A IGREJA FACE À PANDEMIA

 

A pandemia que dá pelo nome de Covid-19 encerrou o mundo nas suas casas, sem garantir até quando via durar esta mudança profundo de viver.

Começam a aparecer frutos positivos desta provação que o Senhor permitiu nos mortificasse.

Entrou-se num recolhimento, voluntário ou involuntário, que leva todas as pessoas a reverem os valores fundamentais que devem orientar a nossa vida.

Comprova-se uma solidariedade maravilhosa, em crescendo, tornando cada vez mais evidente que somos uma família solidária, mais ainda quando estamos em risco. Esta solidariedade manifesta-se de vários modos que a imaginação vai sugerindo:

Utilizam-se os meios de comunicação social, sobretudo a via digital – o telefone, a internet, com todas as suas possibilidades e tudo o mais que a imaginação pode sugerir.

Há um cuidado manifesto pelos mais frágeis, procurando que estejam seguros e contentes.

Disponibiliza-se dinheiro e outros bens para comprar ventiladores e outros meios de que a medicina lança mão. Estas iniciativas são tomadas por instituições ou grupos de pessoas, dado o custo destes meios que a medicina utiliza. 

A investigação aturada para descobrir o melhor meio de combater esta calamidade pública.

 

A expressão da fé

 

Impossibilitados de se reunirem nos templos, edificando-se mutuamente pelas manifestações de fé, os cristãos e crentes de outras religiões são desafiados a lançar mão dos meios que a técnica nos oferece para rezar e participar nos atos de cultura a partir de casa.

Surgem ainda algumas iniciativas para exteriorizar a alegria pascal: a colocação de uma cruz à porta de casa, a partir do Domingo de Ramos.

 

 Os desafios dos Pastores

 

 A Palavra atenta do Papa, chamando a atenção para o cuidado dos mais frágeis – os idosos, os sem-abrigo, os doentes, os pobres e os familiares dos alcançados pela pandemia, não permite que os católicos se distraiam. Agranda-se a figura do Timoneiro que vai fazendo apelos e dando instruções, à medida que segura com energia, o timão da Barca de Pedro.

Aponta-nos continuamente a luz da fé, como ajuda indispensável para chegarmos a bom porto.

O Santo Padre convidou-nos, em 25 de março, a instaurar a «Catequese em sua casa», a começar pelo Pai Nosso. Foi pedido que todos os católicos rezassem o Pai Nosso ao meio dia da quarta feira, 25 de março.

Esta oração ensinada por Jesus lembra-nos que temos um Pai – o melhor dos pais – no Céu, que cuida de nós, quando somos tentados a pensar que estamos abandonados ao capricho das forças adversas da natureza.

Dia do choro. No último domingo de março cujo evangelho nos fala da morte de Lázaro, o Santo Padre lembrou os que choram por causa da pandemia e acrescentou: “Que hoje seja para todos nós o domingo do choro”.

No início da Missa, o Papa expressou proximidade às muitas pessoas que choram por causa da doença covid-19 e das suas consequências sociais, as “pessoas isoladas, pessoas em quarentena, os idosos, sós, pessoas internadas e as pessoas em tratamento, os pais que veem que, como falta o salário, não conseguirão dar de comer aos filhos”.

“Hoje, diante de um mundo que sofre tanto, de tantas pessoas que sofrem as consequências desta pandemia, eu pergunto: sou capaz de chorar, como certamente o faria Jesus e o faz agora Jesus?”, questionou o Papa.

Francisco disse que o coração de cada pessoa deve ser como o de Jesus e, quanto “é demasiado empedernido”, quando uma pessoa é “capaz de falar, de fazer o bem, de ajudar, mas o coração permanece distante”, é necessário pedir a “graça de chorar”.

“Muitos choram hoje. E nós, deste altar, deste sacrifício de Jesus, de Jesus que não teve vergonha de chorar, peçamos a graça de chorar”, afirmou o Papa.

 

Nas dioceses portuguesas, um cuidado constante

 

Templos fechados. A CEP determinou, em 13 de março, a suspensão das Missas e de outros atos de culto, para evitar as aglomerações de pessoas que facilitariam a propagação do vírus. Os católicos portugueses foram, deste modo, desafiados a viverem a com outras expressões e no coração da família.

Talvez encontremos aqui a pedagogia de Deus, num ambiente em que se alegava falta de tempo e de disposição para rezar em família.

Causa impressão, nestes dias, olhar a Praça de S. Pedro e a esplanada de Fátima, completamente deserta. O culto e a oração foram recolhidos para o íntimo dos corações.

Esta é uma oportunidade, de facto, para a Igreja poder servir-se dos novos meios de comunicação, nesta ocasião concreta e depois em relação ao futuro. Em primeiro lugar estão a ser usados como meio de exprimir a proximidade espiritual da Igreja com o seu povo, para que não se sinta abandonado, e não pense que por acabarem as celebrações comunitárias acabou a oração e o culto”.

 

Consagração aos Sagrados Corações. Portugal renovou em Fátima, no dia 25 de março, solenidade a Anunciação do Senhor, a Consagração do mundo aos Sagrados Corações de Jesus e de Maria.

Foi porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa o Cardeal D. António dos Santos Marto, Vice-presidente da CEP e Bispo da Diocese de Leiria-Fátima.

Quiseram associar-se a este gesto de fé e confiança as Conferência Episcopais lusófonas, a de Espanha e mais de 20 Conferências Episcopais de todo mundo, além de muitas outras Dioceses. 

O undo inteiro esteve voltado para Fátima, naquele fim de tarde de março, e participou da emoção profunda do Cardeal Marto, ao ler o texto da Consagração.

Na véspera, o Cardeal Marto lançava um desafio aos ouvintes da Rádio Renascença: “O momento é ainda de incerteza. Nem os responsáveis políticos a nível mundial sabem o que vai acontecer. Sabe-se é que a vida não será como foi até aqui.”

Foram os católicos que se mobilizaram, num abaixo-assinado, entregue ao Cardeal Patriarca, D. Manuel Clemente, para que esta Consagração se fizesse.

“Todos os bispos foram consultados sobre a oportunidade da iniciativa, e todos concordaram com a renovação da Consagração.”

O bispo de Leiria-Fátima convida todos os católicos a associarem-se a este momento de oração, participando através dos meios de comunicação social, “não como quem assiste passivamente, mas como quem participa espiritualmente, num lugar da própria casa, numa atitude de recolhimento, de oração”.

 

Cruz e flores às portas e janelas das casas. A proposta «nasceu» nas redes sociais como forma de assinalar a Semana Santa e a Páscoa, nesta fase de isolamento social e difundiu-se por todo o país.

Já pomos no Natal o estandarte e agora vamos pôr uma cruz na varanda porque ser católica é uma coisa boa, não há vergonha e até pode ser que dê algum ânimo a alguém e haja algum católico que esteja numa janela, veja, e pense que vai fazer também”.

Foi lançado o desafio para que cada um ponha em marcha a sua imaginação, para celebrar deste modo a Semana Maior e o tempo da Páscoa.

Comenta um pároco de Coimbra: “Uma vez que não podemos viver da melhor forma esta época, esta é uma iniciativa muito boa para passar o conteúdo da Páscoa, partilhar o florir da Cruz é a alegria da ressurreição”

 

Comunhão de orações. Do Convento das Irmãs Concepcionistas partiu uma mensagem para os profissionais de saúde, empenhados no duro combate à pandemia: «Do Convento rezo por ti».

«Desde os nossos claustros, levantamos as mãos numa prece noite e dia, e queremos que tenham a certeza de que nas nossas orações e sacrifícios, vos acompanhamos», referem as religiosas de clausura

Este é apenas um exemplo, chamando a nossa atenção para o que se está a passar. São muitas as mensagens que circulam, prometendo a presença orante junto de todos, especialmente dos mais carenciados.

“Obrigada pelo vosso testemunho de entrega e generosidade incondicional. Estão a ser um exemplo e testemunho para eu imitar. Será que eu na minha vida religiosa, a minha entrega já chegou ao limite como a vossa?”, refere uma irmã mais idosa da congregação religiosa.

 

«Escutismo em Casa». Embora o Escutismo esteja vocacionado para a vida ao ar livre, em contacto com a natureza, foi necessário adaptar-se às novas restrições ditadas pela pandemia.

A imaginação juvenil criou alternativas. O Corpo Nacional de Escutas (CNE) lançou um novo portal para responder à imposição do isolamento social, devido à pandemia, procurando criar “um ponto de encontro” para os escuteiros que, por estes dias, têm as suas atividades suspensas.

A plataforma ‘escutismoemcasa.pt’ nasceu em tempo recorde, graças ao empenho de 20 voluntários.

Esta é uma forma de manter viva em cada jovem, a dinâmica do escutismo, com um conjunto de propostas consideradas relevantes.

“É o caso dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável que é uma área que o CNE está a tentar desenvolver para estimular uma consciência cada vez maior nos nossos escuteiros da temática ambiental que caracteriza o escutismo desde a sua génese…

Uma das propostas do “Escutismo em casa” passa pela formação na área da Fé, partindo de tertúlias que juntaram o assistente nacional do CNE, padre Luís Marinho, e Juan Ambrósio, da Faculdade de Teologia da UCP, sobre o tema “Covid-19 Agir e/ou Rezar?”.

 

Juntos pela Europa em oração. A equipa portuguesa da plataforma Juntos pela Europa convocou à união na oração, convidando à oração ao meio-dia, “rezando por toda a Humanidade”.

“Juntemo-nos todos em oração ao meio-dia, todos os dias, até que possamos voltar a abraçar-nos em paz e segurança. Reforcemos uma corrente de oração, à hora do Angelus, rezando uma Avé Maria por toda a Humanidade.”

A iniciativa designada “Juntos com Maria” pretende rezar por todos, mas em especial “pelos que estão na linha da frente desta pandemia, cuidando de todos nós e sobretudo daqueles que mais precisam”.

O comunicado acrescenta ainda o desejo de poder “ouvir os sinos das Igrejas a esta hora”, nos campos e cidades.

 

«Hospital de Campanha Espiritual». A caridade é engenhosa. Um grupo de sacerdotes de Coimbra lançaram a ideia de fazer um «Hospital de Campanha Espiritual».

São 30 os sacerdotes que participam nesta iniciativa e manifestam “publicamente” a sua disponibilidade para “ouvir e escutar, acolher e acompanhar”.

Os contactos destes sacerdotes estão disponíveis na página do Seminário Maior de Coimbra, afirmando a sua disponibilidade para serem contactados por telefone, Skype, mail ou WhatsApp para conversar “nas alegrias e nos medos, nas dúvidas e nas esperanças”.

“A batalha ainda não acabou, estamos no início de um caminho que será longo e duro. Precisamos de ‘curar as feridas’ e de ‘aquecer os corações’, não por fora mas por dentro. Precisamos sobretudo de cuidar dos que cuidam e dos que não têm ninguém para os cuidar”, afirmam os promotores da iniciativa.

 

Respostas solidárias. Surgem por todos os lados, como flores de Primavera, iniciativas para fazer frente à crise com material sanitário apropriado.

O Santuário de Fátima assumiu a compra de três ventiladores e a Diocese de Viana do Castelo e a Irmandade Senhor Bom Jesus da Cruz, de Barcelos, estão com campanhas em curso para a aquisição destes aparelhos, com as quais é possível contribuir.

A Cáritas Portuguesa, presente em todo o território, ativou os seus Planos de Contingência: a entrega de alimentos está a ser assegurada por técnicos ou voluntários, “que garantem que as famílias em situação de fragilidade financeira ou que habitualmente recebiam este apoio, continuam a ter acesso aos alimentos, nomeadamente através da entrega de cabazes e através do apoio domiciliário”.

Outras situações estão a ser acauteladas, nomeadamente, as Cáritas Diocesanas que têm respostas de apoio a situações de violência doméstica.

Também as valências de apoio a pessoas sem alojamento alargaram os seus horários de atendimento.

Apesar da suspensão do peditório público nacional, devido à pandemia, a Cáritas Portuguesa continua a recolher donativos através de uma plataforma online.

As dioceses de Santarém, Viana do Castelo, Braga, Aveiro e Leiria-Fátima disponibilizaram instalações e material logístico para alojar profissionais de saúde ou de IPSS, além de apoiar as atividades da Proteção Civil.

A Diocese do Porto ofereceu o Pavilhão nº 4 do Seminário do Bom Pastor (Ermesinde) à S R Norte da Ordem dos Médicos, o que ainda não se revelou necessário.

A Arquidiocese de Évora disponibilizou 25 quartos no Seminário Maior, para ajudar profissionais de saúde empenhados no combate à pandemia.

O objetivo é que “médicos e enfermeiros que trabalhem no Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) e se sintam impossibilitados de regressar a suas casas, possam pernoitar nas instalações do referido Seminário”.

“Tendo presente a situação vivida, a Arquidiocese de Évora manifesta o seu profundo reconhecimento e gratidão pela entrega e dedicação dos profissionais de saúde, na luta contra esta epidemia.”

A Diocese de Aveiro criou linha telefónica, para o acompanhamento da população, para todos o que necessitarem de ajuda.

“Garantindo-se o atendimento por parte dos Sacerdotes da Casa Episcopal”, explica D. António Moiteiro, adiantando que este serviço concretiza-se “todos os dias da semana”, através de três números de telefone.

As instituições sociais da diocese de Bragança-Miranda dão “apoio gratuito” para ajudar nas compras, em deslocações à farmácia ou para uma “escuta ativa” através de um número de telemóvel publicado.

Vários sacerdotes, entre eles o padre Sandro Vasconcelos está disponível para ir às “compras, farmácias, jornais e revistas e apoio espiritual” para as pessoas “mais velhas”, que não têm esse apoio, e partilhou o seu número de telemóvel.

Este sacerdote está disponível para ir às “compras, farmácias, jornais e revistas e apoio espiritual” para as pessoas “mais velhas”, que não têm esse apoio, e partilhou o seu número de telemóvel.

O Arcebispo de Braga, em mensagem dirigida aos diocesanos, pediu se multiplicassem os gestos de solidariedade.

“Necessitamos de muitas Páscoas, de muitos gestos concretos, na atenção com os outros, não deixando que o vizinho, o familiar, se deixe possuir pelo pessimismo ou pelo desânimo, mas ajudá-lo, efetivamente, a que, com a presença do Senhor, seja capaz de ultrapassar e de viver a Páscoa com alegria, com serenidade”

Bispo de Beja lembra verdades fundamentais aos diocesanos que os ajudarão a ultrapassar esta prova.

Lembra que os cristãos são portadores da “notícia surpreendente” que “a morte não é o fim de tudo”, Jesus de Nazaré “ressuscitou, venceu a morte”.

“Como fruto da Sua Páscoa enviou do Céu o Seu Espírito Santo que transformou os discípulos e os sustentou, e continua a sustentar na missão de anunciar, por toda a terra, esta Boa Notícia que põe em festa o coração de cada homem e de cada mulher. Esta é a missão da Igreja. Esta é a única festa que a Igreja, obedecendo ao Espírito Santo, sempre celebra em cada domingo e ao longo de todo o ano”

O Banco Alimentar, com o apoio da entreajuda e em articulação com a Bolsa do Voluntariado, anunciou a criação de uma Rede de Emergência Alimentar.

O grupo de acólitos da Paróquia de Santa Cecília, no Arciprestado de Câmara de Lobos (Diocese do Funchal), está a disponibilizar-se para ajudar a população mais idosa, indo às compras ou à farmácia.

Os Amigos à Mão, grupo da Paróquia de Cascais, lançou um serviço de compras para idosos e doentes crónicos que não podem sair de casa para ir à farmácia ou ao supermercado – basta enviar um email para amigosamao@gmail.com ou ligar (entre as 12h00 e as 14h00).

As associações do setor social e solidário em Portugal disponibilizaram os seus hospitais e lares para fazer face à pandemia, num momento em que o país se encontra em estado de emergência, reforçando o apoio domiciliário.

A Comunidade Vida e Paz (CVP) lançou uma campanha nas redes sociais, para ajudar os sem-abrigo, e mantém em funcionamento a ações na rua e o “Espaço Aberto ao Diálogo”.

O serviço da “Porta Solidária” da Paróquia da Senhora da Conceição, no Porto, está a servir diariamente refeições aos sem-abrigo e outros pobres.

 

Catequese on-line. Aproveitando as possibilidades das novas tecnologias, surgiu a iniciativa da catequese on-line, à semelhança do que se está a fazer com o ensino a todos níveis.

Escreve uma catequista: “Os miúdos manifestavam a necessidade de ver os catequistas, faziam vídeos, e pediam ao catequista para fazer, pediam informações, quando celebramos outra vez. Fomos conversando e percebemos que o problema era comum, entre os catequistas e os pais também transmitiam essa necessidade.”

Numa mensagem que prepararam para publicar no Facebook “uma das miúdas dizia que tinha saudade das longas histórias” que o padre conta na homilia “e, às vezes, reclamam que têm de estar com atenção”.

Ainda neste contexto, sabe-se ainda que há três avós e netos de outra paróquia que acompanham as atividades da catequese online e perceberam isso numa sessão em que “era preciso enviar um vídeo e um dos avós pediu para participar”.

“Dá trabalho mas é uma forma de nos sentimos próximos, este afastamento em termos emocionais está a custar bastante para todos, tínhamos uma dinâmica muito próxima”, assinalou a responsável.

Na verdade, como cantávamos no Hino da Ação Católica, Há caminhos não andados que esperam por alguém.

 

Acompanhamento espiritual. A Arquidiocese de Évora organizou um serviço de atendimento espiritual assegurado por 3 sacerdotes” daquela arquidiocese, sendo que “cada um assegura uma hora por dia. Este apoio é de ordem espiritual e não para questões de ordem pastoral e nasceu do desejo de D. Francisco Senra Coelho de um serviço a nível diocesano que já é feito pelos párocos a nível paroquial, que estão disponíveis e que acompanham espiritualmente os seus paroquianos.

 

Celebrações da Semana Santa e Páscoa. Desta vez, vamos ter uma Semana Santa e uma Páscoa diferentes.

A celebrações vão revestir-se da maior solenidade possível, mas apenas com o Bispo Diocesano e o pessoal indispensável. Tudo será transmitido pelas redes sociais, para que os fiéis, em suas casas, possam participar nelas com a proximidade que é possível.

 Toque dos sinos na Páscoa. O Bispo do Algarve deu indicações para que no Domingo de Páscoa, às 12h00, sejam tocados “festivamente os sinos em todas as igrejas” da diocese “em sinal do anúncio da vitória de Cristo sobre a morte e de esperança para todos” e pediu aos diocesanos que se deixassem contagiar pela alegria, ao ouvir o toque festivo dos sinos da Páscoa.

Não tenhais medo, é saudação e proclamação de fé, que a celebração da Páscoa, em tempo de profunda perturbação, nos convida a professar e a partilhar”, escreve D. Manuel Quintas.

Transmissão das celebrações on-line. Foi necessário adiar para tempo mais oportuno a renovação das promessas sacerdotais, em quinta feira santas, na Missa Crismal.

Mas recomendam que se leve aos conhecimentos dos paroquianos as horas das celebrações, para que se possam unir em espírito.

Nas várias recomendações transparece uma verdade: agrada mais a Deus a obediência a quem legitimamente a exerce, na Igreja ou na sociedade civil, do que os atos de culto e outras manifestações de fé.

 

As descobertas da pandemia

 

As redes sociais e a evangelização. Desejando continuar a ação pastoral da Igreja dentro dos estreitos limites impostos pelos condicionamentos da pandemia, as novas possibilidades abertas como janela sobre o mundo, pela informática apareceram claramente como um recurso a aproveitar.

Depois de passar a tempestade, a lição vai ficar, com certeza, apostando em novos meios de comunicação com as pessoas. Desde atos de culto transmitidos on-line, a reuniões apostólicas e outras iniciativas, tudo serviu para juntar as pessoas e dialogar, difundir sugestões de iniciativas e informar oportunamente sobre o andamento da Igreja.

“É uma experiência que nos ensina a ter preocupação com as novas possibilidades e penso que veio marcar a Igreja na sua abertura e ao mesmo tempo consciência e preocupação de valorizar a comunicação social, os meios que fazem reunir pessoas através da internet”, (D. Francisco Senra Coelho).

 

Humildade. O homem omnipotente, com possível capacidade de resposta a todos os problemas e dificuldades diluiu-se.

Não é que haja incompatibilidade entre a fé e o progresso humano, mas entre o aproveitamento que dele éramos tentados a fazer.

Perdeu-se a confiança no homem omnipotente preparado para resolver todas as dificuldades pelos progressos a técnica.

 

Imaginação pastoral. A pastoral nunca se compadece da estagnação. Exige atenção permanente para dar resposta atempada aos problemas e interrogações que vão surgindo.

No entanto, este encerramento deu origem a muitas iniciativas pastorais, tentando enfrentar a crise sem quebra de atuação.

Lança-se mãos dos Meios de Comunicação Social para as missas e outras celebrações on-line, para reunir à volta do ecrã os membros de uma associação ou para reuniões, para vencer o isolamento de muitos e difundir a alegria e o otimismo da vida.

 

Solidariedade. É a lição mais visível desta crise universal. Multiplicam-se os gestos de solidariedade, quer provendo aos bens indispensáveis para a saúde, quer ajudando a vencer a solidão e o medo.

 

Descoberta da oração. Voltamos a compreender que a oração não consiste em matraquear fórmulas mágicas. É algo mais simples e humano: uma conversa íntima com Deus, na qual desabafamos com Ele, lhe contamos as nossas dificuldades e Lhe pedimos filialmente ajuda, como crianças que se acolhem confiadamente aos Seus braços.

 

Imaginação criativa. Os últimos acontecimentos da pandemia são um desafio à nossa imaginação criativa, quer para valorizar ao máximo estes tempos de encerramento involuntário, quer para ajudar as pessoas, transformar programas apostólicos e de formação e manter o moral das pessoas.

 

Descoberta da vida familiar. Sob a pressão dos horários de trabalho, da sedução quase irresistível da televisão e de outros meios de comunicação social, da mobilidade e de outros elementos que dão origem a ovos costumes, a vida familiar foi sendo empurrada para lugar secundário.

As creches substituíram os braços maternos, por imposição da ausência das mães; a escola tomou conta dos filhos quase todo o dia; os horários desencontrados de trabalho causaram a morte do diálogo à volta da lareira; e a exiguidade das dimensões do lar, acabou por levar ao desaparecimento da vida em família, do diálogo olhos nos olhos.

Com a vida de família, entrou em agonia o carinho familiar e ocupou o seu espaço a mentalidade consumista, de descarte.

O encerramento ditado pela pandemia, forçou o encontro de cada um dos elementos da família. O prolongamento dele para além das espectativas ajudou a redescobri a beleza do diálogo em família.

Não deixemos agora, quando amainar o furor desta tempestade, que se perca esta reconquista da vida em família.

 

Importância da Igreja junto do povo. Verifica-se em toda a crise de pandemia o papel importante da Igreja e caminhar com as pessoas, não só atendendo às suas necessidades mais elementares, mas ainda dando orientações concretas para enfrentar esta crise.

Os dias que vivemos trouxeram ao de cima uma verdade que estava esquecida. A Igreja continua a ter grande influência junto das pessoas, pela sua proximidade milenária e pelo acompanhamento em todas as horas e, principalmente, nos acontecimentos que marcam as suas vidas.


Imprimir | Voltar atrás | Página Inicial