Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos
2ª Missa
2 de Novembro de 2022
RITOS INICIAIS
Cântico de entrada: Nós te rogamos, Senhor – M. Luís, NRMS, 19-20
cf. Esdr 2, 34-35
Antífona de entrada: Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso, nos esplendores da luz perpétua.
Introdução ao espírito da Celebração
O dia de Fiéis Defuntos é acima de tudo uma celebração da nossa fé e da fé dos irmãos que nos precederam; uma celebração da fé recebida, vivida em comum e transmitida de geração em geração. Fé feita dom que nos levou a Jesus, à sua Igreja e aos sacramentos, os quais que alimentaram e alimentam a nossa vida pessoal e comunitária, que nos uniram na vivência dos mesmos valores e critérios, pondo-nos no mesmo sentido da vida e da morte. Celebração de fé e da fé em que não olhamos a morte mas o que está para além dela; celebração de fé, vivida em memória coletiva, numa atitude de ação de graças: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelastes aos pequeninos».
Oração colecta: Senhor, glória dos fiéis e vida dos justos, que nos salvastes pela morte e ressurreição do vosso Filho, acolhei com bondade os vossos fiéis defuntos, de modo que, tendo eles acreditado no mistério da ressurreição, mereçam alcançar as alegrias da bem-aventurança eterna. Por Nosso Senhor...
Liturgia da Palavra
Primeira Leitura
Monição: A fé do antigo Povo de Deus na imortalidade da alma e na ressurreição dos corpos, tornou-se mais firme e mais profunda, na época dos Macabeus, caracterizada por graves perseguições. É esta crença, confirmada pelos ensinamentos de Jesus Cristo, que dá sentido à nossa oração pelos defuntos.
2 Macabeus 12,43-46
Naqueles dias, 43Judas Macabeu fez uma colecta entre os seus homens de cerca de duas mil dracmas de prata e enviou-as a Jerusalém, para que se oferecesse um sacrifício de expiação pelos pecados dos que tinham morrido, praticando assim uma acção muito digna e nobre, inspirada na esperança da ressurreição. 44Porque, se ele não esperasse que os que tinham morrido haviam de ressuscitar, teria sido em vão e supérfluo orar pelos mortos. 45Além disso, pensava na magnífica recompensa que está reservada àqueles que morrem piedosamente. Era um santo e piedoso pensamento. Por isso é que ele mandou oferecer um sacrifício de expiação pelos mortos, para que fossem libertos do seu pecado.
Judas Macabeu é o grande herói tanto do 1º como do 2º livro dos Macabeus; seguiu o seu pai Matatias na resistência contra a helenização pagã do povo de Israel, tendo chegado, em 165 aC, a conseguir a purificação do templo e a restauração do culto (cf. 1Mac 4,36-59; 2Mac 10,1-9). O seu título de Macabeu significa martelo ou malho, título que lhe veio da impugnação do paganismo imposto pelo soberano sírio, e das derrotas infligidas aos opressores do povo judeu (sírios e egípcios). A leitura fala duma colecta de 2.000 dracmas de prata (não 12.000 como aparecia na Vulgata, um texto que a Nova Vulgata corrige, de acordo com os melhores manuscritos). A moeda grega pesava cerca de 4 gramas de prata; tratava-se, pois, de cerca de oito quilos de prata.
46 «Um santo e piedoso pensamento». O sacrifício que Judas manda oferecer revela a fé numa vida além-túmulo. Com efeito, a aprovação formal do hagiógrafo deixa-nos ver como a oração pelos defuntos que têm faltas a expiar – aqueles soldados mortos no campo de batalha conservavam despojos que tinham sido ofertas aos ídolos, o que era proibido pela Lei – é uma coisa que lhes aproveita. Daqui se deduz a existência do Purgatório, uma fase de expiação de pecados que não impedem a salvação eterna, mas, de alguma maneira, a atrasam (falando em linguagem humana de uma realidade transcendente). É sobretudo a Tradição, a vida e o Magistério da Igreja que esclarecem esta doutrina revelada por Deus.
Salmo Responsorial Sl 102 (103), 8 e 10.13-14.15-16.17-18 (R. 8a ou Sl 36 (37), 39a)
Monição: Nada havemos de temer neste mundo nem sequer a morte porque o Senhor é clemente e a sua bondade permanece eternamente.
Refrão: O Senhor é clemente e cheio de compaixão.
Ou: A salvação dos justos vem do Senhor.
O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade.
Não nos tratou segundo os nossos pecados,
nem nos castigou segundo as nossas culpas.
Como um pai se compadece dos seus filhos,
assim o Senhor Se compadece dos que O temem.
Ele sabe de que somos formados
e não Se esquece que somos pó da terra.
Os dias do homem são como o feno:
ele desabrocha como a flor do campo
mal sopra o vento desaparece
e não mais se conhece o seu lugar.
A bondade do Senhor permanece eternamente sobre aqueles que O temem
e a sua justiça sobre os filhos dos seus filhos,
sobre aqueles que guardam a sua aliança
e se lembram de cumprir os seus preceitos.
Aclamação ao Evangelho
Monição: Jesus é a ressurreição e a vida. Quem acredita n’Ele, embora venha a morrer, viverá!
Aleluia
Cântico: C. Silva/A. Cartageno, COM, (pg 113)
Eu sou a ressurreição e a vida, diz o Senhor.
Quem acredita em Mim nunca morrerá.
Evangelho
São Lucas 7,11-17
Naquele tempo, 11dirigia-Se Jesus para uma cidade chamada Naim; iam com Ele os seus discípulos e uma grande multidão. 12Quando chegou à porta da cidade, levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva. Vinha com ela muita gente da cidade. 13Ao vê-la, o Senhor compadeceu-Se dela e disse-lhe: «Não chores». 14Jesus aproximou-Se e tocou no caixão; e os que o transportavam pararam. Disse Jesus: «Jovem, Eu te ordeno: levanta-te». 15O morto sentou-se e começou a falar; e Jesus entregou-o à sua mãe. 16Todos se encheram de temor e davam glória a Deus, dizendo: «Apareceu no meio de nós um grande profeta; Deus visitou o seu povo». 17E a fama deste acontecimento espalhou-se por toda a Judeia e pelas regiões vizinhas.
1 «Naim». Como também hoje, não seria propriamente uma cidade, mas uma pequena aldeia a uns 10 km a Sueste de Nazaré. É frequente que S. Lucas dê o nome da cidade a pequenas aldeias. É esta a única passagem em toda a Bíblia onde se fala desta terra, o que leva a crer que seria mesmo um lugarejo sem importância, mas isso não obstou a que Jesus fizesse ali um grande milagre. É S. Lucas o único Evangelista a contá-lo, o Evangelista que mais se detém a retratar a misericórdia do coração de Cristo; nem sequer foi preciso um pedido formal da desolada viúva para que, com uma única palavra, transformasse o seu choro na maior alegria, devolvendo-lhe o seu único filho vivo. Os funerais costumavam realizar-se no mesmo dia da morte, ao meio da tarde.
15 «E Jesus entregou-o à mãe». Santo Agostinho comenta: «Esta mãe viúva alegra-se com o filho ressuscitado. Diariamente se alegra a Mãe Igreja com os homens que ressuscitam na sua alma. Aquele estava morto quanto ao corpo; estes, quanto ao seu espírito. Aquela morte visível chora-se visivelmente; a morte invisível destes nem se chora nem se vê. Anda à busca destes mortos Aquele que os conhece, Aquele que pode fazê-los voltar à vida» (Sermão 98, 2). O mesmo Santo afirma que é um maior milagre a conversão dum pecador do que a ressurreição dum morto, embora seja menos espectacular.
Sugestões para a homilia
(Ver primeira missa)
Oração Universal
(Ver primeira missa)
Liturgia Eucarística
Cântico do ofertório: Felizes os homens – M. Simões, NRMS, 11
Oração sobre as oblatas: Deus de bondade infinita, que purificastes na água do Baptismo os vossos servos defuntos, purificai-os também agora no Sangue de Cristo, por este sacrifício de reconciliação. Por Nosso Senhor.
Prefácio dos Defuntos: p. 509 [652-764] e pp. 510-513
Santo: C. Silva – COM, (pg 193)
Monição da Comunhão
Ao recebermos o Pão da vida, possamos ser purificados pelo mistério pascal e alcançar a glória da ressurreição futura.
Cântico da Comunhão: – Eu sou a ressurreição e a vida – M. Faria, NRMS, 19-20
cf. Esdr 2, 35.34
Antífona da comunhão:
V. Brilhe para eles a luz perpétua.
R. Vivam para sempre com os vossos Santos, porque Vós sois bom, Senhor.
V. Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno, nos esplendores da luz perpétua.
R. Vivam para sempre com os vossos Santos, porque Vós sois bom, Senhor.
Cântico de acção de graças: Aquele que vive e crê em Mim – A. Oliveira, NRMS, 144
Oração depois da comunhão: Ao recebermos o sacramento do vosso Filho, que por nós foi imolado e ressuscitou glorioso, humildemente Vos suplicamos, Senhor, pelos vossos fiéis defuntos, para que, purificados pelo mistério pascal, alcancem a glória da ressurreição futura. Por Nosso Senhor.
Ritos Finais
Monição final
Mostremos que há Alguém que nos anima, que nos dá força e coragem, que dá um sentido diferente à nossa vida e que esse "Alguém" é Cristo Jesus. Vivendo assim nunca teremos medo da morte. Ela não será o fim porque Cristo que ressuscitou também nos ressuscitará a nós para nos fazer, com Ele, herdeiros do Reino dos Céus.
Vivei e trabalhai de modo a estar prontos para acolher o Senhor que vem, dizendo «a minha alma tem sede de Vós, Senhor». Estai sempre atentos e vigilantes! Procurai o Senhor! Jamais percais o Seu caminho!
Cântico final: Eu sei que o meu redentor vive – M. Faria, NRMS, 19-20
Celebração e Homilia: Nuno Westwood
Nota Exegética: Geraldo Morujão
Sugestão Musical: José Carlos Azevedo