Nosso Senhor Jesus Cristo Rei
20 de Novembro de 2022
Solenidade
RITOS INICIAIS
Cântico de entrada: Cristo, Rei do Universo – T. Sousa, CNPL, pg 330
Ap 5, 12; 1, 6
Antífona de entrada: O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder e a riqueza, a sabedoria, a honra e o louvor. Glória ao Senhor pelos séculos dos séculos.
Diz-se o Glória.
Introdução ao espírito da Celebração
Cada Ano Litúrgico é um símbolo do nosso arco de vida na terra. Começamos no Advento a celebrar a longa espera da humanidade a implorar a vinda do Redentor e acabamos por celebrar o mistério da Incarnação do Verbo na solenidade do Natal.
Na Quaresma, tempo de preparação para a Páscoa, celebrámos o mistério da Redenção operada por Jesus Cristo, de mãos dadas com a nossa generosidade.
Entramos no Tempo Comum, de vez em quando solenizado com alguma festa, símbolo do nosso caminho diário para o Céu.
Hoje, solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, celebramos o Seu triunfo sobre o pecado, pela recondução de todo o universo criado aos desígnios amorosos do Pai.
Acto penitencial
(Tempo de silêncio. Sugerimos o esquema A)
Confessemos os nossos pecados...
Senhor, tende piedade de nós...
Glória a Deus nas alturas...
Oração colecta: Deus eterno e omnipotente, que no vosso amado Filho, Rei do universo, quisestes instaurar todas as coisas, concedei, propício que todas as criaturas, libertas da escravidão, sirvam a vossa majestade e Vos glorifiquem eternamente. Por Nosso Senhor...
Liturgia da Palavra
Primeira Leitura
Monição: Depois de ter reinado catorze anos no Hebron, sucedendo a Saúl, primeiro rei de Israel, as restantes tribos e Israel procuraram David e reconheceram-no como rei.
A Liturgia vê neste acontecimento bíblico uma velada figura da realeza e Cristo. Todos os povos e nações O hão-de aclamar como Rei do Universo.
2 Samuel 5, 1-3
1Naqueles dias, todas as tribos de Israel foram ter com David a Hebron e disseram-lhe: «Nós somos dos teus ossos e da tua carne. 2Já antes, quando Saúl era o nosso rei, eras tu quem dirigia as entradas e saídas de Israel. E o Senhor disse-te: ‘Tu apascentarás o meu povo de Israel, tu serás rei de Israel’». 3Todos os anciãos de Israel foram à presença do rei, a Hebron. O rei David concluiu com eles uma aliança diante do Senhor e eles ungiram David como rei de Israel.
Aqui David é ungido em Hebron como rei de Israel. Se bem que já tinha sido ungido perante os seus irmãos por Samuel (1Sam 16), só a partir deste momento é que David é reconhecido como rei por todas as tribos; ele é a figura de Cristo, Rei de todos os homens.
2 «Entradas e saídas» é uma expressão muito corrente nas Escrituras e que é uma rica metáfora para indicar toda a vida duma pessoa, o seu dia a dia, a vida corrente. De facto, por um lado, a vida do homem sobre a terra está enquadrada por dois momentos decisivos: uma entrada ao nascer e uma saída ao morrer; por outro lado, como as casas não eram para se viver nelas, toda a vida se desenrolava entre um sair de casa para trabalhar e um entrar para descansar.
Salmo Responsorial Sl 121 (122), 1-2.4-5 (R. cf. 1)
Monição: A Liturgia propõe-nos um cântico de aclamação para entoarmos em honra a Cristo Rei, enquanto O seguimos na vida até ao Céu.
Na verdade, seguir a Jesus com fidelidade é um caminho cheio de alegria e felicidade.
Refrão: Vamos com alegria para a casa do Senhor.
Alegrei-me quando me disseram:
«Vamos para a casa do Senhor».
Detiveram-se os nossos passos
às tuas portas, Jerusalém.
Jerusalém, cidade bem edificada,
que forma tão belo conjunto!
Para lá sobem as tribos,
as tribos do Senhor.
Para celebrar o nome do Senhor,
segundo o costume de Israel;
ali estão os tribunais da justiça,
os tribunais da casa de David.
Segunda Leitura
Monição: S. Paulo, na Carta aos fiéis da Igreja de Colossos, entoa um cântico em honra da realiza de Jesus Cristo.
Cristo é a imagem de Deus invisível, [...] n’Ele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, visíveis e invisíveis, [...] Ele é anterior a todas as coisas e n’Ele tudo subsiste. Ele é a cabeça da Igreja, que é o seu corpo.
Colossenses 1,12-20
Irmãos: 12Damos graças a Deus Pai, que nos fez dignos de tomar parte na herança dos santos, na luz divina. 13Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu Filho muito amado, 14no qual temos a redenção, o perdão dos pecados. 15Cristo é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criatura; 16porque n’Ele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, visíveis e invisíveis, Tronos e Dominações, Principados e Potestades: por Ele e para Ele tudo foi criado. 17Ele é anterior a todas as coisas e n’Ele tudo subsiste. 18Ele é a cabeça da Igreja, que é o seu corpo. Ele é o Princípio, o Primogénito de entre os mortos; em tudo Ele tem o primeiro lugar. 19Aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude 20e por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas, estabelecendo a paz, pelo sangue da sua cruz, com todas as criaturas na terra e nos céus.
O texto da nossa leitura, com um certo sabor de um hino a Cristo, condensa o ensino central desta carta do cativeiro, e é uma das belas e ricas sínteses da cristologia paulina. Em face da chamada «crise de Colossas», em que alguns põem em causa a primazia absoluta de Cristo, colocando-O ao nível de outros seres superiores e intermédios, quer da cultura pagã, quer da cultura judaica, S. Paulo ensina peremptoriamente a mais completa supremacia de Cristo na ordem da Criação – vv. 15-17 – e na ordem da Redenção – vv. 18-20, em virtude da sua acção redentora, que reconcilia todas as coisas com Deus na paz.
15-16 «Cristo é a imagem de Deus invisível». Imagem, para um semita, não é simplesmente a figuração duma realidade, de natureza distinta, mas é, antes de mais, a exteriorização sensível da própria realidade oculta e da sua mesma essência. Assim, é afirmada a divindade de Cristo, o qual nos torna visível e tangível o próprio Deus invisível e transcendente (cf. Jo 1,18; 14,9-11; 2Cor 4,4; Hbr 1,3). Cristo também é «o Primogénito de toda a criatura», no sentido da sua preeminência única sobre todas as criaturas, não só por Ele existir antes de todas, não, porém, no sentido ariano de primeira criatura, mas enquanto todas foram criadas «n’Ele», «por Ele» e «para Ele» (v.16). Não se diz no texto que Cristo seja uma criatura primogénita, mas o que se diz é que Ele é primogénito porque está acima de todas as criaturas, e porque «em tudo Ele tem o primeiro lugar» (v. 18); também Jacob era primogénito, embora não tivesse nascido primeiro que Esaú.
18-20 Na ordem da Graça e da Redenção, também «em tudo Ele tem o primeiro lugar» (v. 18), pois Ele é a «cabeça da Igreja, que é o seu corpo», é o «Princípio, o Primogénito (o primeiro a ressuscitar) entre os mortos». Enfim, «aprouve a Deus que residisse n’Ele a plenitude», isto é, a totalidade de todos os tesouros da graça que Deus comunica aos homens depois do pecado, em ordem à reconciliação que Ele realiza «pelo sangue da sua Cruz» (v. 20). Em Col 2,9 diz-se que em Cristo «habita corporalmente toda a plenitude da natureza divina».
Em suma, como se exprime, em rica síntese, a Bíblia de Pirot, Cristo tem a supremacia absoluta em todos os aspectos: na ordem natural, pela criação (vv. 16.17); na ordem da graça, como Redentor (v. 20); na ordem moral e mística, como Cabeça do Corpo Místico (v. 18a); e na ordem escatológica, pela sua Ressurreição (v. 18b).
Aclamação ao Evangelho
Monição: Aclamemos Jesus Cristo, Rei do Universo, que nos vai iluminar com a Sua Palavra.
Gravemo-la no nosso coração e procuremos transformá-la na vida da nossa vida.
Aleluia
Cântico: Aleluia – Az. Oliveira, NRMS, 36
Bendito O que vem em nome do Senhor!
Bendito o reino do nosso pai David!
Evangelho
Lucas 23,35-43
35Naquele tempo, os chefes dos judeus zombavam de Jesus, dizendo: «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito». 36Também os soldados troçavam d’Ele; aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam: 37«Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo». Por cima d’Ele havia um letreiro: «Este é o Rei dos judeus». 38Entretanto, um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-O, dizendo: «Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também». 40Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: «Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? 41Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo das nossas más acções. Mas Ele nada praticou de condenável». 42E acrescentou: «Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza». 43Jesus respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso».
O paradoxo de um rei crucificado, sujeito ao sarcasmo mais aviltante (vv. 35-39), é o que há de mais impensável, para Jesus poder ser anunciado como o Messias Rei, não só para os judeus, mas para toda a Humanidade. Só se pode apresentar deste modo a Jesus, se Ele é mesmo Rei de verdade, embora seja um escândalo para os judeus e uma loucura para os gentios (cf. 1Cor 1,23); para nós, é a salvação mais comovedora que Deus nos pode oferecer, é o Rei que nos conquista pela máxima prova de amor.
Jesus, que, diante de Pilatos, já tinha declarado o que não é a sua realeza (cf. Jo 18,36), não explicando mais, porque o prefeito romano não se interessa pela verdade (cf. Jo 18,38), abre agora o seu coração a um criminoso, que, do meio do seu suplício, implora arrependido a misericórdia divina. Jesus revela-lhe que realeza é a sua e onde está o seu Reino: no «Paraíso», o Céu, onde vai entrar «hoje» mesmo (v. 43), sem ser preciso esperar por uma consumação escatológica geral do final dos tempos. A expressão, «quando vieres com a tua realeza» (v. 42), é uma tradução errada do original grego hotan elthes eis ten basileian sou, que a nova tradução da CEP corrigiu: «quando fores para o teu reino».
Na cena do ladrão arrependido fica patente a natureza do Reino de Cristo: é um reinado de perdão e misericórdia para conduzir os pecadores à salvação eterna.
Sugestões para a homilia
• Jesus Cristo, único Rei
• Cristo reina pela Cruz
1. Jesus Cristo, único Rei
Quando proclamamos e aclamamos Jesus Cristo Rei do Universo, não queremos aludir a nenhum sistema político, mas aclamar a Sua ação redentora.
Pelo pecado dos nossos primeiros pais e pelos pecados de cada um de nós, toda a criação se foi afastando dos planos amorosos do Criador.
A ecologia é também um problema da redenção e respeitá-la é tratá-la como deve ser tratada a maravilha que o Pai nos legou, por Seu Filho.
O homem não conspira contra a natureza somente quando polui as águas, enche tudo de plásticos ou envenena a atmosfera com a emissão de gases tóxicos. Qualquer pecado que comete, qualquer desvio da vontade de Deus é um atentado contra toda a criação.
É um contra-senso proclamar com toda a solenidade e espalhafato o cuidado da ecologia e depois, por meio das leis e da conduta, destruir a família, a vida antes do nascimento, arrebatar o que não nos pertence e destruir a consciência das pessoas.
• Reconheçamos o reinado de Cristo. Depois da morte de Saúl, David reinou sete anos no Hebron, porque várias tribos não o queriam reconhecer como tal, apesar de ungido pelo profeta Samuel, cumprindo as ordens do Senhor.
Certo dia, porém, foram procurá-lo ao Hebron para lhe comunicarem que o aceitavam como rei de todo o Israel.
«Nós somos dos teus ossos e da tua carne. Já antes, quando Saul era o nosso rei, eras tu quem dirigia as entradas e saídas de Israel. E o Senhor disse-te: “Tu apascentarás o meu povo de Israel, tu serás rei de Israel”».
A Liturgia da Solenidade de Cristo Rei vê nesta passagem uma alusão velada à realeza de Cristo Rei do Universo, e convida-nos a imitar os israelitas que foram procurar o rei David. Convida-nos a fazer isto mesmo: a dizer a Jesus, com o coração enamorado, que O aclamamos como nosso Rei, nosso Senhor e único Salvador.
• Reinado de Cristo e conversão pessoal. Reconhecer e acolher a realeza de Cristo em nossas vidas significa dar mais um passo em frente na conversão pessoal.
Perguntemos, pois, com sinceridade ao Senhor: Cristo reina em mim pela vida na graça santificante e pela fidelidade à aliança do Batismo? Reina no meu trabalho, feito com amor, perfeição e a construir a unidade entre todos? Faço da minha vida um construtor de pontes entre as pessoas, ou alguém que passa a vida a levantar muros de separação?
Acolher o reinado de Cristo na nossa vida não pode ficar só em palavras, em atitudes triunfalistas, mas exige a conversão do nosso coração ao amor de Deus e à Sua Lei.
Somente depois de fazermos um propósito e um esforço sincero para acertarmos a nossa vida por este caminho poderemos dizer como os israelitas.
Então, Jesus Cristo rei renovará com cada um de nós, no íntimo do coração, a aliança batismal. «O rei David concluiu com eles uma aliança diante do Senhor e eles ungiram David como rei de Israel.»
• Vamos com alegria para casa do Senhor. Com esta disposição de aceitar sobre nós o reinado de Cristo, participaremos com alegria na celebração dominical; tomaremos nas mãos cansadas o nosso terço em cada dia para o rezarmos com devoção e os deveres de família e o trabalho, como expressões de amor a Deus, encher-nos-ão de alegria.
O que torna incómodo para nós o Domingo, a oração e todas as demonstrações de religiosidade, é que vivemos num mundo oposto ao de Cristo, um mundo dissipado, cheio de estímulos para o mal; e quando chega a hora de nos encontrarmos com Deus, em vez de nos enchermos de alegria, sentimo-nos fartos de tédio.
Voltemo-nos generosamente para o Senhor, e poderemos cantar cheios de felicidade: Vamos com alegria para a casa do Senhor.
2. Cristo reina pela Cruz
O Evangelho transporta-nos ao Calvário, na tarde de Sexta Feira Santa, quando Jesus está mesmo a terminar a Sua vida mortal.
• Na Cruz, com o Mestre. O sofrimento em que está mergulhado, em vez de despertar a compaixão, como seria normal e humano, leva os Seus inimigos a escarnecerem d’Ele, como se tivesse passado a vida pública a enganar as pessoas, com falsos poderes: «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito». Ou então: «Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo».
Não podemos ficar à espera dos aplausos dos homens e fazer as coisas para os conquistar. Deus pede-nos também o desprendimento do gosto de se ver aplaudido e de encontrar o reconhecimento daqueles a quem fazemos bem.
• Vitoriosos com Jesus Cristo Rei. Jesus referia-Se frequentemente à Paixão, Morte e Ressurreição como a glorificação dada pelo Pai.
Como se pode considerar glorificação esta derrota completa? Foi esmagado por causa dos nossos crimes, ninguém levanta a voz para defender a Sua inocência e bondade infinitas. Uns calam-se por cobardia; outros, porque se deixaram convencer por esta onda de mentira.
Sem saber que exprimia uma realidade, Pilatos mandou afixar sobre a cabeça de Jesus uma grande verdade: «Este é o Rei dos judeus». Ele é o Rei do Povo de Deus prometido aos Patriarcas, e o novo Povo de Deus é a Igreja.
A Paixão e Morte de Jesus é a maior prova de Amor infinito de Deus por nós. «Ninguém tem maior amor ao seu amigo do que aquele que dá a vida por ele.»
Bastava uma só lágrima, uma minúscula gota de sangue ou um simples ato de amor de Jesus ao Pai, para resgatar todas as pessoas de todos os tempos e lugares e de todos os seus pecados. Mas Jesus age com divina liberalidade e acumula em Si mesmo tanto sofrimento físico e moral que nenhum de nós seria capa de o abraçar.
A Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus são a manifestação do Amor infinito de Deus para connosco na única linguagem que somos capazes de entender.
O demónio fez tudo o que pôde para derrotar Jesus na Sua Paixão e não o conseguiu. A derrota seria afastá-l’O da comunhão com o Pai. Mas é precisamente ao Pai que Jesus entrega a Sua vida, no derradeiro momento. «Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito».
• Reina pela misericórdia. Os chefes deste mundo reinam pelo medo que infundem nas pessoas, pelo poder nem sempre usado como deve ser e pela esperança que alimentam de conceder benefícios. Isto quer dizer que reinam sem amor, sem conquistar as pessoas para a sua amizade.
Cristo reina pela misericórdia e começa a reinar ainda na cruz. Enquanto um dos malfeitores que tinha sido crucificado com Ele se une ao coro dos que O insultam, o outro reconhece a realeza de Jesus e implora a Sua misericórdia. «Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza».
Imediatamente Lhe abre o Seu Coração misericordioso e, por ele, as portas do Paraíso. «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso».
• Triunfa por Amor. Vem depois o triunfo sobre a morte e o pecado, pela Sua Ressurreição gloriosa. Nós não seguimos apenas na vida cristã umas ideias belas, mas uma Pessoa viva que faz exclamar S. Paulo: «Vivo animado pela fé no Filho de Deus que me amou e Se entregou por mim.» (Gal 2, 29).
Já Lhe entregamos o nosso coração com toda a confiança? Façamo-lo neste momento, ou renovemos o nosso oferecimento.
• Aclamemos o Rei do Universo. Fora do amor a Jesus Cristo não há salvação. É uma sugestão perigosa do Inimigo a convicção de muitos contemporâneos de que Ele não faz falta na nossa vida e teremos uma vida menos complicada deixando-O de lado, pelo afastamento da oração, dos Sacramentos e desprezo dos Seus Mandamentos.
O afastamento prático do amor a Jesus Cristo leva rapidamente à pior das escravidões.
«Cristo é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criatura; Porque n’Ele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, visíveis e invisíveis, [...] Ele é a cabeça da Igreja, que é o seu corpo. Ele é o Princípio, o Primogénito de entre os mortos; em tudo Ele tem o primeiro lugar»
• Instaurar tudo em Cristo. S. Paulo, pela vida e pelo exemplo, convida-nos a trabalhar generosamente pela instauração do reinado de Jesus Cristo.
Cada pessoa que ajudarmos a aproximar-se d’Ele com toda a confiança e tronar-se Seu amigo de verdade, acrescenta mais um pouco ao Seu Reino. Ele não quer os bens temporais, nem um triunfo oco de manifestações externas, mas o amor de cada pessoa.
Com Maria, Rainha do Universo, aclamemos a Jesus Cristo nosso Deus e nosso Rei.
Fala o Santo Padre
«O Reino dos Céus é a nossa meta comum; uma meta que não pode ser só para amanhã,
mas imploramo-la e começamos a vivê-la hoje junto da indiferença que rodeia e silencia tantas vezes os nossos doentes,
os idosos e abandonados, os refugiados: todos eles são sacramento vivo de Cristo, nosso Rei.»
«Jesus, lembra-Te de mim, quando estiveres no teu Reino» (Lc 23, 42). No último domingo do Ano Litúrgico, unimos as nossas vozes à do malfeitor que, crucificado com Jesus, O reconheceu e proclamou rei. Lá, no momento menos triunfal e glorioso, no meio dos gritos de zombaria e humilhação, aquele delinquente foi capaz de levantar a voz e fazer a sua profissão de fé. São as últimas palavras que Jesus escuta e, na sua resposta, temos as últimas palavras que Ele pronuncia antes de Se entregar ao Pai: «Em verdade te digo [que] hoje estarás comigo no Paraíso» (Lc 23, 43). Por um instante, o passado tortuoso do ladrão parece ganhar um novo significado: acompanhar de perto o suplício do Senhor; e este instante limita-se a corroborar a vida do Senhor: oferecer sempre e por toda a parte a salvação. Calvário, lugar de desatino e injustiça, onde impotência e incompreensão aparecem acompanhadas pela murmuração bisbilhotada e cínica dos zombadores de turno perante a morte do inocente, transforma-se, graças à atitude do bom ladrão, numa palavra de esperança para toda a humanidade. As zombarias gritando «salva-te a ti mesmo», dirigidas ao inocente sofredor, não serão a última palavra; antes, suscitarão a voz daqueles que se deixam tocar o coração, optando pela compaixão como verdadeiro modo de construir a história.
Aqui, hoje, queremos renovar a nossa fé e o nosso compromisso. Como o bom ladrão, conhecemos bem a história dos nossos fracassos, pecados e limitações, mas não queremos que seja isso a determinar ou definir o nosso presente e futuro. Sabemos não serem poucas as vezes em que podemos cair no clima indolente que leva a proferir o grito fácil e cínico «salva-te a ti mesmo», e perder a memória do que significa carregar com o sofrimento de tantos inocentes. Estas terras experimentaram, como poucas, a capacidade destrutiva a que pode chegar o ser humano. Por isso, como o bom ladrão, queremos viver o instante em que se possa erguer as nossas vozes e professar a nossa fé em defesa e ao serviço do Senhor, o Inocente sofredor. Queremos acompanhar o seu suplício, sustentar a sua solidão e abandono, e ouvir mais uma vez que a salvação é a palavra que o Pai deseja oferecer a todos: «Hoje estarás comigo no Paraíso».
[…] Estão longe da verdade aqueles que, sabendo que não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura, pensam que podemos por isso descuidar os nossos deveres terrenos, sem advertirem que, pela própria fé professada, somos obrigados a realizá-los duma maneira tal que manifestem e façam transparecer a nobreza da vocação a que fomos chamados (cf. Gaudium et spes, 43).
A nossa é fé no Deus dos vivos. Cristo está vivo e atua no meio de nós, guiando-nos a todos para a plenitude da vida. Ele está vivo e quer-nos vivos. Cristo é a nossa esperança (cf. Christus vivit, 1). Pedimo-lo todos os dias: venha a nós o vosso Reino, Senhor. E, ao fazê-lo, queremos também que a nossa vida e as nossas ações se tornem um louvor. Se a nossa missão como discípulos missionários é ser testemunhas e arautos do que virá, ela não nos permite resignar-nos perante o mal e com os males, mas impele-nos a ser fermento do seu Reino onde quer que estejamos: em família, no trabalho, na sociedade; impele-nos a ser uma pequena abertura pela qual o Espírito continua a soprar esperança entre os povos. O Reino dos Céus é a nossa meta comum; uma meta que não pode ser só para amanhã, mas imploramo-la e começamos a vivê-la hoje junto da indiferença que rodeia e silencia tantas vezes os nossos doentes e pessoas com deficiência, os idosos e abandonados, os refugiados e trabalhadores estrangeiros: todos eles são sacramento vivo de Cristo, nosso Rei (cf. Mt 25, 31-46); porque, «se verdadeiramente partimos da contemplação de Cristo, devemos saber vê-Lo sobretudo no rosto daqueles com quem Ele mesmo Se quis identificar» (São João Paulo II, Novo millennio ineunte, 49).
Naquele dia, no Calvário, muitas vozes emudeciam, tantas outras zombavam; só a voz do ladrão soube erguer-se e defender o Inocente sofredor: uma corajosa profissão de fé. Cabe a cada um de nós a decisão de emudecer, zombar ou profetizar. Queridos irmãos, Nagasáqui carrega na sua alma uma ferida difícil de curar, sinal do sofrimento inexplicável de tantos inocentes; vítimas atingidas pelas guerras de ontem, mas que sofrem ainda hoje com esta terceira guerra mundial aos pedaços. Levantemos, aqui, as nossas vozes numa oração comum por todos aqueles que hoje estão a sofrer na sua carne este pecado que brada ao céu e para que sejam cada vez mais aqueles que, como o bom ladrão, sejam capazes de não se calar nem zombar, mas de profetizar, com a sua voz, um reino de verdade e vida, de santidade e graça, de justiça, amor e paz (cf. Missal Romano, Prefácio da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo).
Papa Francisco, Homilia, Estádio de Beisebol, Nagasáqui, 24 de novembro de 2019
Oração Universal
Irmãs e irmãos em Jesus Cristo Rei do Universo
Unidos a todos os cristãos do Oriente e do Ocidente,
voltemo-nos para Deus com humildade e confiança
e peçamos pela Igreja e pelo mundo dos homens.
Oremos (cantando) com Amor e devoção:
Senhor, venha a nós o vosso Reino.
1. Pela santa Igreja e pelos seus pastores e cristãos do mundo inteiro,
e pelos Judeus e Muçulmanos e pelos ainda não têm a alegria da fé,
oremos, irmãos.
Senhor, venha a nós o vosso Reino.
2. Por todas as pessoas pelas quais Jesus morreu e procuram amá-lO,
por aquelas que O insultam e desprezam, ou na cruz O invocam,
oremos, irmãos.
Senhor, venha a nós o vosso Reino.
3. Por todos os que têm por missão governar as nações neste mundo,
pelos que estão em guerra e passam fome e pelas vítimas do ódio, oremos, irmãos.
Senhor, venha a nós o vosso reino.
4. Por aqueles que vivem longe de Deus e estão angustiados e tristes
e pelos que abrem o coração a Cristo, que lhes promete o Paraíso,
oremos, irmãos.
Senhor, venha a nós o vosso reino.
5. Por todos nós aqui a celebrar a Eucaristia e pelas nossas famílias,
e pelos que servem dedicada e gratuitamente a Cristo nos pobres,
oremos, irmãos.
Senhor, venha a nós o vosso reino.
4. Por todos os nossos parentes, amigos e conhecidos que faleceram
e aguardam agora que Jesus Cristo os receba no Seu reino de Luz,
oremos, irmãos.
Senhor, venha a nós o vosso reino.
Deus, amigo dos homens,
que, em Jesus, nos dais a conhecer o nosso Rei,
fazei-nos escolher, com Ele e como Ele,
o amor como força invencível para servir
e o serviço às pessoas como única grandeza.
Por Cristo Senhor nosso.
Liturgia Eucarística
Introdução
Chegou o momento de nos examinarmos sobre o que na nossa vida ainda não faz parte do Reinado de Jesus Cristo.
A melhor oferta deste dia é o propósito de procurar em todas as circunstâncias da nossa vida fazer a vontade de Deus, sem fugas cobardes que nos afastariam d’Ele.
Cântico do ofertório: Eterno sacerdote e Rei universal – M. Faria, NRMS, 3
Oração sobre as oblatas: Aceitai, Senhor, este sacrifício da reconciliação humana e, pelos méritos de Cristo vosso Filho, concedei a todos os povos o dom da unidade e da paz. Por Nosso Senhor...
Prefácio
Cristo, Sacerdote e Rei do universo
V. O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
V. Corações ao alto.
R. O nosso coração está em Deus.
V. Dêmos graças ao Senhor nosso Deus.
R. É nosso dever, é nossa salvação.
Senhor, Pai Santo, Deus eterno e omnipotente, é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-Vos graças, sempre e em toda a parte:
Com o óleo da alegria consagrastes Sacerdote eterno e Rei do universo o vosso Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor, para que, oferecendo-Se no altar da cruz, como vítima de reconciliação, consumasse o mistério da redenção humana e, submetendo ao seu poder todas as criaturas, oferecesse à vossa infinita majestade um reino eterno e universal: reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz.
Por isso, com os Anjos e os Arcanjos e todos os coros celestes, proclamamos a vossa glória, cantando numa só voz:
Santo, Santo, Santo.
Santo: J. F. Silva – NRMS, 14
Saudação da Paz
Jesus Cristo veio do Céu à terra para fundar no coração de cada pessoa a verdadeira paz e amor.
Estamos disponíveis para abrir o nosso coração, a fim de que este projeto de Cristo se realize em nós?
Monição da Comunhão
Abramos generosamente o coração para acolher Jesus Cristo Rei do Universo, realmente vivo e real na Santíssima Eucaristia que vamos comungar.
Esforcemo-nos por comungar com fé e amor, para que possamos dizer com S. Paulo: Já não sou eu que vivo. É Cristo que vive em mim.
Cântico da Comunhão: O Senhor está sentado – C. Silva, OC, pg 184
Salmo 28, 10-11
Antífona da comunhão: O Senhor está sentado como Rei eterno; O Senhor abençoará o seu povo na paz.
Cântico de acção de graças: Exultai de alegria no Senhor – J. F. Silva, NRMS, 87
Oração depois da comunhão: Senhor, que nos alimentastes com o pão da imortalidade, fazei que, obedecendo com santa alegria aos mandamentos de Cristo, Rei do universo, mereçamos viver para sempre com Ele no reino celeste. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Ritos Finais
Monição final
Comecemos a instauração do reinado de Cristo pela nossa vida de cada dia: o trabalho, as amizades e a oração bem feita.
Cântico final: Glória a Jesus Cristo – A. Oliveira, NRMS, 92
Homilias Feriais
34ª SEMANA
2ª Feira, 21-XI: Apresentação de Nossa Senhora.
Zac 2, 14-17 / Mt 12, 46-50
Exulta e alegra-te, filha de Sião, porque venho habitar no meio de ti.
Celebramos a dedicação e a entrega de Nossa Senhora a Deus. É um bom dia para a louvarmos e nos alegrarmos com Ela (LT e SR): Ela foi, por pura graça, concebida sem pecado, como a mais humilde criatura, a mais capaz de acolher o dom inefável do Omnipotente. É a justo título que o Anjo Gabriel a saúda como «filha de Sião»: Avé (Alegra-te).
Também queremos fazer parte desta família do Senhor: Tornar-se discípulo de Jesus é aceitar o convite para pertencer à família de Deus, em conformidade com a sua maneira de viver: Todo aquele que fizer a vontade de meu Pai …(EV).
3ª Feira, 22-XI: Vitória do reino de Cristo.
Ap 14, 14-19 / Lc 21, 5-11
Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Mestre por que será tudo isto? Que sinal haverá de que está para acontecer?
Jesus profetiza a destruição do Templo de Jerusalém (EV). Mas também se refere ao fim dos tempos: já chegou a plenitude dos tempos, a renovação do mundo já está irrevogavelmente adquirida e, de certo modo, encontra-se já realmente antecipada neste tempo.
Mas entretanto, o reino de Cristo é ainda atacado pelos poderes do mal, embora estes já tenham sido radicalmente vencidos pela Páscoa de Cristo. Por este motivo, os cristãos oram, sobretudo na Eucaristia, para que se apresse o regresso de Cristo, dizendo-lhe: Vem, Senhor!
4ª Feira, 23-XI: Firmeza nas tribulações.
Ap 15, 1-4 / Lc 21, 12-19
Deitar-vos-ão as mãos e hão-de perseguir-vos, para vos entregarem às sinagogas e às prisões.
Antes da vinda de Cristo, a Igreja deverá passar por uma prova final, que abalará a fé de numerosos crentes. A perseguição, que acompanha a sua peregrinação na terra (EV), porá a descoberto o ‘mistério da iniquidade’.
No meio dos obstáculos e dificuldades havemos de esforçar-nos por nos mantermos firmes. Esta fidelidade é possível porque se apoia em Deus. Porque só vós sois Santo, e todas as nações virão prostrar-se diante de Vós (LT). Pela nossa parte, procuraremos viver a fidelidade nas coisas pequenas, recomeçar quando nos desviamos, retirar os obstáculos que dificultam a união com Deus.
5ª Feira, 24-XI: O Juízo final e a Conversão
Ap 18, 1-2. 21-23; 19, 1-3.9 / Lc 1, 20-28
Nessa altura verão o Filho do Homem vir numa nuvem, com grande poder e majestade.
A consumação do reino far-se-á por uma vitória de Deus sobre o último desencadear do mal: Condenou a grande meretriz, que corrompia a terra com a sua imoralidade e nela fez justiça ao sangue dos seus servos (LT),
Quando se der esta vinda gloriosa de Cristo (EV) terá lugar o juízo final. A mensagem do juízo final é um apelo à conversão, enquanto Deus dá ainda aos homens o tempo favorável da salvação. Procuremos dar uma resposta a esta mensagem através de pequenas conversões diárias.
6ª Feira, 25-XI: Os novos céus e a nova terra.
Ap 24, 1-4, 11-21, 2 / Lc 21, 29-33
Vi então um novo céu e uma nova terra. Vi depois a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do Céu.
A Escritura chama a esta misteriosa renovação, que há-de transformar a humanidade e o mundo, os ‘novos céus’ e a ‘nova terra’ (LT)
O significado da ‘cidade santa’ é o seguinte: os que estiverem unidos a Cristo formarão a comunidade dos resgatados, a ‘cidade santa’ de Deus (SR). Esta cidade não mais será atingida pelo pecado, pelo amor próprio, que destroem e ferem a comunidade terrena dos homens. A visão beatífica será fonte inexaurível da felicidade, da paz e da mútua comunhão.
Sábado, 26-XI: Vigilância e oração.
Ap 22, 1-7 / Lc 21, 34-36
O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade, e os seus servos irão prestar-lhe culto, irão vê-lo frente e a frente.
S. João refere-se ao Céu. Os que morrem na graça e na amizade de Deus, e estiverem perfeitamente purificados, viverão para sempre com Cristo. São semelhantes a Deus, porque O verão tal como Ele é, face a face (LT).
Para preenchermos estas condições, temos que lutar durante toda a vida. Esta vigilância estende-se ao campo da oração: Velai e orai em todo o tempo (EV) ao campo da mortificação, lutando contra tudo aquilo que torna pesados os nossos corações: a intemperança, a embriaguez e as preocupações da vida (EV).
Celebração e Homilia: Fernando Silva
Nota Exegética: Geraldo Morujão
Homilias Feriais: Nuno Romão
Sugestão Musical: José Carlos Azevedo