aCONTECIMENTOS eclesiais
DO MUNDO
Europa:
Bispos católicos e Igrejas cristãs apelam a resposta unida
convidaram a colocar uma vela na janela na Vigília Pascal
A Comissão dos Episcopados Católicos da UE (COMECE) e a Conferência das Igrejas Europeias (CEC) lançaram, em princípios de abril, um apelo por uma resposta unida e solidária, perante a crise provocada pela pandemia de Covid-19.
Na mensagem enviada à Agência Ecclesia, os responsáveis cristãos destacam a “responsabilidade partilhada” por todos os Estados em relação aos doentes e as pessoas afetadas pelo novo coronavírus, agradecendo aos que estão na “linha da frente” do combate à doença.
“Este é o momento para que todos demonstremos o nosso compromisso conjunto com o projeto europeu e os valores europeus comuns de solidariedade e unidade, não de capitular diante do medo e do nacionalismo”, assinalam os presidentes da COMECE e da CEC, o cardeal Jean-Claude Hollerich e o reverendo Christian Krieger, respetivamente.
Os representantes cristãos apelam à adoção de “medidas criativas” para enfrentar novas dificuldades sociais, económicas e financeiras, que permitam ainda “reforçar os sistemas de saúde mais frágeis, nas regiões pobres do mundo”.
Convidaram também os cristãos a acender uma vela e a colocá-la na janela hoje, na Vigília Pascal, como “sinal de esperança”.
“É uma mensagem pequena, mas significativa e simbólica de esperança, neste momento histórico e dramático em que milhões de pessoas na Europa e no resto do mundo são afetadas por muito sofrimento e incerteza causada pela pandemia de Covid-19”, explicam os cardeais D. Angelo Bagnasco e D. Jean-Claude Hollerich, respetivamente presidentes do CCEE e da Comece.
Em ‘Acenda uma vela na véspera da Páscoa’, os responsáveis do Conselho das Conferências Episcopais da Europa e da Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia explicam que esta iniciativa pretende “também reforçar” o sentido de “comunidade na União Europeia e “em todos os países europeus”, quando o “atual contexto de medo leva a desconfiar do outro”.
“Mais do que nunca devemos cultivar os sulcos da fraternidade: é unido e unido que venceremos esse flagelo”, afirmam os cardeais D. Angelo Bagnasco e D. Jean-Claude Hollerich, no comunicado divulgado no sítio online da Comece.
Inglaterra:
A Igreja «rededicará» o país como «Dote de Maria»
Que «as coisas estão malzitas» já está fora de toda dúvida. Por isso é uma imensa alegria comprovar que se poem os meios para «as arranjar», os meios que na verdade é preciso usar: os sobrenaturais. E que, além disso, neste caso, estão alentados pelos pastores.
Na Assembleia de novembro de 2017 da Conferência Episcopal da Inglaterra e País de Gales, os bispos propuseram ‘rededicar‘ a sua pátria a Nossa Mãe, um retomar a Inglaterra como O «Dote de Maria» que durante muito tempo o foi. A ‘rededicação’ formal teve lugar no domingo 29 de março de 2020 (domingo posterior à Anunciación) em todo o país, nas catedrais, igrejas, santuários e outros lugares.
Consistiu numa «dedicação pessoal do povo da Inglaterra seguindo os passos do Rei Ricardo II, o qual, perante a grande agitação política em 1381 [Rebelião de Wat Tyler] foi ao Santuário de Nossa Senhora de Puy na Abadia de Westminster para buscar a sua orientação e proteção», segundo o manifestou o Reitor do Santuário de Nossa Senhora de Walsingham, Mons. John Armitage, a Crux.
Juntamente com essa «dedicação» pessoal, houve uma renovação dos votos feitos pelo rei Ricardo II. No sitio web www.behold2020.com pode encontrar-se um mapa dos lugares que aderiram e uma formosa advertência:
A história nos mostra-nos que, quando o povo reza para submeter a sua vida à vontade de Deus, a sociedade transforma-se. Levando a cabo esta consagração pessoal em 2020, podes fazer parte da renovação da nossa nação, que nos aproximará mais da vontade amorosa de Deus, através de Maria.
Sinceramente, não esperava esta chamada: é pessoal, mas também comunitária, é nova, todavia entronca na la tradição. É um abandono filial e esperançado nas mãos do Senhor. Parece-me um exemplo que podem imitar outros episcopados e que fariam muito bem aos fieis.
Como preparação desta consagração, a imagem de Nossa Senhora de Walsingham peregrina a todas as Catedrais da Inglaterra, e está a incentivar-se a que peregrine aproximando-se do Santuário em Norfolk. Deste modo procura-se «abordar o facto de que a compreensão do antigo título de Inglaterra como o ‘Dote de Maria’, que indica o grande amor de Nossa Senhora pelo povo de Inglaterra, diminuiu e deve sobressair nesta geração».
Mons. John Armitage quis também aproveitar a ocasião para atualizar a «Mensagem de Nossa Senhora em Walsingham de ‘comparticipar a minha alegria na Anunciação’, porque Walsingham é um Santuário mariano da Encarnação».
O Reitor do santuário recordou la expressão medieval de devoção à Santíssima Virgem como uma realidade sempre antiga e sempre nova e manifestou a confiança de que a rededicação ajudará os crentes ingleses a «recordar a nossa notável herança espiritual que trará honra ao passado e esperança para as pessoas de hoje enquanto procuram tomar a sério as palavras de Nossa Senhora em Caná: ‘Fazei o que Ele vos disser’».
Em 1061, a Virgem apareceu à nobre Ricarda de Faverches pediu-lhe que se construísse uma réplica da sua casa de Nazaré onde teve lugar a Anunciação. A basílica atual foi construída em 1340 e massacrada pela Reforma. A capela chegou a ser um estábulo. A imagem enviada a Londres para ser queimada. A última visita real que recebeu foi a da filha dos Reis Católicos e esposa de Enrique VII: Catalina de Aragão.
Mons. Armitage explicou numa entrevista ao N.C. Register o significado histórico e atual do «Dote de Maria»:
Única entre todas as nações, os católicos de Inglaterra crêem desde há séculos que a sua nação é, de um modo especial, o «Dote de Maria».
A palavra «dote» (do latim dos, que significa «doação) é entendida por vezes como a doação que acompanha a uma esposa. Todavia, na lei medieval inglesa, o significado inverte-se: o marido reserva uma parte das suas propriedades para a manutenção da sua esposa, no caso de que esta fique viúva. O significado histórico de Inglaterra como «Dote de Maria» compreende-se neste sentido: que Inglaterra foi reservada para Maria. Pensa-se que este título tem a sua origem na época de S. Eduardo o Confessor (1042-1066), embora se desconheça a sua origem exata. Em meados do século XIV o seu uso era já generalizado; e, à volta de 1350, um pregador mendicante declarou num sermão que «se diz habitualmente que Inglaterra é o dote da Virgem», indicando a origem do título na profunda devoção que os ingleses tinham à Mãe de Deus desde a Idade Média.
Acreditava-se que a Inglaterra pertencia a Maria de um modo especial, uma vez que era considerada a «protectora» do país e quem, por meio dos seus poderes de interceção, atuava como sua defensora ou guardiã. Durante o reinado de Enrique V (1386 -1422), o título aplicava-se à Inglaterra nos textos latinos. E Segundo o cronista monástico Thomas Elmham, os sacerdotes ingleses procuraram a intercessão da «Virgem, protetora do seu dote», na vigília da Batalha de Azincourt.
É um título de Inglaterra, estabelecido por una Lei real e proclamado pelo arcebispo Arundel, que nunca foi rescindido por nenhum monarca nem pelo Parlamento.
E quando foi perguntado sobre a oportunidade da nova consagração manifestou que:
Cada geração e cada momento da história traz consigo grandes, e às vezes perigosos, desafios. O nosso momento é um deles. O Santo Padre, o Papa Francisco, diz que «não estamos numa época de mudança, mas numa mudança de época». O Papa León XIII profetizou que «quando a Inglaterra voltar a Walsingham, Nossa Senhora voltará a Inglaterra». À medida que o mundo e a Igreja enfrentam os desafios do nosso tempo, dirigimo-nos Àquela que superou o seu temor na Anunciação, aceitando, por meio da fé, que nada é impossível para Deus. O seu «Sim» a Deus criou o caminho para que a luz de Cristo entrasse no mundo. Com fé, como Maria, devemos levar essa luz ao mundo de hoje.
Será um bom dia para nos unirmos em oração aos nossos irmãos ingleses.
Paquistão:
Arcebispo de Lahore alerta para sequestros de adolescentes cristãs
O arcebispo de Lahore, no Paquistão, alertou em entrevista à Agência Ecclesia para a sucessão de sequestros de adolescentes cristãs ou hindus, duas das principais minorias religiosas no país asiático.
De passagem por Portugal, D. Sebastian Shaw fala de menores de idade que foram “raptadas e violadas”, sendo forçadas a converter-se ao Islão.
A situação foi denunciada ao Governo e a responsáveis religiosos muçulmanos, os quais sublinharam que as conversões forçadas são também proibidas pelo Islão.
“Alguma legislação está a ser produzida para controlar os sequestros e as conversões forçadas. Esperemos que ainda este ano”, indicou o responsável católico.
Entre os casos mais mediáticos está o de Huma Younus, acompanhado a nível internacional pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
A jovem foi convocada para prestar declarações no Supremo Tribunal de Karachi no próximo dia 3 de fevereiro, um gesto considerado inédito no Paquistão.
“Há sinais de mudança, agora. O atual Governo está a trabalhar muito para que todas as pessoas tenham um sentimento de pertença e de unidade, de que todos somos paquistaneses”, indica D. Sebastian Shaw.
O arcebispo de Lahore assinala que o “grande problema” do fundamentalista islâmico, com grupos terroristas, está a ser enfrentado pelo poder executivo e o exército.
“Os grupos terroristas estão mais controlados, agora, é um passo importante”, indica.
Segundo o responsável católico, está um curso um diálogo com líderes islâmicos empenhados na construção de uma sociedade mais pacífica, inspirado pelo documento sobre a “Fraternidade Humana” que o Papa Francisco assinou com o Grande Imã de Al-Azhar no mês de fevereiro do ano passado em Abu Dhabi.
O arcebispo da capital da província do Punjab, no leste do Paquistão, espera que estas mudanças tragam mais “paz e justiça social” ao país, respeitando todas as minorias religiosas. “Nos últimos anos, sofremos muito, muito. Mas estamos a sair dessa situação”, aponta.
O entrevistado falou ainda dos principais desafios para os católicos, num país onde os cristãos são apenas 1,2%.
O nosso principal papel no Paquistão – e penso que em todos os lugares – é trabalhar mais sobre a questão da tolerância. Costumo dizer ao nosso grupo de diálogo inter-religioso, imãs e académicos: vamos passar de nível. Até hoje, era sempre a tolerância, mas penso que não é suficiente, temos de passar de nível, que é o da aceitação”.
D. Sebastian Shaw refere que há um reconhecimento do papel das escolas cristãs do país, pelo seu nível educativo.
“A educação é um elemento social. Nas nossas escolas, mais de 90% dos estudantes são muçulmanos. Essa é também uma forma de promover o diálogo, eles gostam de estudar nas nossas escolas”, espaços mais abertos e “baseados em valores, valores humanos”.
A Igreja Católica empenha-se também na área da saúde e no apoio social, através da Cáritas, que estende a sua atenção às alterações climáticas, para “tornar o Paquistão mais verde”, com gestos como a plantação de 1 milhão de árvores; simbolicamente, um grupo inter-religioso procedeu à plantação de oliveiras.
Alemanha:
Portugueses da Comunidade Católica de Mainz,
criam novas ocasiões de encontro no ambiente digital (c/vídeo)
O pároco da Comunidade Católica de Língua Portuguesa de Mainz, na Alemanha, apostou nas transmissões das celebrações online para “reunir as pessoas” e experimentar novas formas de oração e de convívio “visitando cada casa”.
“O nosso objetivo é rezar em conjunto e comunicar também entre todos, não é uma transmissão profissional, e no fim de cada transmissão juntamos a possibilidade de todas as pessoas que estão a assistir deixar uma saudação”, explica o padre Rui Barnabé.
Sentindo a necessidade da proximidade com os emigrantes membros da comunidade e, “apesar da presença na internet, um blog e uma página de facebook”, era preciso mais.
“Os padres aqui em Mainz estão convidados a tocar os sinos quando começam a celebrar Missa às horas habituais, esta simbólica está a acontecer na cidade toda, no domingo de Páscoa foi uma sinfonia de sinos, não é da Igreja Católica só mas também de igrejas evangélicas, foi quase ininterrupto o toque dos sinos na cidade; mas para uma comunidade cristã de emigração a maioria das pessoas não vive no centro da cidade e a simbólica dos sinos não chega”, justifica.
As transmissões foram “melhorando com a ajuda de membros da comunidade”, ligados às tecnologias. “As pessoas estão a apreciar, o número das pessoas que entram na plataforma aumentou, mas a minha preocupação não são os números, pois eu como padre já estaria a rezar aquela hora, mas se nos pudermos encontrar e rezar esse é o grande objetivo”, aponta o sacerdote aveirense.
As transmissões online têm a particularidade de um “pequeno convívio” no fim e surgiu uma nova modalidade de oração na própria comunidade, “apesar da limitação esta é uma oportunidade”.
“Há uma coisa que nunca se fez, uma oração da noite em conjunto, em tempos normais a comunidade está dispersa e encontra-se ao fim-de-semana mas agora conseguimos e as pessoas estão a desejar boa noite umas às outras e saber se estão todos bem”, afirma.
O padre Rui Barnabé contou ainda à Ecclesia que o fim da vigília pascal, adaptada à transmissão online, foi feito um “brinde de Páscoa aos amigos e vizinhos”, pessoas que “vivem a 60 e 70 km umas das outras e assim se encontraram desta forma”.
Esta nova realidade traz ainda outros desafios quer nos ambientes de celebração, que o sacerdote prepara, quer na forma mais “silenciosa” em que tem de celebrar.
“Numa das celebrações do Tríduo em que de uma das casas estavam a cantar eu atrapalhei o nosso responsável do coro porque comecei a cantar com ele, esqueci-me que não estávamos juntos e esse sentimento é engraçado, não é uma situação normal mas conseguimo-nos abstrair e com esta maneira parece que a gente se sente mais unidos nas celebrações”, partilha.
Nesta comunidade não se sentiu a limitação dos emigrantes não regressarem a Portugal para a festa da Páscoa, “uma vez que vão mais na altura do Natal” mas aconteceu a situação contrária.
“Há famílias que pertenciam a esta comunidade, se reformaram e voltaram a Portugal, e agora teriam de escolher uma celebração online e algumas têm participado connosco porque sentem saudades desta comunidade que deixaram, aqui tenho esta relação ao contrário, que dizem nunca pensarem celebrar a Páscoa online com a comunidade onde estiveram tantos anos”, afirma.
Brasil:
Bispos pedem união da sociedade e dos responsáveis
na luta contra o novo coronavírus
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) escreveu a nota “Pacto pela Vida e pelo Brasil” a convocar a sociedade e os responsáveis a unirem-se pela prevenção e combate à Covid-19.
“O momento que estamos enfrentando clama pela união de toda a sociedade brasileira, para a qual nos dirigimos aqui. O desafio é imenso: a humanidade está sendo colocada à prova. A vida humana está em risco”, pode ler-se em nota enviada à Agência Ecclesia.
O documento nota que “a hora é grave e clama por liderança ética, arrojada, humanística, que ecoe um pacto firmado por toda a sociedade, como compromisso e bússola para a superação da crise atual”.
A CNBB convoca a sociedade e responsáveis pelos poderes públicos a se libertarem dos “vírus mortais da discórdia”, da violência, do ódio e a se unirem no único confronto que a todos interessa nesse momento: a prevenção e o combate à Covid-19, em defesa da vida, especialmente a dos mais pobres e vulneráveis.
No documento “Pacto pela Vida e pelo Brasil” a CNBB considera esta como a “mais grave crise sanitária” e apela à solidariedade e caridade, com “palavras e atitudes serenas de paz, de fé e de esperança, de respeito às leis e à democracia”.
“É com perplexidade e indignação que assistimos manifestações violentas contra as medidas de prevenção ao coronavírus; que ouvimos declarações enviesadas de desprezo pela vida, por parte de agentes públicos sobre a morte de milhares de brasileiros e brasileiras contaminados pela Covid-19”, escrevem.
São Tomé e Príncipe:
Igreja celebra Páscoa sem Missas comunitárias
O bispo de São Tomé e Príncipe, D. Manuel António Santos, prolongou a suspensão das celebrações comunitárias no arquipélago lusófono, perante o prolongamento da situação de emergência sanitária.
O responsável católico determinou que no domingo de Páscoa “os párocos poderão passar pelas ruas a benzer os ramos, que as pessoas poderão colocar nas portas ou janelas, celebrando a Eucaristia nas Igrejas, à porta fechada”.
As celebrações entre a tarde de Quinta-feira Santa e o Domingo de Páscoa tiveram transmissão televisiva desde a cidade de São Tomé, na Igreja da Conceição.
“A ressurreição há de chegar. Por todos e com todos rezo ao Deus da vida”, conclui D. Manuel António Santos, religioso português.
O presidente de São Tomé e Príncipe, Evaristo Carvalho, prorrogou esta terça-feira por mais 15 dias, a pedido do Governo, o estado de emergência sanitária no país, por causa da pandemia do novo coronavírus.
Terra Santa:
Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém
limita entrada às celebrações
As Igrejas Cristãs – Católica, Greco-ortodoxa e Arménia apostólica – que administram a Basílica do Santo Sepulcro, em Jerusalém, limitaram o acesso ao local de culto e peregrinação, como medida preventiva de propagação do coronavírus Covid-19.
“Desejamos assegurar que, dentro da Basílica, as orações das três comunidades continuem. Antes, se intensifiquem, com o pedido ao Pai Celeste pelo fim da pandemia, a cura dos enfermos, a proteção do pessoal médico, pela sabedoria para os pastores e governantes e a salvação eterna para aqueles que perderam a vida”, explicaram Teófilo III, patriarca Greco-Ortodoxo de Jerusalém, frei Francesco Patton, custódio católico da Terra Santa, e o patriarca arménio Nourhan Manougian.
O sítio online Vatican News informa que as celebrações das três comunidades religiosas – Greco-Ortodoxa, Latina e Arménia – vão continuar “regularmente” mas o número de participantes “será limitado a poucas pessoas” e a Basílica do Santo Sepulcro só é “acessível durante as liturgias” para evitar o risco de propagação do Covid-19.
“Elevemos esta oração precisamente do lugar onde, por meio do sacrifício de sua própria vida no Calvário e de sua ressurreição do Sepulcro no terceiro dia, o único Filho Jesus Cristo, gerado e amado, derrotou o mal, o pecado e a morte”, acrescentaram Teófilo III, frei Francesco Patton e o patriarca arménio Nourhan Manougian.
França:
Arcebispo de Paris reage com firmeza
após polícia invadir Missa e prender padre
“Não é nada clandestina! Havia Missa porque a Missa se celebra todos os dias. É preciso parar este circo!”, declarou Dom Michel Aupetit
Continua gerando indignação e polêmica na França a postura abusiva de polícias que irromperam igreja adentro para mandar parar uma Celebração Eucarística no domingo 19 de abril, em Paris.
Na ocasião, três polícias armados invadiram a igreja de Saint-André-de-l’Europe, onde, a portas fechadas, o pe. Philippe de Maistre celebrava a Missa com mais seis pessoas: um acólito, um cantor, um organista e três paroquianos que respondiam e faziam as leituras. A missa estava sendo transmitida via redes sociais, como tem ocorrido desde o início da quarentena imposta pelo governo de dezenas de países por conta da pandemia de covid-19.
O pe. Philippe declarou ao jornal francês Le Figaro a respeito do episódio inaceitável: “A autoridade dentro da igreja é o padre. Além dos bombeiros, a polícia não pode entrar, a não ser que o sacerdote a chame!”
De fato, a legislação francesa proíbe que a polícia entre armada nos templos, a não ser em circunstâncias obviamente excepcionais como uma ameaça terrorista, por exemplo.
Consciente de não estar cometendo crime algum, o Pe. Philippe decidiu, corretamente, continuar a Missa, mas a polícia ordenou que ele parasse. A chefe deu-lhe voz de prisão. O acólito, que também é policial, tentou dialogar com os agentes, que só foram embora depois de 20 minutos e de exigirem a saída dos paroquianos que auxiliavam o celebrante. O Pe. Philippe foi à delegacia e conversou com o delegado, que decidiu não o prender.
O sacerdote denuncia: “Estão se aproveitando desta crise para sufocar novamente a liberdade de culto”.
O ato abusivo foi energicamente condenado por dom Michel Aupetit, arcebispo de Paris. Em declarações no dia 22 à Rádio Notre Dame, ele foi enfático:
“Os polícias entraram na igreja armados apesar da proibição formal de que a polícia entre assim num templo. Não havia terroristas. É necessário manter a cabeça fria. Um vizinho, evidentemente amável, como poderão imaginar, ligou para a polícia dizendo que ‘havia uma Missa clandestina’. Não é nada clandestina! Havia Missa porque a Missa se celebra todos os dias. Eu destaco que ainda tenho o direito a celebrar Missa com o mínimo de pessoas, para evitar desproporções. É preciso parar este circo! Eu mesmo celebro Missa todos os dias”.
Sobre o ocorrido, o Ministério do Interior francês respondeu a questionamentos de Le Figaro dizendo que os sacerdotes podem celebrar a portas fechadas e, se necessário, contar com a assistência de um número reduzido de pessoas. De facto, o governo francês não está exigindo o fechamento dos locais de culto durante a quarentena, mas sim que eles “não acolham reuniões de fiéis”. Por sua vez, ainda em 17 de março, a Conferência Episcopal Francesa recomendou que as Missas no país sejam celebradas sem a presença pública dos fiéis, mas não proibindo a participação de auxiliares, a portas fechadas.
Austrália:
O Tribunal Supremo revoga a condenação do Cardeal Pell
por abusos de menores, por falta de provas suficientes
O Card. George Pell foi posto em liberdade depois de ter sido ilibado dos abusos de menores dos quais foi acusado por um homem que em criança foi cantor na catedral de Melbourne
O Tribunal Supremo da Austrália revogou a condenação imposta em dezembro de 2018 e confirmada depois pela Corte de Apelações.
Os abusos teriam ocorrido supostamente em finais de 1996 e princípios de 1997, quando Pell era arcebispo de Melbourne, no fim da missa dominical presidida por ele, na sacristia e num corredor próximo.
Não havia mais provas do suposto facto que a declaração da única vítima e acusador, que teria, nessa altura, 13 amos.
Várias testemunhas de defesa puseram em dúvida que Pell houvesse tido ocasião de cometer os abusos nessas circunstâncias. Alegaram que Pell, depois da missa, tinha o costume de se deter para saudar os fieis à porta da catedral; que acedia à sacristia para tirar os paramentos litúrgicos acompanhado de um assistente, e que nesses momentos havia gente que entrava e saía da sacristia. Todavia, o jurado e os juízes consideraram que o acusador era digno de crédito.
O Supremo Tribunal, porém, afirma na sua sentença que “o jurado, julgando racionalmente à vista do conjunto das provas, deveria ter mantido uma dúvida sobre a culpabilidade do recorrente com respeito a cada um dos cargos pelos quais foi condenado”.
Também sublinha que os juízes da Corte de Apelações viram a gravação audiovisual da declaração do denunciante, e a decisão adoptada por maioria, com um voto discrepante – qualificou-o de “testemunha convincente”. Contudo, não valorizou de igual modo as alegações das testemunhas favoráveis a Pell. Os juízes da maioria, diz o Tribunal Supremo, “avaliaram que nenhuma testemunha [da defesa] pôde assegurar que essas rutinas e práticas nunca deixaram de se cumprir, e concluíram que o jurado não teve motivo para manter uma dúvida razoável sobre a culpabilidade do recorrente”.
O Supremo replica: “A análise dos juízes [da maioria] omitiu o confronto da questão de se havia uma possibilidade razoável de que não houvesse a possibilidade de cometer os delitos”. E, citando dois precedentes, afirma: “Existe uma possibilidade significativa de que se tenha condenado uma pessoa inocente, porque as provas não eram suficientes para determinar a culpabilidade com a certeza requerida pela lei”.
Única testemunha. A sentença do Supremo, decidida unanimemente por sete juízes, pode ser relevante com respeito ao modo de julgar causas nas quais a acusação se fundamenta num único testemunho da pessoa que denuncia, o que não é raro em casos de abusos ou agressões sexuais, não somente a menores de idade. Para Cris Merritt, comentarista do diário The Australian, a absolvição de Pell põe em causa os procedimentos que estão a ser seguidos no estado de Victoria, onde o cardeal foi julgado.
Em primeiro lugar, a lei de Victoria limita à defesa a possibilidade de questionar o acusador. Isto aprovou-se, assinala Merritt, para proteger os que denunciam que sofreram abusos ou agressões sexuais. Antes os advogados defensores, para pôr à prova a credibilidade da suposta vítima, investigavam a sua vida privada.
No caso Pell, a defesa não pôde interrogar o acusador nem aceder aos documentos que poderiam ter posto em dúvida a credibilidade deste. Merritt destaca algo que não se soube no momento devido, porque o Juiz proibiu a publicação pormenores do processo, a fim de evitar influências nos membros do jurado. Havia umas informações sobre transtornos psicológicos pelos quais o queixoso recebeu tratamento. O juiz não permitiu à defesa de Pell aceder a eles, nem sequer que o jurado soubesse que existiam e que tinha negado aos defensores consultá-los.
Na opinião de Merritt, Victoria deveria propor-se mudar essas normas processuais, talvez desequilibradas a favor da acusação. Isso, porém, não significa regressar aos tempos em que mulheres que denunciavam agressões sexuais eram de facto submetidas a juízo sobre a sua vida sexual”.
Merritt discute também a oportunidade de que haja jurado em casos como este, tão propícios ao escândalo. O acusador de Pell esteve sempre oculto da curiosidade das pessoas: não foi revelada a sua identidade, fez a declaração à porta fechada. Pelo contrário, o cardeal, inevitavelmente, foi objeto de abundantes comentários, em grande parte desfavoráveis, nos meios de comunicação desde o momento em que a policia de Victoria começou a investigá-lo em 2013, facto que os membros do jurado não podiam desconhecer.
Por isso, o estado de Nova Gales do Sul decidiu que se pudesse julgar sem jurado as pessoas de especial notoriedade pública. Segundo Merritt, Victoria deveria fazer o mesmo.
Timor Leste:
Fundos para construir sede da Nunciatura
destinados à compra de alimentos
Os bispos de Timor-Leste decidiram transferir os recursos oferecidos pela Igreja da Coreia do Sul “para a construção de uma nova Nunciatura” para adquirir bens de primeira necessidade para as famílias.
A Arquidiocese de Díli, em Timor-Leste, está a ajudar de “forma material e espiritual” as famílias “em dificuldade devido à pandemia de coronavírus”, refere o site VaticanNews.
O grupo de ajuda é composto por sacerdotes e religiosos/as “com competência em psicologia e medicina” e está a trabalhar “em estreita colaboração com a Caritas local para a distribuição de ajudas”, lê-se.
A iniciativa foi anunciada pelo Arcebispo de Díli, D. Virgílio do Carmo, durante um encontro com o primeiro-ministro José Maria Vasconcelos.
O Arcebispo de Díli exorta também todos os cidadãos timorenses à “disciplina” para “romper a cadeia de contágio” e “pediu ao governo para respeitar o compromisso assumido de garantir US$100 para cada família afetada pela emergência da Covid-19”, salienta.
Itália:
Bispos e Governo em conflito
por causa da suspensão das celebrações comunitárias
A Conferência Episcopal Italiana (CEI) criticou o Governo do país pelo que considera como decisão “arbitrária” de manter a suspensão das celebrações comunitárias da Missa, por causa da pandemia de Covid-19.
“Os bispos italianos não podem aceitar que se comprometa o exercício da liberdade de culto”, refere uma nota da CEI, enviada à Agência Ecclesia.
A partir de 4 de maio, a Itália vai reabrir algumas atividades económicas e sociais, anunciou este domingo o primeiro-ministro Giuseppe Conte.
Os funerais vão passar a ser celebrados com a presença de um número máximo de 15 pessoas, no plano da reabertura gradual de atividades.
Conte agradeceu a colaboração da CEI, afirmando que compreende o “sofrimento” provocado pela suspensão das celebrações comunitárias, mas justificou a manutenção das medidas com a avaliação do Comité técnico-científico que acompanha a evolução da pandemia.
Os bispos católicos reagiram, em comunicado, recordando que o diálogo entre as instituições apontava para um regresso gradual à normalidade, na vida eclesial, com um exercício mais amplo da liberdade religiosa.
Segundo a CEI, a Igreja Católica assumiu “com sofrimento e sentido de responsabilidade” as limitações impostas para enfrentar a emergência sanitária, realçando que “no momento em que fossem reduzidas” essas mesmas limitações exigiria “retomar a sua ação pastoral”.
Os bispos consideram que o decreto de Conselho de Ministros, publicado a 24 de abril, “exclui arbitrariamente a possibilidade de celebrar a Missa com o povo”.
A nota do episcopado italiano refere que às autoridades compete “dar indicações precisas de caráter sanitário” e à Igreja cabe “organizar a vida da comunidade cristã, no respeito pelas medidas dispostas, mas com a sua plena autonomia”.
O Governo da Itália viria, após este comunicado, a anunciar que nos próximos dias vai ser elaborado “um protocolo que permita, quanto antes, a participação dos fiéis nas celebrações litúrgicas, em condições de máxima segurança”.
Índia:
Assassinato do Padre Thomas
Mar 24, 2020 - 17:39
Semente de cristãos. O brutal assassinato do Padre Thomas, um carmelita, na Índia, deixou a pequena comunidade local em estado de choque. Por toda a Índia circulavam notícias aterradoras de ataques contra os cristãos, mas ninguém iria imaginar que algo assim pudesse acontecer ali. O Padre Thomas foi morto em Agosto de 2008 junto a uma aldeia no estado de Andhra Pradesh. Mais de uma década depois, a sua vida continua a ser lembrada como exemplo da dedicação aos outros. Mataram-no mas é impossível apagar a sua memória…
Devia ter celebrado missa em Yellareddy no domingo, 17 de Agosto, mas não apareceu. As últimas pessoas que o viram ainda com vida foram as irmãs franciscanas em Lingampet, em cujo convento jantou no dia anterior. O corpo do sacerdote Carmelita, profundamente mutilado, seria encontrado na manhã desse domingo na beira da estrada que liga as duas localidades. A motocicleta, com que se deslocada para todo o lado, estava a alguns quilómetros de distância. As primeiras pessoas que se depararam com o Padre Thomas Pandippallyil não esconderam o horror. Era um cenário dantesco. O corpo estava mutilado. Havia sinais de dezenas de facadas, especialmente no abdómen. Os olhos tinham sido arrancados com um objecto cortante. Parecia que a cabeça tinha sido atingida por pedras e paus. A notícia do assassinato do padre carmelita, de 38 anos de idade, correu depressa em toda a região.
A tragédia de Orissa. Nessa ocasião, uma onda de violência brutal tinha caído sobre o Estado de Orissa, um pouco mais a norte de Andhra Pradesh, onde o Padre Thomas foi assassinado. Lá, em Orissa, especialmente no estado de Kandhamal, a violência que se abateu sobre a comunidade cristã foi de tal ordem que ainda hoje, mais de uma década depois, o balanço dessa tragédia não está ainda fechado. Cento e vinte mortos, dezenas de aldeias atacadas, seis mil casas destruídas. Trezentas igrejas e paróquias arrasadas. Ninguém foi poupado. Foi terrível. A morte do Padre Thomas avivou todos os receios. Não era apenas o assassinato de um sacerdote que estava em causa. Era a forma brutal como tinha acontecido que assustava mais.
Uma vida pelos outros. Ninguém conseguiu até hoje encontrar uma justificação para o assassinado deste sacerdote carmelita. Só o ódio mais primário poderá ter levado alguém a cometer um tal crime. Os que conviveram com ele ficaram perplexos. O Padre Thomas era bondoso, pacífico, sempre disponível para ajudar, piedoso. Serviu a comunidade até ao último dia da sua vida sempre com um zelo inexcedível. O Arcebispo de Hyderabad, disse que a comunidade cristã tinha ficado “traumatizada”. O ataque àquele sacerdote era um ataque a todos os cristãos. Nada explicava tanto horror. Nem sequer poderia haver a justificação de que o padre estaria a tentar converter a população hindu local.
D. Joji Marampudi, Arcebispo de Hyderabad, sabia bem do que estava a falar. Ele, que tinha sido o primeiro bispo da Igreja católica oriundo dos ‘dalits’, ou intocáveis, os que pertencem à base do complexo sistema de castas da Índia, conhecia bem aquela região. E assegurou que o padre Thomas nunca tinha estado envolvido em actividades de “proselitismo e conversões forçadas”. Segundo o bispo, o crime só podia ser o resultado do clima de “ciúmes para com a Igreja”.
Comunidade em crescimento. A região é caracterizada por um forte sub-desenvolvimento. O Padre Thomas como toda a estrutura da Igreja católica, estava fortemente empenhado em ajudar aquelas populações. Ajudar os mais pobres e necessitados era o catecismo de todos os dias. Ajudar gratuitamente era a forma de traduzir a mensagem de Jesus àquelas pessoas com vidas tão sofridas e amargas. O padre Thomas foi morto em Agosto de 2008. Mais de uma década depois, a sua vida continua a ser lembrada na Índia como exemplo da dedicação aos outros. Mataram-no mas é impossível apagar a sua memória… A Igreja tem continuado a sua missão na região de Andhra Pradesh e, apesar das ameaças e da violência, a comunidade cristã não tem parado de crescer. Ali e em toda a Índia. O Padre Thomas Pandippallyil é exemplo de que o sangue dos mártires é semente de cristãos. (Sobre um texto de Paulo Aido).
Brasil:
Dezenas de bispos pedem uma «maior atenção» do governo
ao avanço da pandemia na Amazónia
Os bispos católicos da Amazónia brasileira lançaram um alerta sobre a situação dos povos e da floresta, em tempos de Covid-19, pedindo ao governo uma maior atenção ao avanço da pandemia na região.
No documento, assinado também pelo presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazónia da Conferência Nacional do Bispos Brasileiros (CNBB), cardeal Cláudio Hummes, os bispos exigem “maior atenção dos governos federal e estaduais” à região que tem demonstrado “dados preocupantes quanto ao avanço do coronavírus”.
Os 65 bispos referem que os “dados são alarmantes” e pedem às autoridades que concentrem esforços no combate ao Covid-19 “com políticas públicas destinadas aos mais pobres e vulneráveis”.
Os povos da Amazónia reclamam “das autoridades uma atenção especial para que sua vida não seja ainda mais violentada”, lê-se na nota.
“O índice de letalidade é um dos maiores do país e a sociedade assiste ao colapso dos sistemas de saúde nas principais cidades, como Manaus e Belém”, realça o documento datado de 04 de maio.
O caminho “deve ser sempre” o do diálogo, do entendimento e da união de esforços “para debelar a pandemia”.
Venezuela:
Pandemia agrava crise e «cresce o medo» na
Uma pequena comerciante na Venezuela, Estes Chacon, desabafou à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (FAIS) que se o vírus “não nos matar, vamos morrer de fome”.
No comunicado enviado à Agência Ecclesia lê-se que “cresce o medo perante a evolução da pandemia do coronavírus na Venezuela” e “com quarentena obrigatória e fronteiras fechadas, ninguém arrisca um cenário fácil num país em profunda crise e com um sistema de saúde deplorável”.
A quarentena forçada agravou “ainda mais este cenário” e tal “como em países com economia muito debilitada”, também na Venezuela “grande parte da população procura sobreviver com trabalhos esporádicos que oferecem rendimentos baixos”, realça a nota.
A crise económica que “já se arrasta há vários anos, está a ter consequências dramáticas para as populações”, especialmente as pessoas que se encontram “numa posição mais vulnerável, como as crianças, os doentes e os idosos”.
O Bispo da Diocese de São Cristóbal, D. Mario Moronta, pediu às autoridades para “garantir o acesso livre dos cidadãos a alimentos, medicamentos e cuidados médicos”.
Através da ajuda de organizações como a FAIS, a Igreja Católica “tem tentado aliviar o sofrimento das populações que deixaram de ter meios de subsistência”.
Este apoio “tem permitido, por exemplo, manter de portas abertas cantinas paroquiais que têm sido uma peça essencial no combate à fome neste país sul-americano”, acrescenta.
Os benfeitores portugueses da Fundação AIS têm “revelado um enorme espírito de solidariedade” para com a Igreja venezuelana, nomeadamente através do “apoio concreto às cantinas paroquiais, apoio que não será estranho ao facto de haver neste país sul-americano uma enorme comunidade lusa ou luso-descendente”, sublinha a nota.
Moçambique:
Missão católica de Nangololo atacada por rebeldes
A Missão Católica de Nangololo, província de Cabo Delgado, a norte de Moçambique, foi atacada durante a Semana Santa por “rebeldes armados” que deixaram um “rasto de destruição, dor e luto”.
Os rebeldes “fortemente armados” invadiram o recinto daquela Missão, entraram no interior da igreja “e atearam fogo, tendo esta ficado literalmente destruída, exceto a parte do teto que não foi atingido devido à sua altura elevada”.
Na Missão de Nangololo os insurgentes “não atacaram outras infra-estruturas como escolas e residências dos missionários, queriam apenas o templo do Senhor”, lê-se.
O Bispo de Pemba, D. Luiz Fernando Lisboa, referiu ao VaticanNews que os ataques tiveram início nos finais de 2017 e “já fizeram cerca de 350 mortos”.
O Bispo de Pemba referiu também que “o mais triste ainda é que na aldeia de Muambula onde se encontra situada a Missão de Nangololo, foram igualmente atacados pequenos lugares onde se faz comércio informal”.
O Papa Francisco, durante a habitual Bênção «Urbi et Orbi» por ocasião da Páscoa, lembrou-se de Cabo Delgado que “se encontra há anos mergulhada numa violência armada, perpetrada por homens armados até agora desconhecidos”.
Cuba:
Igreja católica com espaço na rádio e na televisão pública
O Governo de Cuba concedeu espaço de emissão na rádio e televisão do Estado à Igreja Católica para a transmissão de conteúdos como missas ou filmes cristãos.
Esta “é uma resposta ao pedido elaborado pelos bispos cubanos no passado dia 24 de março”, refere uma nota da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (FAIS) enviada à Agência Ecclesia.
Esta autorização inclui “a possibilidade de transmissões das missas dominicais pelo menos enquanto durar o tempo de emergência provocado pela pandemia do coronavírus, em que todas as celebrações públicas vão estar suspensas”, lê-se.
Após a Páscoa, anunciou o Secretariado da Conferência Episcopal de Cuba, “e enquanto o isolamento social for mantido”, os bispos vão ter à sua disposição “um espaço na rádio todos os domingos pela manhã”, sensivelmente no mesmo horário em que durar a transmissão da missa pela televisão”, realça a nota.
A propósito da pandemia do coronavírus, que provocou esta mudança, os bispos cubanos elogiaram, segundo o site Vatican News, o “testemunho” dos médicos e outros profissionais de saúde junto das populações, não esquecendo o papel único que tem vindo a ser desempenhado pela Igreja, nomeadamente “sacerdotes, diáconos, religiosos e voluntários da Caritas”, passando pelas “religiosas das diversas congregações, aos Irmãos de São João de Deus, bem como aos funcionários das casas para idosos”.
Guiné-Bissau:
Bispos católicos pedem ajuda para a luta contra Covid-19
Os bispos das dioceses católicas da Guiné-Bissau apelaram à ajuda financeira para a luta contra a pandemia de Covid-19 no país lusófono, alertando para o risco de uma “calamidade humanitária”.
D. José Camnate na Bissign (bispo de Bissau) e D. Pedro Carlos Zilli (bispo de Bafatá), lançaram uma recolha de fundos, dentro e fora do país, para que as Cáritas guineenses possam ir ao encontro dos mais necessitados.
“Sabemos que o coronavírus pode levar a nossa população e todos nós a uma situação muito difícil”, referem os responsáveis, numa mensagem divulgada pelo portal de notícias do Vaticano.
Os bispos escreveram aos sacerdotes no país, aos consagrados e consagradas, missionários e missionárias nas Dioceses de Bissau e de Bafatá, recordando a necessidade de tomar medidas sanitárias e de ter em conta a dimensão económica, para que todos possam ter o mínimo necessário para viver.
A Igreja Católica na Guiné-Bissau vai criar um fundo que vai ser gerido pela Cáritas nacional, em colaboração com as Cáritas Diocesanas.
Estados Unidos:
Emigrantes portugueses nos «estão com medo»
e já há «pessoas com dificuldades económicas»
O padre Luís Cordeiro, Assistente das Comunidades Portuguesas, no Estado da Califórnia, nos Estados Unidos da América, revela que os emigrantes portugueses “estão com medo” e pedem “muita oração para que tudo termine”.
“Algumas pessoas estão com medo e pedem orações de agradecimento mas também pedidos de oração para que tudo isto termine, sabemos de pessoas contaminadas e outras até que acabaram por falecer devido ao Covid-19”, conta o padre Luís Cordeiro.
O sacerdote é pároco de Santo António, na Diocese de Hughson, Estado da Califórnia, e acompanha as comunidades de portugueses, foi tendo conhecimento de pessoas que faleceram naquele Estado devido ao coronavírus, “sendo mexicanos, filipinos, vietnamitas” mas também na comunidade portuguesa “pessoas que recuperaram e outras que perderam a vida”.
“É muito difícil nos funerais, pedimos que as pessoas se protejam e há sempre a dificuldade porque não podem ser normais, infelizmente as pessoas juntam-se, quando pensamos ter quatro ou cinco pessoas e chegamos e temos 50 ou 60 pessoas, dentro dos carros, querem aproximar-se, mesmo que a gente diga ‘só família” mas é sempre difícil, quando temos uma pessoa amiga que faleceu sentimos no nosso coração que queremos estar próximo e rezar”, assume o sacerdote açoriano.
O padre Luís Cordeiro partilhou que as pessoas seguem as regras do isolamento social na generalidade mas há extremos, “uns cumprem todas as regras, outros saem demais”, as “Eucaristias foram canceladas e as pessoas acompanham através de transmissões online, da rádio ou da televisão”.
“Através dos meios de comunicação social é o único meio para chegar a cada casa, através do site de cada Igreja, do Facebook e muitas igrejas estão a transmitir em direto ou até a gravar para que todos possam acompanhar”, conta.
Com a celebração da Páscoa “totalmente diferente” o sacerdote partilhou ser interessante “falar para a câmara e ver os bancos da Igreja vazios”, transmitiu as celebrações pascais e cada dia assume a “recitação online do terço da Misericórdia”.
Além das transmissões o telefone ganhou também grande importância como “meio de chegar às pessoas mais idosas e demais famílias que não têm acesso às tecnologias”.
“Uma das recomendações do nosso bispo, de origem portuguesa, pede que usemos os meios de comunicação para chegar às pessoas, não podemos fazer confissões, cancelámos a catequese, os pequenos eventos e cerimónias que tínhamos mas ligar podemos sempre fazer e prometer a nossa oração”, assegura.
O sacerdote, natural da diocese de Angra, vai ligando para as famílias para “saber como estão” pois já vai havendo “pessoas a passar dificuldades económicas” e os mais idosos também estão na lista.
“Há depois as pessoas com mais idade e as famílias pedem, ‘reze por a gente’, tenha nas suas intenções esta ou aquela pessoa’, e nas missas pedimos sempre pelas pessoas doentes e pelos infetados pelo Covid-19”, refere.
Nestes telefonemas o padre Luís Cordeiro tenta deixar a palavra “Aleluia”, no sentido da alegria mas outras expressando a confiança.
“A palavra Aleluia deixa o sentido da alegria e a expressão ‘não tenhamos medo’, porque no final tudo passará; há também a palavra paciência, muito importante, mesmo que seja difícil precisamos muito e tudo vai passar com esta confiança e esperança que Deus não nos abandona e por isso Aleluia”, remata.
Paquistão:
A história do mártir Akash Bashir
Um jovem especial. No pequeno cemitério de Youhanabad não é difícil descobrir o local onde repousa o corpo de Akash. Junto ao seu túmulo é costume encontrar pessoas a rezar. Ninguém fica indiferente ao exemplo deste jovem que deu a vida pelos outros, impedindo um massacre, num domingo, dia 15 de Março de 2015. Há precisamente cinco anos…
Na Igreja de São João, em Youhanabad, todos conhecem a história de Akash. Este jovem era voluntário na paróquia. Fazia segurança na paróquia. Naquele dia, quando a Missa estava a começar, reparou num homem que caminhava apressadamente para a igreja, e trazia consigo, meio escondido na roupa, um cinto de explosivos.
Akash tentou afastá-lo dali. Não conseguiu. Tudo aconteceu então num ápice. O jovem compreendeu que o homem ia fazer detonar a bomba e atirou-se sobre ele. Morreram os dois instantaneamente. Como era domingo, a igreja estava cheia de fiéis, com centenas de homens, mulheres e crianças. Há quem fale mesmo em mais de mil pessoas. É difícil imaginar o banho de sangue, se o terrorista tivesse entrado na igreja, como pretendia, fazendo detonar a bomba no meio de toda aquela gente. Akash morreu para se salvarem os outros.
Os ataques contra os cristãos eram cada vez mais frequentes e as próprias autoridades tinham reforçado as medidas de segurança nos lugares mais sensíveis, como as igrejas. Naquele dia, as televisões estavam quase todas sintonizadas no jogo de críquete entre o Paquistão e a Irlanda. O jogo e a Missa decorriam à mesma hora. Foi para aproveitar a distracção dos guardas, mais preocupados com os lances do jogo do que a fiscalizarem as pessoas, que o terrorista tentou entrar na igreja disfarçando o cinto com explosivos debaixo das suas largas roupas escuras. Por acaso, Akash reparou nele. Tinha 20 anos e todos os sonhos do mundo. O antigo aluno da escola de Dom Bosco em Lahore era um jovem muito especial.
“Deu a vida para salvar centenas…” Para a comunidade cristã no Paquistão, Akash é um herói, um mártir. Sempre que falam dele, os seus pais, Bashir e Nazbano, misturam sentimentos de tristeza e orgulho. “O meu filho sabia o sacrifício que estava a fazer”, diz o pai. “Ele deu a vida para salvar centenas de pessoas que estavam na Missa naquela manhã.” A mãe já perdeu as contas às vezes que deu por si a chorar cheia de saudades, lamentando que a vida do seu filho tenha sido interrompida de forma tão abrupta naquele domingo de manhã. “Akash era muito especial. Tenho três filhos e uma filha, mas ninguém o pode substituir. Na manhã em que morreu, ainda lhe disse que não fizesse a vigilância, mas ele respondeu-me que era o seu dever. Como é que eu o podia impedir?”
O exemplo de coragem de Akash não deixa ninguém indiferente. A comunidade salesiana e a Arquidiocese de Lahore começaram a recolher testemunhos sobre a vida deste jovem cristão, com vista a uma possível abertura de processo de causa de martírio. Até agora, mais de duas dezenas de pessoas de Lahore, cristãos e muçulmanos, já responderam a esse questionário, sendo que a história de Akash já correu mundo e ninguém estranha quando equipas de televisão aparecem na Igreja de São João, oriundas de países tão distantes como Polónia, Coreia do Sul ou Itália, procurando registar imagens do local onde se deu a explosão e recolhendo testemunhos de amigos, colegas e vizinhos.
Além da igreja, os repórteres vão também, normalmente, ao pequeno cemitério de Youhanabad. Não será difícil descobrir o local onde repousa o corpo de Akash. Junto ao seu túmulo, construído com mármore oferecido por um empresário muçulmano, é costume encontrar pessoas a rezar. Ninguém fica indiferente ao exemplo deste jovem que deu a vida pelos outros naquele domingo, dia 15 de Março de 2015. Foi há precisamente cinco anos… (Sobre um texto de Paulo Aido).
Cabo Verde:
Voluntários missionários
relatam impacto do isolamento social
Juliana Castro e André Alves vivem um ano de missão em Cabo Verde, desde outubro de 2019, numa parceria entre o Voluntariado Missionário Espiritano e a Sol Sem Fronteiras (Solsef), e viram agora a Covid-19 alterar os seus planos.
Em entrevista à Agência Ecclesia, André admite que nada os preparou para “uma situação deste género”, de confinamento e distanciamento das populações que se tinham proposto servir.
“É uma sensação estranha, vira de cabeça para o ar tudo o que tínhamos planeado”, assinala.
Nos planos do casal está já a possibilidade de voltar ao arquipélago, para concluir o que começaram neste projeto de voluntariado em São Lourenço dos Órgãos, no centro da Ilha de Santiago em Cabo Verde, onde colaboram no Jardim de Infância Marilúcia, na promoção de aulas de inglês para a comunidade e no Curso de Atendimento ao Público, na área de Hotelaria; a par disso, são responsáveis pela formação de 200 jovens da paróquia para o Crisma.
Com as aulas e atividades comunitárias em suspenso, são agora outros os desafios.
“Aqui em Cabo Verde também se está a tentar implementar um sistema de telescola, com alguns materiais online, mas fica muito difícil”, assinala André Alves.
“Em tempos normais, a missão funciona quase como um Hub, onde as pessoas podem encontrar-se, até para formação”, acrescenta.
Os voluntários assinalam as “assimetrias” do país, entre a Cidade da Praia e as comunidades do interior, destacando ainda as diferenças com os amigos em Portugal, que “já correram o catálogo todo do Netflix” durante o tempo de isolamento social.
Casados há dois anos, os voluntários portugueses resolveram fazer uma “experiência em conjunto”, antecedida pela formação necessária, junto da Fundação Fé e Cooperação (FEC), da Conferência Episcopal Portuguesa.
Juliana Castro sublinha o impacto do isolamento numa comunidade em que muitas famílias não têm eletricidade, nem água.
“Nós temos sorte, conseguimos ver as notícias, em Portugal também, estando a par” e mantendo contacto com as pessoas, admite.
A voluntária considera que, por parte da população cabo-verdiana, houve noção do risco e da necessidade de ficar em casa, “a palavra de ordem que passa em todo o lado”, com polícias na rua e anúncios na TV para lavar as mãos e manter o isolamento social.
“O povo cabo-verdiano é um povo que está habituado a estar na rua, a trabalhar nos campos, a vender nas ruas”, assinala, pelo que vai ser difícil para as pessoas que têm de manter o seu sustento.
Com o arquipélago em estado de emergência devido à covid-19 desde 29 de março, o presidente de Cabo Verde declarou que vai pedir a renovação da medida, mas de forma diferenciada entre as ilhas.
Nigéria:
Patience John recorda Sarah Yohanna
A melhor amiga. Foi num domingo, o dia 28 de Outubro de 2012., há quase oito anos. Ao lado de Patience, na Missa, estava Sarah, a sua melhor amiga. De súbito, os cânticos foram interrompidos com o barulho ensurdecedor de uma explosão…
Um carro esmaga-se contra o edifício da igreja. A explosão foi brutal, indescritível. O pânico era total. Uma dor profunda atingiu Patience John no rosto, no corpo. O sangue, os gritos na igreja, as pessoas em lágrimas, uma confusão total era o quadro doloroso. A seu lado, Sarah já não se movia.
A Missa estava perto do fim quando tudo aconteceu. Veio nas notícias em todo o mundo. Um terrorista suicidou-se atirando um carro carregado de explosivos contra a Igreja de Santa Rita em Malali, no estado de Kaduna. Oito pessoas perderam logo a vida. Mais de 145 ficaram feridas, algumas em estado crítico. Patience Ishaya John ficou atordoada. “Perdi um dos meus olhos. Tenho cicatrizes que ficarão no meu corpo para sempre.”
Às vezes só descobrimos o valor das coisas quando as perdemos. Só compreendemos a importância da saúde quando adoecemos, só realizamos como algumas pessoas são importantes para nós quando elas deixam, por alguma razão, de frequentar as nossas vidas. Sarah Yohanna era a melhor amiga de Patience John. Ao perdê-la, naquele atentado bombista, Patience ficou de luto. Não há forma de se substituir a melhor amiga, nem de a esquecer. Não há dia sem que Patience não se lembre de Sarah, a sua melhor amiga. “Conheci-a na escola secundária. Cantámos juntas até ao dia em que ela morreu. Eu fazia muitas coisas com a Sarah. Ríamos juntas. Ensaiava com a Sarah na igreja e fora da igreja. Andávamos pelas ruas, a ensaiar e a cantar. Naquele fatídico Domingo, saímos de nossas casas tão felizes por irmos à igreja celebrar a Missa como habitualmente…”
Estratégia de terror. Tudo acabou com o estrondo do carro a amolgar-se contra a igreja, a despedaçar vidas, sorrisos, sonhos… O bombista cumpriu com a sua missão. Matou. É difícil compreender o propósito de alguém que queira apenas destruir, semear o medo, a violência e a morte. O atentado na Igreja de Santa Rita foi apenas um dos muitos ataques que têm abalado o norte da Nigéria desde 2009, quando o grupo terrorista Boko Haram começou as suas actividades nesta região. Os cristãos são um dos seus alvos. Os terroristas concretizaram a operação mas perderam. Destruíram a igreja mas perderam.
“Todos os dias penso na presença da Sarah na minha vida. Ouço a voz dela. Sempre que penso nela, a única coisa que posso dizer é que ela morreu por causa da sua fé. Quando as pessoas olham para nós, vêem as cicatrizes, vêem aquilo pelo que temos passado, acham que vamos desanimar. Eu, em particular, nunca hei-de desanimar. Pelo contrário, vou ter ainda mais coragem.” Patience Ishaya John é um dos rostos da coragem dos cristãos da Nigéria que praticamente todos os dias são sobressaltados com ataques, com ameaças, com bombas, e, apesar disso, resistem. A fé dos cristãos da Nigéria é mais poderosa do que a dinamite dos terroristas. Depois do ataque terrorista do Boko Haram, a Igreja de Santa Rita em Kaduna foi reconstruída. O coro recomeçou os ensaios. A igreja voltou a encher-se de gente, de cristãos, de orações. Sarah não morreu em vão. (Sobre um texto de Paulo Aido).
Somália
Irmã Leonella, Missionária da Consolata
Sete tiros. A irmã Leonella foi atingida a tiro pelas costas, quando regressava a casa depois de um dia na escola de enfermagem em Mogadíscio, onde leccionava. Dois homens dispararam sobre ela sete tiros. A irmã não morreu logo. Ainda a levaram para o hospital, mas era já impossível salvá-la. As suas últimas palavras dizem muito do que foi a sua vida: “Perdoo, perdoo, perdoo”.
Leonella Sgorbati nasceu em Itália, mas passou grande parte da sua vida em África, primeiro no Quénia e mais tarde na Somália. Tinha partido para África aos 30 anos e despediu-se da vida, em Mogadíscio, esvaindo-se em sangue, aos 65 anos de idade. Morreu no meio da rua, a um domingo, 17 de Setembro de 2006.
O muçulmano Mohammed Osman era o seu guarda-costa. Estava a seu lado e ainda tentou colocar-se entre Leonella e os terroristas e morreu também. Era casado, tinha quatro filhos. Passavam 30 minutos do meio-dia. Leonella Sgorbati, das Missionárias da Consolata, era bem conhecida. Em Mogadíscio, capital da Somália, e no resto do país, praticamente não há cristãos.
Os atentados são comuns e o país está debaixo de controlo de milícias jihadistas e de senhores da guerra, donos de verdadeiros exércitos do mal. Já havia um clima de profunda violência em Mogadíscio em 2001, quando a Irmã Leonella aceitou o desafio de abrir uma escola de enfermagem. Mas ela parecia não ter medo. Foi. Para trás tinha deixado o Quénia. Abraçar desafios era a sua vocação, pois existia para servir. Tinha 23 anos quando ingressou no instituto das Missionárias da Consolata e a vontade de servir levou-a a estudar enfermagem em Inglaterra. Foi já nessa dupla condição de irmã e enfermeira que partiu para o Quénia, onde viria a ser superiora-regional da congregação. Os que a acompanharam nesses anos recordam-se do seu entusiasmo, da forma como tratava os doentes e como se empenhava na formação das jovens enfermeiras.
Fé em silêncio. Era um exemplo. Talvez por causa do seu entusiasmo, Leonella seria convidada a abraçar o novo desafio de criar uma escola de enfermagem na Somália. Ninguém desconhecia os riscos desse empreendimento. Ela própria sabia que o país estava minado por grupos radicais que pretendiam impor uma visão extremista do Islão.
Desde o início que o trabalho da Irmã Leonella Sgorbati foi visto com desconfiança. Diziam que ela usava a escola para catequisar os jovens estudantes. Claro que isso seria uma enorme imprudência num país em que os poucos cristãos têm de viver a sua fé em silêncio, quase clandestinamente. A casa das irmãs – ao todo eram cinco religiosas – tinha então o único sacrário presente em todo o país. A Somália era mesmo e continua a ser um território hostil para os Cristãos. cristãos. Foi neste contexto que aconteceu o assassinato da irmã.
Era domingo, de manhã, quando a irmã deixou a casa comunitária a caminho das aulas. Despediu-se alegremente com a promessa de que haveria polenta para o almoço. Passavam 30 minutos do meio-dia quando regressou. Estava quase a abrir o portão da casa quando se escutou o barulho brutal de uma rajada de metralhadora. As irmãs sobressaltaram-se e correram para a rua. Havia já uma poça de sangue em volta do corpo de Leonella. A seu lado jazia Mohammed Osman.
Uma cruz que pertencia à Irmã Leonella Sgorbati está, desde 2008, na Basílica de São Bartolomeu, em Roma, dedicada aos mártires dos séculos XX e XXI. O processo de beatificação da irmã enfermeira foi aberto em 2013. (Sobre um texto de Paulo Aido).
Paquistão:
O drama de uma jovem cristã de 14 anos sequestrada
Fechar os olhos. Huma Younus tem apenas 14 anos. Foi sequestrada no dia 10 de outubro, e forçada a converter-se ao Islão. Desesperados, os pais desta rapariga cristã procuram libertá-la. Mas é difícil, muito difícil. A Fundação AIS tem procurado ajudá-los nesta missão quase impossível, mas é uma luta contra golias, contra uma sociedade que finge não ver, não se incomodar, que fecha os olhos ao sofrimento dos cristãos, de tal modo que ninguém pode garantir que Huma Younus vai alguma vez regressar a casa.
Os pais estão desesperados. Sentem-se impotentes. São demasiado pobres, demasiado insignificantes. Viviam, com a filha, em Zia Colony, na cidade de Karachi, quando tudo desabou. Desde então, têm procurado fazer tudo o que lhes é possível para a trazerem de volta. Mas a cada dia que passa isso parece mais longe, mais difícil. Quase impossível.
Há ainda uma longa batalha em frente. Uma batalha, acima de tudo, contra uma sociedade que continua a olhar com desdém para as minorias religiosas, como os cristãos e os hindus. Prova disso, só passados dois dias depois de a jovem ter sido sequestrada é que os pais conseguiram fazer o registo da queixa numa esquadra da polícia. Não se sabe ao certo quantas raparigas são sequestradas todos os anos no Paquistão.
Shafilla Qashind tinha 14 anos, precisamente a idade de Huma, quando também foi sequestrada por familiares muçulmanos. Não toleravam que ela fosse cristã. Quiseram castigá-la por causa disso. Violada vezes sem conta, esteve em cativeiro durante meses e foi forçada a converter-se ao Islão. Shafilla só foi libertada a troco do pagamento de um resgate porque a sua saúde revelava-se a cada dia mais frágil. Passou a ser um estorvo. No entanto, ninguém foi condenado neste caso. Foi mais um crime sem castigo no Paquistão.
Uma mercadoria. Não se sabe exatamente quantas raparigas cristãs e hindus já foram sequestradas, violadas e forçadas a casar convertendo-se ao Islão, porque este é um tema quase tabu na sociedade paquistanesa.
D. Sebastian Shaw, Bispo de Lahore, já denunciou esta situação à Fundação AIS. “Não sei os números exactos”, diz, referindo-se ao ano de 2019. “Mas foram muitos, muitos casos. Talvez uma centena, talvez um pouco menos.” Muitas destas raparigas são menores de idade. “O sequestro é um crime”, diz com veemência D. Sebastian. “Tem que ser tratado como tal. Essa é a única maneira de se acabar com esta realidade.” Shafilla foi resgatada ao fim de alguns meses de inferno, mas uma parte de si morreu no dia do sequestro. Por mais que viva, dificilmente conseguirá esquecer a dolorosa experiência de cativeiro. Foi agredida, maltratada, violada e negociada, como se fosse apenas uma coisa. Foi usada como uma mercadoria por ser apenas uma rapariga cristã. É possível que a mãe de Huma não conheça sequer a história de Shafilla. Não precisa de saber pormenores do que lhe aconteceu. Imagina o tormento. Basta-lhe o próprio sofrimento. uma mulher
Precisa de ajuda e pede-nos ajuda. Sente-se desesperada, impotente. Sabe que é insignificante aos olhos da sociedade, que é apenas uma mulher pobre e cristã. Mas é mãe. “A minha filha tem 14 anos. Que teriam feito vocês se uma filha vossa, com apenas de 14 anos, tivesse que passar por tudo isto? Imaginem apenas que Huma é a vossa filha também. Ajudem-nos, por favor!”
Os pais de Huma precisam da nossa solidariedade, das nossas orações. Esta é uma luta contra os poderosos. (Sobre um texto de Paulo Aido).
Itália:
Bispo italiano afirma que “6 milhões de abortos
também são uma pandemia!”
Dom Alberto Maria Careggio, bispo emérito da diocese italiana de Ventimiglia e Sanremo, afirmou que os 6 milhões de abortos legalizados que são perpetrados por ano em todo o planeta também são uma pandemia a ser combatida.
“Quanto tempo vai durar a pandemia do coronavírus não é possível saber, nem durante quantos dias ainda teremos que ouvir o boletim das mortes, dos infectados e dos recuperados. E se o mesmo fosse feito em relação aos mais de 6 milhões de abortos legalizados em todo o mundo? Essa também é uma pandemia, que mata a consciência daqueles que a praticam e a dos governantes que, ao legislar, pretendem eliminar o horror do assassinato.
Legalizar não significa de modo algum moralizar uma ação que é contra a vida: dizem popularmente que o aborto clama por vingança diante de Deus – e é isso mesmo!
O heroísmo de todos aqueles que fazem o possível para salvar a vida dos outros arriscando a própria é mais edificante. O mal não tem a última palavra. Da catástrofe e dos escombros desta pandemia devemos esperar o despertar desses valores humanos e cristãos de amor e solidariedade, de altruísmo e generosidade, de compaixão e ternura, adormecidos, mas não desaparecidos: são e continuam sendo a marca da mão de Deus, que quis criar o homem à Sua imagem e semelhança”.
E, no entanto, a OMS considera o aborto como “serviço essencial” mesmo na pandemia de covid-19
No último dia 30 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou diretrizes públicas para “ajudar” os países a manterem serviços sanitários considerados “essenciais” durante a pandemia de Covid-19, entre eles o que chama de “saúde reprodutiva” e, portanto, o aborto.
A Seção 2 do documento, “Identificar serviços essenciais por contexto e relevância”, afirma que “os países devem identificar os serviços essenciais que serão prioridades em seu esforço para manter a continuidade dos serviços prestados”, e, logo após citar entre as prioridades as campanhas de vacinação, acrescenta “serviços relacionados à saúde reprodutiva, incluindo cuidados durante a gravidez e o parto”.
Os textos já publicados por esse braço da Organização das Nações Unidas (ONU) reiteradamente incluem o aborto entre os “serviços” de “saúde reprodutiva”, como se constata, por exemplo, no “manual de prática clínica para um aborto seguro”, elaborado em 2014 pelo Departamento de Saúde Reprodutiva da OMS. O texto fornece orientações para o aborto em diversos estágios da gravidez e, entre as suas afirmações, encontram-se as seguintes declarações de aberrante cariz ideológico:
“Aborto para promover e proteger a saúde das mulheres, das adolescentes e seus direitos humanos” (página 5);
“Não são conhecidas contraindicações para o aborto anterior à 12ª semana de gestação” (página 12);
“Nos casos de aborto com gestação superior a 14 semanas, as mulheres permanecem nas instalações até a expulsão completa do ‘produto da gestação'” (página 13).
Ao comentar a publicação da OMS, o site Centro Dom Bosco observou que, no mesmo dia em que essa organização internacional incluía o aborto entre o que chama de “serviços essenciais”, o hospital paulistano Perola Byington, administrado pelo Governo do Estado de São Paulo, retomava os assim chamados “serviços de aborto legal” (Fonte: Alelteia)