forças e nos parece que os pedidos caem no vazio, não vemos nem sentimos nada de extraordinário, de espantoso!?... Quantas vezes nos surge a dúvida: o caminho que se está a fazer é para a vida ou para a morte? O Senhor é de confiança, ou tornou-se como “uma corrente traiçoeira, de águas inconstantes” (Jr 15, 18)?

De facto na travessia da vida, a nossa humanidade, aparentemente só, não sabe lidar com a tempestade. E esquece facilmente que o sussurro de Deus só se ouve quando fazemos silêncio, que a brisa ligeira obriga a estar atentos ao pequeno, ao insignificante: àquela palavra, àquele sorriso, àquele gesto inesperado que anima e conforta... Esquece, como mostra o Evangelho, que o feito impossível de caminhar sobre as águas se torna possível – pela fé – quando o olhar do crente está fixo em Jesus, quando o fim do seu caminho é “ir ao encontro de Jesus” (Mt 14, 28).

Um crente nunca pode dizer: eu estou sozinho com as minhas forças; pois aliada à nossa força está sempre a força de Deus, aliada à nossa respiração está sempre a respiração de Deus. Ele não suporta ver-nos a batalhar sozinhos no meio das ondas mas vem sempre ao nosso encontro, para nos estender a mão e dizer-nos: coragem, sou eu, não temais…

Aceitemos o convite do Senhor; escutemos a sua voz, deixemos que Ele ocupe o centro da barca da nossa vida, dizendo-lhe muitas vezes, na brisa suave ou na tempestade, no monte ou no mar: tu és verdadeiramente o Filho de Deus. E assim, com Ele e sob a proteção da Senhora de Fátima, venceremos o medo, a desconfiança e a timidez, e chegaremos à outra margem, à eternidade, ao coração do Pai.

 

Fala o Santo Padre

 

«Quando sentimos forte a dúvida e o medo e parece que estamos a afundar, nos momentos difíceis da vida,

quando tudo se torna escuro, não devemos ter vergonha de gritar, como Pedro: “Senhor, salva-me!”»

 

O trecho do Evangelho deste domingo (cf. Mt 14, 22-33) fala de Jesus que caminha sobre as águas tempestuosas do lago. Depois de alimentar a multidão com cinco pães e dois peixes - como vimos no domingo passado - Jesus ordena aos discípulos que entrem no barco e que regressem à outra margem. Despede-se do povo e depois sobe a colina, sozinho, para rezar. Ele imerge-se na comunhão com o Pai.

Durante a travessia noturna, o barco dos discípulos bloqueia-se por uma súbita tempestade de vento. Isto acontece com frequência no lago. A certa altura, veem alguém a caminhar sobre as águas na direção deles. Assustados, pensam que é um fantasma e gritam com medo. Jesus tranquiliza-os: «Coragem, sou eu, não tenhais medo». Então Pedro - Pedro, que era tão determinado - responde: «Senhor, se és tu, ordena-me que venha ter contigo sobre as águas». Um desafio. E Jesus diz-lhe: «Vem!». Pedro sai do barco e dá alguns passos; depois o vento e as ondas assustaram-no e ele começou a afundar. «Senhor, salva-me!» grita ele, e Jesus segura-o pela mão e diz-lhe: «Homem de pouca fé, por que duvidaste?».

Esta história é um convite a abandonarmo-nos com confiança a Deus em cada momento da nossa vida, especialmente na hora da prova e da agitação. Quando sentimos forte a dúvida e o medo e parece que estamos a afundar, nos momentos difíceis da vida, quando tudo se torna escuro, não devemos ter vergonha de gritar, como Pedro: «Senhor, salva-me!» (v. 30). Bater ao coração de Deus, ao coração de Jesus: «Senhor, salva-me!». É uma bonita oração. Podemos repeti-la muitas vezes: «Senhor, salva-me!». E o gesto de Jesus, que estende imediatamente a sua mão e segura a do seu amigo, deve ser longamente contemplado: Jesus é isto, Jesus faz isto, Jesus é a mão do Pai que nunca nos abandona; a mão forte e fiel do Pai, que quer sempre e só o nosso bem. Deus não é o grande rumor, não é o furacão, não é o incêndio, não é o terramoto - como o relato do profeta Elias também recorda hoje -; Deus é a brisa ligeira - literalmente Ele diz: é aquele “fio de silêncio sonoro” - que não se impõe mas pede para ser ouvido (cf. 1 Rs 19, 11-13). Ter fé significa manter o próprio coração voltado para Deus, para o seu amor, para a sua ternura de Pai, no meio da tempestade. Jesus quis ensinar a Pedro e aos discípulos, e também a nós hoje. Em momentos escuros, em momentos de tristeza, Ele sabe muito bem que a nossa fé é pobre - todos nós somos pessoas de pouca fé, todos nós, eu também, todos - e que o nosso caminho pode ser perturbado, bloqueado por forças adversas. Mas Ele é o Ressuscitado! Não esqueçamos isto: Ele é o Senhor que passou pela morte para nos pôr a salvo. Mesmo antes de O começarmos a procurar, Ele já está presente ao nosso lado. E à medida que nos erguemos das nossas quedas, Ele faz-nos crescer na fé. Talvez nós, na escuridão, gritemos: “Senhor! Senhor!”, pensando que está longe. E Ele responde: “Estou aqui!” Ah, estava comigo!  O Senhor é assim.

O barco à mercê da tempestade é a imagem da Igreja, que em todas as épocas encontra ventos contrários, por vezes provas muito duras: pensemos em certas perseguições longas e ferozes do século passado, e ainda hoje, nalgumas partes. Nesses tempos, ela pode ter a tentação de pensar que Deus a abandonou. Mas na realidade é precisamente nesses momentos que mais brilham o testemunho da fé, o testemunho do amor, e o testemunho da esperança. É a presença de Cristo ressuscitado na sua Igreja que dá a graça de testemunhar o martírio, do qual brotam novos cristãos e frutos de reconciliação e de paz para todo o mundo.

Que a intercessão de Maria nos ajude a perseverar na fé e no amor fraterno quando as trevas e as tempestades da vida minam a nossa confiança em Deus.

Papa Francisco, Angelus, Praça São Pedro, 9 de agosto de 2020

 

Oração Universal

 

Irmãos e irmãs:

Cheios de confiança na bondade do Senhor

que nos atende sempre e permanece atento

a tudo o que Lhe pedimos com fé e amor,

peçamos pelas necessidades de cada dia

e pelos problemas da Igreja e do mundo.

Oremos (cantando):

 

    Senhor, em Vós confiamos!

 

1. Pelo Santo Padre, com os Bispos em comunhão com ele,

    para que nos conduza nesta noite de vigília que é a vida,

    oremos, irmãos.

 

    Senhor, em Vós confiamos!

 

2. Por todos os que têm problemas inadiáveis que os afligem,

    para que a sua confiança na bondade do Senhor os conforte,

    oremos, irmãos.

 

    Senhor, em Vós confiamos!

 

3. Pelos que vivem alheios a todo valor da sua vida na terra,

    para que despertem e se voltem urgentemente para Deus,

    oremos, irmãos.

 

    Senhor, em Vós confiamos!

 

4. Pelos que perderam a confiança em Deus e não O invocam,

    para que o Senhor os ilumine ajude a recuperar a esperança,

    oremos, irmãos.

 

    Senhor, em Vós confiamos!

 

5. Por todos nós, aqui reunidos para celebrar esta santa Missa,

    para que tenhamos sempre presente o sentido da nossa vida,

    oremos, irmãos.

 

    Senhor, em Vós confiamos!

 

6. Pelos que terminaram a sua vida na terra e são purificados,

    para que O Senhor abrevie o seu cativeiro no Purgatório,

    oremos, irmãos.

 

    Senhor, em Vós confiamos!

 

Senhor, que nos encheis de confiança no Vosso Coração divino,

para nos animar a caminhar alegres ao Vosso encontro do Céu:

tornai-nos dóceis aos Vossos desígnios de paz e de Amor,

e dai-nos aquilo que não sabemos ou não ousamos pedir.

Vós que sois Deus, com o Pai, na unidade do Espírito Santo.

 

 

Liturgia Eucarística

 

Cântico do ofertório: Cantai, cantai alegremente – M. Faria, NRMS, 30

 

Oração sobre as oblatas: Aceitai benignamente, Senhor, os dons que Vós mesmo concedestes à vossa Igreja e transformai-os, com o vosso poder, em sacramento da nossa salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

Prefácio Comum VII e Oração Eucarística II ou Oração Eucarística para diversas necessidades II

 

Santo: F. Silva, NRMS, 14

 

Monição da Comunhão

 

A vigilância que o Senhor nos recomenda há-de levar-nos a estarmos sempre preparados para O recebermos na Sagrada Comunhão: na graça de Deus, com fé profunda e amor ardente.

Se é assim que Ele nos encontra, neste momento, aproximemo-nos com toda a reverência para O recebermos sacramentalmente.

Se não pudermos comungar, façamos ao menos uma comunhão espiritual, enquanto os nossos irmãos se aproximam do altar para O receberem.

 

Cântico da Comunhão: Eu vim para que tenham vida – J. F. Silva, NRMS, 70

Salmo 147,12.14

Antífona da comunhão: Louva, Jerusalém, o Senhor, que te saciou com a flor da farinha.

 

Ou

Jo 6, 52

O pão que Eu vos darei, diz o Senhor, é a minha carne pela vida do mundo.

 

Cântico de acção de graças: Cantarei eternamente – M. Luís, NRMS, 6 (I)

 

Oração depois da comunhão: Nós Vos pedimos, Senhor, que a comunhão do vosso sacramento nos salve e nos confirme na luz da vossa verdade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

 

Ritos Finais

 

Monição final

 

Uma palavra de acolhimento e boas-vindas aos nossos emigrantes ou àqueles que nos visitam por esta altura. Que seja um tempo de encontro, com os outros e com Deus.

No mar ou em terra, Cristo está connosco e estende-nos a mão. Ide em Paz e que o Senhor vos acompanhe!

 

Cântico final: Deus é Pai, Deus é amor, – – J. F. Silva, NRMS, 90-91

 

 

Homilia FeriaL

 

19ª SEMANA


 

2.ª Feira,14-VIII: O amor de Deus por nós.

Dt 10, 12-22 / Mt 17, 22-27

Mas foi só aos teus antepassados que Ele dedicou o seu amor; depois deles, escolheu-vos a vós... de preferência a todos os povos.

Israel pode descobrir que Deus só tinha uma razão para se lhes ter revelado e o ter escolhido, entre todos os povos, por ser o seu povo, o seu amor gratuito (LT). Jerusalém louva o teu Senhor (SR). É também por amor que Jesus entrega a sua vida. Pedro rejeita este anúncio e os outros também não entendem (EV).

A Santa Missa é uma das maiores manifestações do amor de Deus para connosco: o Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos homens. Mas estes hão-de matá-lo (EV). De igual modo, a Sagrada Eucaristia manifesta este seu amor pelos homens, sendo o seu alimento nos diversos sinais que Ele nos deixou.

 

 

 

 

Celebração e Homilia:            Avelino dos Santos Mendes

Nota Exegética:          Geraldo Morujão

Homilia Ferial: Nuno Romão

Sugestão Musical:      José Carlos Azevedo

 


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