3º Domingo da Páscoa
23 de Abril de 2023
RITOS INICIAIS
Cântico de entrada: A terra inteira cante ao Senhor – B. Salgado, NRMS, 5
Salmo 65, 1-2
Antífona de entrada: Aclamai a Deus, terra inteira, cantai a glória do seu nome, celebrai os seus louvores. Aleluia.
Diz-se o Glória.
Introdução ao espírito da Celebração
Fazer memória da Páscoa é descobrir como Jesus vivo Se manifesta aos que duvidavam e vai ao encontro dos que se afastaram.
Hoje, como outrora aos discípulos de Emaús, antes ainda da Liturgia da Palavra e do Pão repartido, Jesus se atravessa na nossa estrada, de dúvidas e desilusões, para entrar e ficar, para encher e preencher os nossos corações. Alegremo-nos com a certeza de que Ele está no meio de nós para nos explicar as Escrituras e partir-nos o Pão da Vida... Só depois poderemos partir, pelo caminho da vida, a mostrar a toda a gente o fogo do Seu amor que nos habita.
Ato Penitencial - (aspersão e cântico apropriado)
Deixemos que a frescura da água batismal, nos lave das impurezas contraídas no pó do caminho e nos reavive a esperança e a confiança no Senhor, que caminha sempre connosco, até ao fim dos tempos.
Oração colecta: Exulte sempre o vosso povo, Senhor, com a renovada juventude da alma, de modo que, alegrando-se agora por se ver restituído à glória da adopção divina, aguarde o dia da ressurreição na esperança da felicidade eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
Primeira Leitura
Monição: Depois da Ascensão de Jesus, os discípulos regressam à casa onde tinham celebrado a Ceia Pascal. Aí permanecem até ao dia de Pentecostes, quando recebem o Espírito Santo prometido, que lhes ilumina a inteligência, aquece o coração e queima os medos...
É assim que, cheio do Espírito Santo, Pedro faz a sua primeira pregação, interpretando a Sagrada Escritura à luz da Ressurreição.
Actos, 2, 14.22-33
No dia de Pentecostes, 14Pedro, de pé, com os onze Apóstolos, ergueu a voz e falou ao povo: 22«Homens de Israel, ouvi estas palavras: Jesus de Nazaré, foi um homem acreditado por Deus junto de vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus realizou no meio de vós, por seu intermédio, como sabeis. 23Depois de entregue, segundo o desígnio imutável e a previsão de Deus, vós deste-Lhe a morte, cravando-O na cruz pela mão de gente perversa. 24Mas Deus ressuscitou-O, livrando-O dos laços da morte, porque não era possível que Ele ficasse sob o seu domínio. 25Diz David a seu respeito: «O Senhor está sempre na minha presença, com Ele a meu lado não vacilarei. 26Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta e até o meu corpo descansa tranquilo. 27Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos, nem deixareis o vosso Santo sofrer a corrupção. 28Destes-me a conhecer os caminhos da vida, a alegria plena em vossa presença». 29Irmãos, seja-me permitido falar-vos com toda a liberdade: o patriarca David morreu e foi sepultado e o seu túmulo encontra-se ainda hoje entre nós. 30Mas, como era profeta e sabia que Deus lhe prometera sob juramento que um descendente do seu sangue havia de sentar-se no seu trono, 31viu e proclamou antecipadamente a ressurreição de Cristo, dizendo que Ele não O abandonou na mansão dos mortos, nem a sua carne conheceu a corrupção. 32Foi este Jesus que Deus ressuscitou e disso todos nós somos testemunhas. 33Tendo sido exaltado pelo poder de Deus, recebeu do Pai a promessa do Espírito Santo, que Ele derramou, como vedes e ouvis».
A leitura corresponde a uma selecção de versículos do discurso de S. Pedro no dia do Pentecostes. «Pedro» aparece aqui, como noutras vezes, na sua função de Chefe dos Apóstolos, falando em nome de todos e à frente de todos (cf. Act 2,37-38; 5,2-3.29; 1,15).
22 «Jesus de Nazaré» Pedro, para anunciar Jesus como o Messias, parte da sua humanidade, no aspecto mais humilde, um homem de Nazaré, terra desprezada (Jo 148); nos vv. seguintes estabelece a sua perfeita identidade com o Cristo da fé, o Senhor ressuscitado.
23 «Segundo o desígnio imutável e previsão de Deus». A morte na cruz, o grande «escândalo para os Judeus», não era mais do que o cumprimento do desígnio salvador de Deus, anunciado pelos Profetas.
24 «Deus ressuscitou-O.» O grande sinal de que aquele homem de Nazaré já antes credenciado com «milagres, prodígios e sinais» (v. 22), era o Messias, Deus vindo à terra, é sem dúvida a Ressurreição. Esta apresenta-se como anunciada no Salmo 15 (16).
27 «Nem deixareis o vosso Santo sofrer a corrupção». Citação do Salmo 15 (16), segundo a tradução dos LXX, que alguns chegam a considerar inspirada. O texto hebraico massorético não é tão expressivo, pois diz: «conhecer a cova», isto é, a morte; Pedro e depois Paulo (cf. Act 13,35) dão-nos o sentido mais profundo, o cristológico do Salmo, ao explicitar que designa a ressurreição do Messias, sentido este que, em geral, os exegetas classificam de sentido plenário (intentado só por Deus), ou sentido típico (o salmista como tipo do Messias).
Salmo Responsorial Sl 15 (16), 1-2a.5.7-8.9-10.11
Monição: Cantemos ao Senhor nosso refúgio e único bem. Ele é a nossa herança e, com Ele a nosso lado, teremos desde já, e mesmo depois da morte, a alegria plena na Sua presença.
Refrão: Mostrai-me, Senhor, o caminho da vida.
Ou: Aleluia.
Defendei-me, Senhor; Vós sois o meu refúgio.
Digo ao Senhor: Vós sois o meu Deus.
Senhor, porção da minha herança e do meu cálice,
está nas vossas mãos o meu destino.
Bendigo o Senhor por me ter aconselhado,
até de noite me inspira interiormente.
O Senhor está sempre na minha presença,
com Ele a meu lado não vacilarei.
Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta
e até o meu corpo descansa tranquilo.
Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos,
nem deixareis o vosso fiel conhecer a corrupção.
Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida,
alegria plena em vossa presença,
delícias eternas à vossa direita.
Segunda Leitura
Monição: O que São Pedro pregou no dia de Pentecostes foi o mesmo que ele escreveu na sua Carta aos cristãos da Ásia Menor. Em momento de perseguição por causa da fé, o apóstolo exorta-os à fidelidade pois foram resgatados pelo sangue precioso de Cristo.
1 São Pedro 1, 17-21
Caríssimos: 17Se invocais como Pai Aquele que, sem acepção de pessoas, julga cada um segundo as suas obras, vivei com temor, durante o tempo de exílio neste mundo. 18Lembrai-vos que não foi por coisas corruptíveis, como prata e oiro, que fostes resgatados da vã maneira de viver, herdada dos vossos pais, 19mas pelo sangue precioso de Cristo, Cordeiro sem defeito e sem mancha, 20predestinado antes da criação do mundo e manifestado nos últimos tempos por vossa causa. 21Por Ele acreditais em Deus, que O ressuscitou dos mortos e Lhe deu a glória, para que a vossa fé e a vossa esperança estejam em Deus.
Esta leitura adapta-se maravilhosamente ao tempo pascal, falando-nos da nossa libertação através do Sangue do novo Cordeiro Pascal e da Ressurreição de Jesus. Há mesmo exegetas que vêem nesta carta um fundo de homilia pascal ou baptismal. O trecho de hoje é tirado de uma secção inicial da Carta (1,13 – 2,10), uma série de exortações que têm como pano de fundo a libertação dos hebreus a caminho da terra prometida, símbolo do Baptismo e da vida cristã, o que faz pensar que formariam parte duma catequese ou homilia pascal-baptismal. Vejamos: «de ânimo preparado para servir» (v. 13; cf. Lc 12, 35) é dito no original com uma imagem («cingida a cintura da vossa mente»), que evoca a forma de celebrar a Páscoa (cf. Ex 12,11, símbolo do Baptismo (cf. 1Cor 10,1-2.6). «Sede santos» (v. 14-16) é uma exigência da aliança (cf. Lv 11,44; 19,2; 20,7) e do Baptismo (cf. Rom 6,4.11.19; 12,2; Gal 3,27) e do santo temor de Deus (cf. 2Cor 2,11; Rom 2,11). «No tempo da peregrinação» (cf. 1,1.17; 2,11; 4,2) é a alusão à peregrinação pelo deserto no Êxodo). «Invocar a Deus como Pai» está na linha do Pai-nosso (Mt 6,9) recitado no rito do Baptismo e certamente matéria da instrução preparatória. O «resgate pelo sangue de Cristo» é mais do que uma referência ao custo da nossa redenção (1Cor 6,20; 7,23; cf. Ef 1,7; Hebr 9,14; Apoc 1,5), pois alude a Jesus como cordeiro pascal (Ex 12,3-14; cf. Jo 1,29.36; 19,36; 1Cor 5,7; Act 8,32-35). O «amor fraterno» (v. 22-25) é proposto como consequência de se ter purificado (cf. Ex 19,10-11) e ter nascido de novo e por meio da palavra de Deus (cf. Tg 1,18; 1Jo 3,9; Is 40,8). Esta mesma palavra é o «leite puro» (cf. Ex 3 8; 1Cor 3,2) que os baptizados têm de desejar avidamente (2,1-2; cf. Salm 34,9). Assim todos entram activamente na construção do edifício que é o novo Povo de Deus, figurado no antigo (2,4-10).
17 «Pai... que... julga». Pode-se ver aqui uma alusão à recitação do Pai Nosso. Deus, que é o melhor dos pais, também é um Juiz imparcial; o sentido correcto da nossa filiação divina traz consigo o santo temor de Deus, o temor de desagradar a um Pai que nos julga e que calibra perfeitamente o valor de todos os nossos actos.
«Exílio neste mundo». Cf. 1Pe 1,1; 2,11; 4,2; Hebr 11,13. Nestes textos inspirados fica patente a nossa condição não apenas de peregrinos da Pátria celeste, mas também a ideia de pena que envolve a nossa situação de «degredados filhos de Eva» neste «desterro» (cf. Salve Rainha).
18-19 «Libertados... com o Sangue precioso de Cristo». A obra salvadora de Jesus não consistiu numa mera libertação, como, por exemplo, a libertação do Egipto, pois foi um verdadeiro resgate, pagando Jesus o preço dessa libertação com o seu Sangue, daí que esta obra libertadora se chama mais propriamente Redenção (cf. Ef 1,7; Apoc 1,5).
«Cordeiro sem defeito e sem mancha». Cf. Ex 12,5; 1Cor 5,7; Jo 1,29.36; 19,36. Cf. também: Is 53,7; Act 8,32-35. Os primeiros textos falam de Jesus, Cordeiro imolado na nova Páscoa; os segundos, de Jesus manso «Cordeiro de Deus».
Aclamação ao Evangelho Lc 24, 32
Monição: No domingo de Páscoa, dois dos discípulos de Jesus regressam a casa, em Emaús, desanimados com tudo o que acontecera e sem acreditar no testemunho das mulheres a quem os anjos tinham anunciado a ressurreição. Fazendo-se companheiro de caminho, na palavra explicada e no Pão partilhado, o Ressuscitado vai ajudar estes discípulos a passar da demissão à missão.
Aleluia
Cântico: Aleluia – J. Berthier, COM, (pg 112)
Senhor Jesus, abri-nos as Escrituras,
falai-nos e inflamai o nosso coração.
Evangelho
São Lucas 24, 13-35
13Dois dos discípulos de Jesus iam a caminho duma povoação chamada Emaús, que ficava a duas léguas de Jerusalém. 14Conversavam entre si sobre tudo o que tinha sucedido. 15Enquanto falavam e discutiam, Jesus aproximou-Se deles e pôs-Se com eles a caminho. 16Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem. 17Ele perguntou-lhes: «Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?» Pararam, com ar muito triste, 18e um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único habitante de Jerusalém a ignorar o que lá se passou nestes dias». 19E Ele perguntou: «Que foi?» Responderam-Lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; 20e como os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes O entregaram para ser condenado à morte e crucificado. 21Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de libertar Israel. Mas, afinal, é já o terceiro dia depois que isto aconteceu. 22É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos sobressaltaram: foram de madrugada ao sepulcro, 23não encontraram o corpo de Jesus e vieram dizer que lhes tinham aparecido uns Anjos a anunciar que Ele estava vivo. 24Alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas a Ele não O viram». Então Jesus disse-lhes: 25«Homens sem inteligência e lentos de espírito para acreditar em tudo o que os profetas anunciaram! 26Não tinha o Messias de sofrer tudo isso para entrar na sua glória?» 27Depois, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicou-lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito. 28Ao chegarem perto da povoação para onde iam, Jesus fez menção de seguir para diante. 29Mas eles convenceram-n’O a ficar, dizendo: «Ficai connosco, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite». Jesus entrou e ficou com eles. 30E quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho. 31Nesse momento abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-n’O. Mas Ele desapareceu da sua presença. 32Disseram então um para o outro: «Não ardia cá dentro o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?» 33Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os que estavam com eles, 34que diziam: «Na verdade, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão». 35E eles contaram o que tinha acontecido no caminho e como O tinham reconhecido ao partir o pão.
Temos aqui uma das mais belas páginas do Evangelho: um relato cheio de vivacidade, de finura e de psicologia, em que acompanhamos o erguer daquelas almas desde a mais amarga frustração até às alturas da fé e da descoberta de Jesus ressuscitado. A crítica bíblica procura distinguir neste relato os elementos de tradição e os elementos redaccionais; podem identificar-se muitos elementos de tradição neste relato, mas não dispomos de meios para classificar como meramente redaccionais todos os restantes, pois não são do nosso conhecimento todas as fontes de que Lucas dispôs; a própria crítica admite «fontes especiais» para a redacção de Lucas. Um facto indiscutível é que Lucas é um teólogo e um catequista, não é um jornalista e não se limita a contar a seco umas aparições, mas não temos elementos suficientes para definir em que medida reelaborou as suas fontes.
13 «Emaús»: uma povoação a 60 estádios, traduzidos por duas léguas, a uns nuns 11,5 Km de Jerusalém. Há duas leituras variantes nos manuscritos gregos do Evangelho de Lucas: grande quantidade deles regista 60 estádios. Outros de grande valor têm 160 (o que equivale a uns 32 Km). Também não existe completo acordo sobre a sua localização, sendo indicados vários locais na tradição cristã. El-Qubeib (a 60 estádios) e Nicópolis (a 160 estádios, a Amuás árabe) são os mais venerados. Nicópolis foi a escolhida para a visita de Bento XVI; a caminho deste local temos Abu-Ghosh, a uns 12 Km de Jerusalém, com a medieval abadia beneditina, o santuário de Nossa Senhora da Aliança e a Saxum Visitor Center.
16 «Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem». Não é que não vissem a Jesus, ou que Jesus se quisesse ocultar, mas eles é que estavam obcecados pelo seu extremo desalento. E fica-nos a lição: para que se possa reconhecer a Jesus ressuscitado é indispensável o olhar da fé.
18 «Cléofas» parece ser diferente do marido de Maria, mãe de Tiago e José (Jo 19,25); embora alguns o identifiquem, a grafia é diferente: Kleopâs.
22-24 «É verdade que algumas mulheres… Alguns dos nossos…»: aqui se resume o que foi relatado antes com mais pormenor (Lc 23,56b – 24,9) e correspondente à tradição sinóptica e joanina. Certamente que os nossos são Pedro e João (cf. v. 12 e Jo 20,1-10). «Mas a Ele não O viram»: se não se trata de um pormenor meramente redaccional, temos que admitir que ainda não lhes constava da aparição de Jesus a Pedro referida adiante, no v. 34 (cf. 1Cor 15,5).
28-30 «Jesus fez menção de seguir para diante». Lucas volta a aludir ao «caminho de Jesus» (no v. 15 já tinha usado o mesmo verbo grego que significa caminhar). R. J. Dillon (From eye-witnesses to ministers of the word) pensa que este pormenor lucano insinua que a presença de Jesus no meio dos seus através da Eucaristia (a fracção do pão do v. 30) constitui o momento cume do seu caminhar pelo caminho da salvação. Enternece o leitor ver como Jesus ressuscitado se torna o companheiro de caminho (recorde-se como Lucas gosta de focar a vida cristã como um caminho e um seguimento de Jesus); depois de se fazer encontrado, agora faz-se rogado. Isto sucede-nos muitas vezes na vida cristã: Ele vem ao nosso encontro sem O procurarmos e, outras vezes, quer dar-nos o ensejo de O convidarmos a ficar connosco e de praticarmos a caridade com os outros, que são Ele (cf. Mt 25,40). Mas aqui o convite feito a Jesus não é um simples acto de caridade e de cortesia; com efeito, parece que a narrativa nos leva a pensar que quem faz este pedido é toda a comunidade cristã, que se reúne para celebrar a Eucaristia e anseia estabelecer uma comunhão íntima com Jesus ressuscitado (ibid.). Todos estão de acordo em ver a estreita relação da refeição descrita com a multiplicação dos pães e a instituição da Eucaristia.
31 «Abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-no, mas Ele desapareceu da sua presença»: É na Eucaristia que se abrem os olhos para a fé, para captar o que é invisível, mas real. Impressiona muito o relato ao unir o aparecimento com o desaparecimento, sem se dizer para onde é que Jesus se retirou. Desta maneira fica sugerida uma nova presença, a de Jesus glorioso e ressuscitado: uma ausência que é presença. Comenta João Paulo II: «É significativo que os dois discípulos de Emaús, devidamente preparados pelas palavras do Senhor, O tenham reconhecido, quando estavam à mesa, através do gesto simples da “fracção do pão”. Uma vez iluminadas as inteligências e rescaldados os corações, os sinais “falam”. A Eucaristia desenrola-se inteiramente no contexto dinâmico de sinais que encerram uma densa e luminosa mensagem; é através deles que o mistério, de certo modo, se desvenda aos olhos do crente. Como sublinhei na encíclica Ecclesia de Eucharistia, é importante que nenhuma dimensão deste Sacramento fique transcurada. Com efeito, subsiste sempre no homem a tentação de reduzir às suas próprias dimensões a Eucaristia, quando na realidade é ele que se deve abrir às dimensões do Mistério. “A Eucaristia é um dom demasiado grande para suportar ambiguidades e reduções”» (Carta Mane nobiscum Domine, 14).
32 «Não ardia cá dentro o nosso coração?». Quando lemos a Escritura guiados por Jesus, presente na Igreja, inflama-se o nosso coração e sentimo-nos urgidos a mostrar aos que nos rodeiam, com as nossas vidas, pela palavra e pelo exemplo, que Cristo vive, que a Ressurreição é uma realidade. O episódio constitui um apelo a fazermos o mesmo papel do Ressuscitado junto dos desiludidos da vida e sem esperança e a comunicar-lhes a nossa experiência de fé. No relato põe-se em evidência a união do pão e da palavra na vida da Igreja.
33 «Partiram imediatamente». «Os dois discípulos de Emaús, depois de terem reconhecido o Senhor, «partiram imediatamente» para comunicar o que tinham visto e ouvido. Quando se faz uma verdadeira experiência do Ressuscitado, alimentando-se do seu Corpo e do seu Sangue, não se pode reservar para si mesmo a alegria sentida. O encontro com Cristo, continuamente aprofundado na intimidade eucarística, suscita na Igreja e em cada cristão a urgência de testemunhar e evangelizar» (João Paulo II, Mane nobiscum Domine, 24).
Sugestões para a homilia
A palavra Páscoa significa passagem. Assim, faz Páscoa quem abre brechas, quem fabrica passagens onde há muros e barreiras, quem inventa caminhos que conduzam uns aos outros e até Deus... Faz Páscoa quem, assumindo a sua dimensão missionária que não é ornamento da vida cristã mas algo que se situa no âmago da própria fé, numa autêntica liturgia da estrada, sentindo Cristo a seu lado, leva a Boa Nova aos irmãos, como profetas da Palavra e testemunhas do amor... [Cf. Papa Francisco, Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações 2017].
Mas nem sempre é fácil fazer acontecer Páscoa. Por vezes experimentamos a fragilidade e o desânimo e sentimo-nos perdidos...; notamos um défice de energia e de esperança que nos leva a ceder ao pessimismo e nos torna espectadores passivos duma vida cansada e rotineira. Surge, então, a pergunta: neste défice de energia e de esperança é possível que o desânimo e a tristeza deem lugar ao entusiasmo e à alegria? Como pôr em marcha um plano para ressuscitar que faça palpitar a vida nova que o Senhor quer gerar neste momento concreto da história?
A Liturgia da Palavra do terceiro Domingo da Páscoa, que marca o início da Semana de Oração pelas Vocações que a todos e cada um convida a dar graças a Deus pela própria vocação como dom da graça divina e por tantas vocações que enriquecem a Igreja, a começar pelos sacerdotes, consagrados e consagradas, sem esquecer os que fazem da sua profissão uma vocação entregando-se totalmente a cuidar dos outros, sem esquecer ainda as famílias que são fieis à sua vocação de comunidades de vida, amor e fé, diz-nos que não há uma solução mágica, mas é possível passar do desânimo e da tristeza à alegria e ao entusiasmo; é possível, como cristãos, estar mergulhados nas dificuldades da vida quotidiana mas com renovada juventude de alma (Oração da Coleta)... Pois, mesmo se vamos na estrada da desistência, se os nossos critérios estão longe do Senhor, Ele está connosco e faz-se companheiro de estrada até que os olhos se abram e o coração comece a arder na alegria de estar com Ele.
Caminhemos, então, com Jesus, esse homem acreditado por Deus junto de nós com milagres, prodígios e sinais. Coloquemo-nos, nessa estrada que leva a Emaús e façamos uma das mais belas viagens narradas pela Sagrada Escritura... percorramos esses doze quilómetros de estrada, onde o Céu e a terra se tocam...
Trata-se de uma grande liturgia, em três momentos: a liturgia do caminho, da Palavra e do Pão.
O caminho. Na tarde daquele dia, o dia da ressurreição, dois discípulos caminham entristecidos e sem grande esperança. São duas horas passadas a falar daquele sonho em que tanto tinham esperado, mas que, no entanto, naufraga no sangue. Afinal, esse Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e em palavras, que parecia ter um projeto carregado de futuro, o Reino de Deus entre os homens, já pertence ao passado... já lá vão três dias. Nós esperávamos - dizem eles -, acreditámos, seguimos... mas acabou.
Quem de nós não se encontrou já nesta estrada de Emaús, com o coração cheio de questões e de esperanças desiludidas? Quantas vezes não pensamos que o Senhor fica retido nos sacrários e que caminhamos sozinhos no mundo?
Então Jesus aproximou-se e pôs-se com eles a caminho. Como sempre, como a mãe que jamais deixa órfãos aqueles que ama e chama à vida, também Jesus atravessa o nosso caminho e ajuda-nos a retomar a justa orientação para a vida. E, mesmo que os nossos olhos e o coração, não sejam capazes de O reconhecer, faz-se presente para acabar com a tristeza, dar-nos a vida, abrir-nos os olhos e fazer-nos arder o coração.
A Palavra. Explicou-lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito. Se os discípulos parecem abandonar Jesus, este não os abandona. Ele faz-se companheiro de viagem e de conversa naquilo que preocupa e entristece. Como a mãe ao seu filho, Jesus escuta os desabafos dos discípulos. Interroga-os, para os deixar falar. Fala com eles, fala-lhes de coração a coração. E, neste diálogo cordial, educa com amor, ensina e corrige... Faz compreender que o escândalo e a loucura da cruz, é a palavra definitiva que cada cristão deve guardar, transmitir, entender e rezar. Pois ela não é um incidente, mas a plenitude do amor, que muda a compreensão de Deus e do homem... Neste diálogo Jesus diz-lhes e diz-nos: é nas Escrituras que tu podes encontrar as palavras que te ajudam a passar da escuridão à luz, da tristeza à esperança, da solidão à felicidade do encontro, do medo à audácia.
Depois da palavra, chegamos, à Liturgia do Pão. Jesus não deixa de corresponder ao pedido: fica connosco porque vem caindo a noite; Jesus não deixa de corresponder às necessidades mais profundas, que desperta no coração dos seus. Por isso, aceita o convite para entrar e ficar, não apenas algum tempo, mas ficar sempre, para presidir à nossa mesa e à nossa vida toda. E então a luz da palavra torna-se gesto: o gesto da partilha, o gesto da fração, o gesto da Eucaristia. Ele pôs a mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho. Era a ceia da intimidade, o gesto de Jesus na despedida. O gesto último do amor. Nesse momento, abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-no! E Jesus desapareceu. Já não era precisa mais a sua presença visível. Eles já o tinham reconhecido na Palavra e no Pão.
A liturgia de Emaús, como as nossas liturgias, não terminou na fração do Pão. A palavra que faz arder o coração e o Pão que abre os olhos ao reconhecimento do Salvador, muda o caminho, a direção, o sentido: o triste caminhar torna-se, então, alegre corrida com o sol dentro da vida.
Também hoje, o Senhor nos abriu as Escrituras, para iluminar o nosso caminho de desilusões, de dúvidas e inquietações. Ele põe-nos à mesa com Ele... e convida-nos a partir em missão de partilhar com os outros o que vimos e ouvimos. Não tenhamos medo de abrir o coração à luz do Ressuscitado, e voltemos à nossa Jerusalém, isto é, à nossa vida diária, à nossa família, ao nosso trabalho, cheios de alegria, coragem e fé...
E porque as vocações nascem na oração e da oração percorramos também este caminho de oração pelas vocações abrindo brechas no coração de todos os fiéis, especialmente dos jovens, para que possam descobrir com gratidão a vocação a que Deus os chama e encontrar a coragem de dizer “Sim” oferecendo a própria vida por Deus, pelos irmãos e pelo mundo inteiro.
Fala o Santo Padre
«Como no episódio dos dois discípulos de Emaús, na vida estamos sempre a caminho.
E tornamo-nos aquilo rumo ao que caminhamos.
Escolhamos a vereda de Deus, não a do eu; o caminho do “sim”, não o do “se”.
Descobriremos que não há imprevisto, não há subida, não há noite que não se possa enfrentar com Jesus.»
O Evangelho de hoje, ambientado no dia de Páscoa, narra o episódio dos dois discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 13-35). É uma história que começa e acaba a caminho. Na verdade, há a viagem de ida dos discípulos que, tristes devido ao epílogo da vicissitude de Jesus, deixam Jerusalém e voltam para casa, para Emaús, percorrendo cerca de onze quilómetros. É uma viagem feita de dia, com grande parte do percurso em declive. E há a viagem de regresso: mais onze quilómetros, mas percorrida ao cair da noite, com parte do caminho em subida, após o cansaço da viagem de ida e o dia inteiro. Duas viagens: uma fácil, de dia, e outra cansativa, de noite. E no entanto, a primeira tem lugar na tristeza; a segunda, na alegria. Na primeira, há o Senhor que caminha ao lado deles, mas não o reconhecem; na segunda, já não o veem, mas sentem-no próximo. Na primeira estão desanimados e sem esperança; na segunda, correm a levar aos outros a boa notícia do encontro com Jesus Ressuscitado.
Os dois caminhos diferentes daqueles primeiros discípulos dizem-nos, a nós discípulos de Jesus hoje, que na vida temos à nossa frente dois rumos opostos: há o caminho de quem, como aqueles dois na ida, se deixa paralisar pelas desilusões da vida e vá em frente com tristeza; e há o caminho de quem não se coloca em primeiro lugar a si próprio e os seus problemas, mas Jesus que nos visita, e os irmãos que esperam a sua visita, ou seja, os irmãos que nos esperam para que cuidemos deles. Eis o momento decisivo: deixar de orbitar em torno de si próprio, das desilusões do passado, dos ideais não realizados, das muitas coisas negativas que aconteceram na vida. Muitas vezes somos levados a orbitar, orbitar... Deixemos isto e vamos em frente, olhando para a maior e mais verdadeira realidade da vida: Jesus está vivo, Jesus ama-me. Esta é a maior realidade. E eu posso fazer algo pelos outros. É uma realidade boa, positiva, solar, bela! Eis a inversão de marcha: passar dos pensamentos sobre o meu eu para a realidade do meu Deus; passar - com outro jogo de palavras - do “se” para o “sim”. Do “se” para o “sim”. O que significa? “Se Ele nos tivesse libertado, se Deus me tivesse ouvido, se a vida tivesse corrido como eu queria, se eu tivesse isto e aquilo...”, em tom de queixa. Este “se” não ajuda, não é fecundo, não ajuda nem a nós nem aos outros. Eis os nossos “se”, semelhantes aos dos dois discípulos. Mas eles passam para o sim: “Sim, o Senhor está vivo, Ele caminha connosco. Sim, agora, não amanhã, voltamos a percorrer o caminho para o anunciar”. “Sim, posso fazer isto para que as pessoas sejam mais felizes, para que as pessoas sejam melhores, para ajudar muitas pessoas. Sim, sim, eu posso”. Do “se” para o “sim”, da lamentação para a alegria e a paz, pois quando nos queixamos, não estamos na alegria; estamos na melancolia, na consternação, no ar cinzento da tristeza. E isto não ajuda, e nem sequer nos faz crescer bem. Do “se” para o “sim”, da lamentação para a alegria do serviço.
Como se verificou nos discípulos esta mudança de passo, do eu para Deus, do “se” para o “sim”? Encontrando Jesus: os dois de Emaús primeiro abrem-lhe o coração; em seguida, ouvem-no explicar-lhes as Escrituras; depois, convidam-no para sua casa. São três passos que também nós podemos dar na nossa casa: primeiro, abrir o coração a Jesus, confiando-lhe os pesos, os cansaços, as desilusões da vida, confiando-lhe os “se”; e depois, segundo passo, ouvir Jesus, pegar no Evangelho, ler hoje este trecho, no capítulo vinte e quatro do Evangelho de Lucas; terceiro, rezar a Jesus, com as mesmas palavras daqueles discípulos: «Senhor, fica connosco» (v. 29). Senhor, fica comigo. Senhor, fica com todos nós, pois precisamos de ti para encontrar o caminho. E sem ti, não há noite!
Prezados irmãos e irmãs, na vida estamos sempre a caminho. E tornamo-nos aquilo rumo ao que caminhamos. Escolhamos a vereda de Deus, não a do eu; o caminho do “sim”, não o do “se”. Descobriremos que não há imprevisto, não há subida, não há noite que não se possa enfrentar com Jesus. Que Nossa Senhora, Mãe do Caminho que, acolhendo a Palavra, fez de toda a sua vida um “sim” a Deus, nos indique a senda.
Papa Francisco, Regina Coeli, Biblioteca do Palácio Apostólico, 26 de abril de 2020
Oração Universal
Oremos a Cristo ressuscitado,
que caminha connosco sem O reconhecermos,
e peçamos-Lhe que ilumine o nosso espírito,
dizendo (ou: cantando), cheios de fé:
R. Cristo, ouvi-nos. Cristo, atendei-nos.
Ou: Cristo ressuscitado, ouvi-nos.
Ou: Rei da glória, ouvi a nossa oração.
1. Pela Igreja, testemunha de Jesus ressuscitado,
pelos catecúmenos que descobrem o Evangelho,
e pelos catequistas que os ensinam e acompanham, oremos.
2. Por aqueles que se dedicam ao bem público,
pelos que servem os mais pobres e infelizes
e pelos que acolhem toda a gente, sem excepção, oremos.
3. Pelos fiéis que nas provações permanecem serenos,
pelos que desanimam como os discípulos de Emaús
e pelos que celebram cada domingo a Eucaristia, oremos.
4. Pelos crentes que dizem a Jesus: “fica connosco”,
pelos jovens que fazem d’Ele o grande amigo
e pelas crianças que O recebem na primeira comunhão, oremos.
5. Por todos nós aqui reunidos em assembleia,
pelos doentes da nossa Paróquia
e por aqueles que já partiram deste mundo, oremos.
(Outras intenções: Nossa Senhora; vocações consagradas ...).
Senhor Jesus ressuscitado, que nos resgatastes da vã maneira de viver,
não com ouro ou prata, mas com o vosso próprio sangue,
aquecei-nos o coração com a vossa Palavra
e convidai-nos a comer à vossa mesa.
Vós que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos.
Liturgia Eucarística
Cântico do ofertório: Rainha do Céu alegai-Vos – J. F. Silva, NRMS, 17
Oração sobre as oblatas: Aceitai, Senhor, os dons da vossa Igreja em festa. Vós que lhe destes tão grande felicidade, fazei-a tomar parte na alegria eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio Pascal II e Oração Eucarística II
Santo: A. Cartageno – ENPL, 15
Monição da Comunhão
Os discípulos de Emaús reconheceram a Cristo no partir do pão. Que o nosso olhar se abra, para O reconhecermos neste Pão da Eucaristia, e nos irmãos com necessidade do pão de cada dia.
Cântico da Comunhão: Sempre que comemos o pão– A. F. Santos, BML, 12
Lc 24, 35
Antífona da comunhão: Os discípulos reconheceram o Senhor Jesus ao partir o pão. Aleluia.
Cântico de acção de graças: Aclamai o Senhor terra inteira – J. Santos, NRMS, 48
Oração depois da comunhão: Olhai com bondade, Senhor, para o vosso povo e fazei chegar à gloriosa ressurreição da carne aqueles que renovastes com os sacramentos de vida eterna. Por Nosso Senhor.
Ritos Finais
Monição final
“Quem se alimenta quotidianamente da Eucaristia, saberá espargir no coração de muitos jovens a boa semente da adesão fiel ao divino chamamento” (São João Paulo II, Mensagem para o Dia Mundial das Vocações 2000). Que a Eucaristia seja sempre o ponto de encontro, o ponto de chegada e o ponto de partida, de todos os nossos passos! E faça do nosso caminhar de todos os dias uma marcha de esperança, de Páscoa em Páscoa, até à Páscoa eterna!
Cântico final: Cantai comigo – H. Faria, NRMS, 2
Homilias Feriais
3ª SEMANA
2ª Feira, 24-IV: Procura e encontro de Jesus.
Act 6, 8-15 / Jo 6, 22-29
Quando a multidão viu que Jesus não estava ali, subiram todos para as embarcações e foram todos a Cafarnaúm, à procura de Jesus.
A multidão não procurava Jesus com a melhor das intenções, talvez porque Ele lhes tinha matado a fome (EV). Mas a verdade é que acabaram por encontrá-lo. Quanto a Estevão, encontrou o Senhor. Na sua vida escolheu o caminho da verdade (SR), e acabou martirizado (LT).
Procuremos o Senhor para que nos dê os alimentos da vida eterna: o Pão e a Palavra (EV). Ao rezarmos pelas vocações consagradas, peçamos a Deus que muitas pessoas vão ao encontro do Senhor, e se dediquem ao seu serviço, e que Deus as ajude a superar as dificuldades, que certamente encontrarão.
3ª Feira, 25-IV: S. Marcos: Escutar e pôr em prática a Boa Nova.
1 Ped 5, 5-14 / Mc 16, 15-20
Jesus apareceu aos Onze Apóstolos e disse-lhes: Ide por todo o mundo e proclamai a Boa Nova
S. Marcos acompanhou S. Paulo na sua 1ª viagem apostólica, e esteve junto dele em Roma. Foi também discípulo de S. Pedro (LT), e escreveu o seu Evangelho, com base nos ensinamentos deste Apóstolo.
O Senhor confiou a S. Marcos, de um modo especial, a proclamação da Boa Nova (EV). Nós precisamos primeiro escutar a palavra de Deus, pois crer em Cristo é escutar a sua palavra e pô-la em prática. E docilidade ao Espírito Santo, que nos lembra o que Jesus disse. E finalmente, é preciso comunicá-la aos outros, com toda a fidelidade (SR).
4ª Feira, 26-IV: A expansão da Boa-Nova.
Act 8, 1-8 / Jo 6, 35-40
Porque desci do Céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
Jesus é um exemplo do cumprimento da vontade de Deus e, ao mesmo tempo, revela a vontade do Pai: que não se perca ninguém e que, todo o que acredita nEle, alcance a vida eterna (EV).
A pregação de Filipe está centrada no Messias e assim deve continuar agora. Os que pregavam a Boa Nova sofreram muito, e foi uma boa ajuda para a expansão da Igreja: os irmãos dispersos andaram, de terra em terra, a pregar a Boa Nova (LT). Deus aproveita tudo para bem. Assim se cumpriu o desejo de Deus: A terra inteira vos adore e celebre (SR).
5ª Feira, 27-IV: Os alimentos da vida divina.
Act 8, 26-40 / Jo 6, 44-51
Eu sou o Pão vivo, que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente.
Para conservarmos a saúde e ganhar novas forças, precisamos tomar alimentos. O mesmo é necessário para alcançar a vida eterna: precisamos dos alimentos divinos.
O eunuco pede a Filipe o Baptismo (LT) e, assim, recebe uma vida nova, a vida divina. Esta precisa, para o seu desenvolvimento, do alimento da Palavra de Deus. Quem acredita possui a vida eterna, e também do Pão da Vida. Quem comer deste Pão viverá eternamente (EV). Agradeçamos ao Senhor o seu cuidado. Foi Ele quem conservou a nossa vida sempre (SR). E procuremos conservar a sua Palavra no nosso coração.
6ª Feira, 28-IV: Uma comunhão de vida misteriosa e real.
Act 9, 1-20 / Jo 6, 52-29
Quem come a minha carne, e bebe o meu Sangue, permanece em mim e Eu nele.
Um dos frutos principais da Comunhão é esta união íntima com Cristo (EV). Jesus quer associar a sua vida às nossas, de um modo novo: é uma união real misteriosa e real entre a sua Pessoa e a nossa. E é firme a sua misericórdia para connosco (SR).
Mas também tem como efeito a unidade do Corpo Místico. Esta foi uma das verdades descoberta por S. Paulo, na sua conversão: Saulo, Saulo, por que me persegues? (LT). Podemos ser uma grande ajuda para os outros cristãos se vivermos com fidelidade os compromissos da nossa vocação cristã, e rezando pela conversão dos pecadores.
Sábado, 29-IV: Santa Catarina de Sena: A Europa precisa da luz de Cristo.
1 Jo 1, 5-2, 2 / Mt t 11, 25-30
Se dissermos que estamos em comunhão com Ele e andarmos nas trevas, mentimos e não procedemos segundo a Verdade.
Santa Catarina de Sena (séc. XIV), Doutora da Igreja, teve uma grande influência na unidade da Igreja e na concórdia entre os países da Europa. Ela é a sua Padroeira.
A cultura europeia anda, em muitos aspectos, nas trevas (LT), e precisa da luz de Cristo e de cada um dos cristãos, para readquirir a luz de Deus. Santa Catarina, apesar da sua pouca instrução, escreveu abundantes cartas às autoridades civis e eclesiásticas, para voltarem ao bom caminho. Por que escondestes estas verdades aos sábios e as revelaste aos pequeninos (EV)?
Celebração e homilia: Avelino dos Santos Mendes
Nota Exegética: Geraldo Morujão
Homilias Feriais: Nuno Romão
Sugestão Musical: José Carlos Azevedo