15º Domingo Comum
12 de Julho de 2020
RITOS INICIAIS
Cântico de entrada: Eu venho, Senhor – M. Cartageno, CEC (II), pg77
cf. Salmo 16, 15
Antífona de entrada: Eu venho, Senhor, à vossa presença: ficarei saciado ao contemplar a vossa glória.
Introdução ao espírito da Celebração
Jesus fala-nos em cada missa, através das leituras sagradas e através da palavra do sacerdote. Preparemos o nosso coração para O ouvir.
Oração colecta: Senhor nosso Deus, que mostrais aos errantes a luz da vossa verdade para poderem voltar ao bom caminho, concedei a quantos se declaram cristãos que, rejeitando tudo o que é indigno deste nome, sigam fielmente as exigências da sua fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
Primeira Leitura
Monição: A Palavra de Deus há-de produzir fruto em nossas almas, como a chuva que cai do céu e fecunda a terra.
Isaías 55, 10-11
Eis o que diz o Senhor: 10«Assim como a chuva e a neve que descem do céu não voltam para lá sem terem regado a terra, sem a terem fecundado e feito produzir, para que dê a semente ao semeador e o pão para comer, 11assim a palavra que sai da minha boca não volta sem ter produzido o seu efeito, sem ter cumprido a minha vontade, sem ter realizado a sua missão».
Esta leitura, tirada do final do Segundo Isaías, foi escolhida em função do Evangelho de hoje (Mt 13,1-23). Deus acaba de anunciar, através do Profeta, todos os bens que tem preparados para os repatriados no seu regresso do exílio de Babilónia. A «palavra que sai da minha boca» (v. 11) é o anúncio do Profeta, como personificado; esta palavra não é uma mera palavra de ânimo, mas é dotada de eficácia e terá pleno cumprimento; com efeito, para quem é o Todo-Poderoso, o dizer equivale ao fazer: Deus disse e tudo foi feito, como se lê no 1º capítulo do Génesis.
Salmo Responsorial Sl 64 (65), 10abcd.10e-11.12-13.14 (R. Lc 8, 8)
Monição: Temos de louvar a Deus pelas maravilhas que realiza na natureza e procurar que a nossa alma se encha de frutos que agradem a Deus e levem alegria e força aos que nos rodeiam
Refrão: A semente caiu em boa terra e deu muito fruto.
Visitastes a terra e a regastes,
enchendo-a de fertilidade.
As fontes do céu transbordam em água
e fazeis brotar o trigo.
Assim preparais a terra;
regais os seus sulcos e aplanais as leivas,
Vós a inundais de chuva
e abençoais as sementes.
Coroastes o ano com os vossos benefícios,
por onde passastes brotou a abundância.
Vicejam as pastagens do deserto
e os outeiros vestem-se de festa.
Os prados cobrem-se de rebanhos
e os vales enchem-se de trigo.
Tudo canta e grita de alegria.
Segunda Leitura
Monição: Os sofrimentos deste mundo não têm comparação com a glória que se manifestará em nós -diz-nos S.Paulo. As criaturas à nossa volta sofrem connosco as dores de parto à espera da liberdade gloriosa dos filhos de Deus.
Romanos 8, 18-23
Irmãos: 18Eu penso que os sofrimentos do tempo presente não tem comparação com a glória que se há-de manifestar em nós. 19Na verdade, as criaturas esperam ansiosamente a revelação dos filhos de Deus. 20Elas estão sujeitas à vã situação do mundo, não por sua vontade, mas por vontade d'Aquele que as submeteu, com a esperança de que as mesmas criaturas 21sejam também libertadas da corrupção que escraviza, para receberem a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. 22Sabemos que toda a criatura geme ainda agora e sofre as dores da maternidade. 23E não só ela, mas também nós, que possuímos as primícias do Espírito, gememos interiormente, esperando a adopção filial e a libertação do nosso corpo.
Temos vindo nestes domingos a respigar alguns dos mais expressivos textos da epístola aos Romanos. Este é um dos textos de difícil interpretação, sobre a qual não há pleno acordo entre os exegetas.
19 «As criaturas esperam ansiosamente...». S. Paulo, lançando mão duma empolgante prosopopeia, associa o conjunto das criaturas irracionais à esperança e anelos do homem redimido por Cristo.
20 «Elas estão sujeitas à vã situação do mundo» (à letra, «à vaidade»). Esta situação vã do mundo é a obra da criação sujeita à destruição, podendo ver-se aqui uma alusão a Gn 3,17, o rompimento da harmonia da criação como consequência do pecado do homem. Esta situação da criação deve-se «a quem a sujeitou», mas o original grego não explicita o sujeito (a tradução litúrgica traduziu por Deus); podemos pensar ou no mau uso que os homens fazem das criaturas, que o homem tem o poder de dominar (cf. Gn 1,28-29), ou então em que Deus, após o pecado, dispôs a natureza de forma a esta punir o homem pecador, a quem ela naturalmente devia servir (cf. Gn 3,17-19). Em ambos os casos, temos a harmonia inicial da criação transtornada, devido ao pecado.
21 «As mesmas criaturas seriam também libertadas da corrupção que escraviza» (à letra, da escravidão da corrupção). A que libertação se refere o texto sagrado não se pode saber com certeza. Designará a glorificação dos corpos depois da ressurreição, a qual redundará em glória para toda a natureza irracional, uma vez que o homem, mikrokósmos, é uma síntese de todo o Universo? Ou aludirá a uma restauração física de todo o Universo, coisa que não parece estar na perspectiva paulina, mas que se poderia deduzir de Apoc 21,1 e 2Pe 3,13, entendendo à letra estes textos simbólicos, pertencentes ao género apocalíptico? Pode tratar-se simplesmente da referência à libertação da maldição que o pecado trouxe às criaturas (cf. Gn 3,17-19), sem se explicitar mais. Seja como for, podemos fazer uma leitura espiritual deste misterioso texto do modo seguinte: na medida em que os filhos de Deus santificarem o mundo, isto é, todas as realidades terrenas, ordenando-as segundo o espírito do Evangelho, nessa medida estão a libertá-las da escravidão do pecado, pois deixam de ser objecto do mau uso que delas faz o homem pecador; e, desta maneira, também elas participam da salvação: «para receberem a gloriosa liberdade dos filhos de Deus» (no original grego não há verbo nenhum), isto é, participam da «gloriosa liberdade dos filhos de Deus», à letra, «da liberdade da glória dos filhos de Deus», uma glória que liberta, em paralelismo com a «corrupção que escraviza», de que se fala no v. 21.
22-23 «Toda a criatura tem gemido e tem sofrido as dores da maternidade». O Apóstolo usa uma arrojada prosopopeia para apresentar toda a criação a suspirar juntamente com os cristãos, que já são filhos de Deus (v. 15), mas que esperam a plenitude desta filiação na vida eterna (cf. 1Cor 13,12; 1Jo 3,2).
Aclamação ao Evangelho Jo 6, 64b.69b
Monição: Jesus diz-nos que a Palavra de Deus é semeada nas almas e encontra um acolhimento diferente no coração dos homens. Que sejamos terra boa que dá fruto abundante.
Aleluia
Cântico: Aleluia – M. Simões, NRMS, 9
A semente é a palavra de Deus e o semeador é Cristo.
Quem O encontra viverá eternamente.
Evangelho*
* O texto entre parêntesis pertence à forma longa e pode ser omitido.
Forma longa: São Mateus 13, 1-23 Forma breve: São Mateus 13, 1-9
1Naquele dia, Jesus saiu de casa e foi sentar-Se à beira-mar. 2Reuniu-se à sua volta tão grande multidão que teve de subir para um barco e sentar-Se, enquanto a multidão ficava na margem. 3Disse muitas coisas em parábolas, nestes termos: «Saiu o semeador a semear. 4Quando semeava, caíram algumas sementes ao longo do caminho: vieram as aves e comeram-nas. 5Outras caíram em sítios pedregosos, onde não havia muita terra, e logo nasceram porque a terra era pouco profunda; 6mas depois de nascer o sol, queimaram-se e secaram, por não terem raiz. 7Outras caíram entre espinhos e os espinhos cresceram e afogaram-nas. 8Outras caíram em boa terra e deram fruto: umas, cem; outras, sessenta; outras, trinta por um. 9Quem tem ouvidos, oiça».
[10Os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Porque lhes falas em parábolas?». 11Jesus respondeu-lhes: «Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos Céus, mas a eles não. 12Pois àquele que tem dar-se-á e terá em abundância; mas àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado. 13É por isso que lhes falo em parábolas, porque vêem sem ver e ouvem sem ouvir nem entender. 14Neles se cumpre a profecia de Isaías que diz: 'Ouvindo ouvireis, mas sem compreender; olhando olhareis, mas não vereis. 15Porque o coração deste povo tornou-se duro: endureceram os seus ouvidos e fecharam os seus olhos, para não acontecer que, vendo com os olhos e ouvindo com os ouvidos e compreendendo com o coração, se convertam e Eu os cure'. 16Quanto a vós, felizes os vossos olhos porque vêem e os vossos ouvidos porque ouvem! 17Em verdade vos digo: muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes e não viram e ouvir o que vós ouvis e não ouviram. 18Vós, portanto, escutai o que significa a parábola do semeador: 19Quando um homem ouve a palavra do reino e não a compreende, vem o Maligno e arrebata o que foi semeado no seu coração. Este é o que recebeu a semente ao longo do caminho. 20Aquele que recebeu a semente em sítios pedregosos é o que ouve a palavra e a acolhe de momento, 21mas não tem raiz em si mesmo, porque é inconstante, e, ao chegar a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, sucumbe logo. 22Aquele que recebeu a semente entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra, que assim não dá fruto. 23E aquele que recebeu a palavra em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende. Esse dá fruto e produz ora cem, ora sessenta, ora trinta por um».]
O texto do Evangelho corresponde ao início do chamado discurso das parábolas, onde em São Mateus Jesus apresenta a natureza do Reino de Deus: «Falou-lhes de muitas coisas em parábolas». Como de costume, este evangelista deve ter agrupado aqui, neste capítulo 13, sete parábolas, com toda a probabilidade contadas por Jesus em diferentes ocasiões. Parábola é uma comparação prolongada; isto significa o próprio termo grego (parabolê). Distingue-se da fábula, pois é verosímil; é uma narração viva e atraente, tirada das coisas da natureza e da vida diária. Também é diferente da alegoria, pois esta está toda carregada de simbolismo e todos os seus elementos encerram algum significado especial, ao passo que a parábola, de mais simples interpretação, vai direita a uma ideia central que se quer inculcar, sem que os seus elementos secundários tenham, em geral, qualquer significado especial, sendo meros elementos de adorno. Em S. João, que não recorre a parábolas, temos a célebre alegoria da videira (Jo 15). Também há parábolas com elementos alegóricos, podendo mesmo este simbolismo ser captado apenas a partir da vida da Igreja (por ex., em Mt 25,5, na parábola das 10 virgens, a demora do esposo passa a simbolizar a demora da parusía. A parábola do semeador, que hoje temos, também nos aparece misturada de alegoria, pois não se limita a expor uma ideia central: a eficácia extraordinária e sobrenatural da sementeira divina, da acção de Deus no mundo, na Igreja e nas almas (100, 60, 30 por um). Nesta parábola cada um dos terrenos tem um significado simbólico particular, significado que é atribuído por Cristo na explicação posterior. Mas, ao fim e ao cabo, a parábola do semeador encerra uma exortação implícita a convertermo-nos em boa terra para receber a Palavra de Deus e a confiar na sua eficácia.
10-13 «Porque lhes falas em parábolas?» Jesus, segundo os costumes orientais, não explicava imediatamente uma parábola e deixava que ela ficasse a bailar no espírito dos ouvintes como uma espécie de enigma (assim o maxal hebraico correspondia tanto à comparação, como a uma máxima, sentença sábia, alegoria, ou mesmo a um enigma ou adivinha). Deste modo, despertava Jesus o interesse dos ouvintes; as almas rectas e amantes da verdade podiam depois procurar aprofundar o ensinamento; as pessoas superficiais, materialistas e desinteressadas da verdade, deixavam que tudo se lhes escapasse, por isso diz Jesus que «a eles não lhes é dado conhecer os mistérios do Reino de Deus» (v. 11).
«Àquele que tem dar-se-á...», aos que têm boas disposições, estas são-lhe aumentadas com as luzes da pregação de Jesus; ao passo que aos mal dispostos pelo mau uso da sua liberdade, até as luzes que tinham (particularmente as recebidas com a revelação do Antigo Testamento) acabam por perdê-las. A citação da profecia de Isaías contém um anúncio do endurecimento dos ouvintes da pregação profética, que é entendida como consequência e castigo da resistência à graça. Deus não quer este endurecimento do coração, mas permite-o, porque quer respeitar a liberdade humana; mas o homem tem a grave responsabilidade de ser fiel a Deus e de fazer frutificar os dons recebidos. «Não fossem ver…, ouvir…, entender… e converter-se… e Eu os curasse» (v. 15) é uma linguagem para nós demasiado dura, por dar a entender que é Deus quem endurece o coração do pecador, mas, na linguagem bíblica, é frequente não distinguir o que Deus permite daquilo que Deus faz, atribuindo frequentemente a Deus, a Causa Primeira, aquilo que é fruto das causas segundas. «Se lhes falo em parábola, é porque vêem sem ver...» Em Mateus o ensino em parábolas aparece como um acto de condescendência de Jesus, como uma forma de tornar acessíveis os ensinamentos de Jesus sobre os elevados mistérios do Reino, mas que ficam incompreensíveis para as almas fechadas à luz da verdade.
Sugestões para a homilia
Disse muitas coisas em parábolas
Saiu o semeador a semear
Recebeu a palavra em boa terra
Disse muitas coisas em parábolas
Jesus, no Evangelho, serve-se muitas vezes de parábolas para falar das coisas de Deus É uma linguagem que as pessoas podiam entender melhor e assim perceber melhor os mistérios de Deus. Algumas delas são muito belas como a do filho pródigo, da ovelha perdida, do bom samaritano. Mas no Evangelho o Senhor queixa-se que muitos têm o coração duro para acolher a palavra de Deus e por isso tem de falar-lhes em parábolas.
Nesta do semeador diz-nos que nem todos escutam a pregação com o coração bem disposto. Uns são como o terreno dos caminhos calcado pelos homens. A semente de Deus não chega a entrar. O demónio encarrega-se de a desviar impedindo que entre no coração.
Outros são terreno rochoso. Recebem a pregação com entusiasmo, acolhem a palavra de Deus, mas são superficiais e inconstantes. Na primeira dificuldade mudam de ideias. São pessoas de horas e ventos. Deixam-se guiar pelas emoções e pelos sentimentos, que são mutáveis em vez de se guiarem pela inteligência e pela vontade iluminadas pela fé.
Um terceiro grupo são bom terreno. Estão abertos ao bem e à graça de Deus, têm qualidades humanas, mas não procuram arrancar as ervas daninhas que aparecem junto das sementinhas nascidas na alma. E depressa a sementeira fica destruída, abafada pelas preocupações, pelas paixões e pelas futilidades da vida.
O ambiente de materialismo em que muitos vivem enfraquece os desejos do bem, leva ao desleixo, ao descuido pela oração, pela mortificação e pela confissão frequente. E a semente de Deus não dá fruto porque fica abafada pelo mundo à sua volta.
Saiu o semeador a semear
Jesus é o semeador divino. Continua hoje a semear no coração dos homens a Sua palavra de salvação.
Serve-se da pregação do sacerdote na homilia de cada domingo. Serve-se das mensagens do Santo Padre. Serve-se duma boa leitura que fizemos. Serve-se até dum acontecimento que obriga as pessoas pensar. Pode ser o caso da epidemia que invadiu o mundo de hoje e que obrigou por toda a parte a alterar o estilo de vida.
Os homens poderão dar conta que andam apegados a muitas coisas, que rapidamente lhes fogem das mãos e que não são as mais importantes. Podem tomar consciência que sem Deus não conseguem nada e que só Ele lhes pode valer. Um inquérito realizado em Abril nos Estados Unidos mostrava que 35% da população dizia que a epidemia os ajudou a aumentar a fé. Na Inglaterra 2,6 milhões de pessoas que nunca rezavam tinham começado a fazê-lo.
Deus serve-se do sofrimento para despertar as almas. Um escritor francês dizia que Deus é o pastor e a dor é o seu cão.
Aproveitemos esta catástrofe mundial para nos voltarmos para Deus, pedindo a Sua ajuda e também a conversão dos homens, cegos tantas vezes no seu orgulho e autossuficiência.
Vale a pena que saibamos ouvir com amor a palavra de Jesus. Só Ele tem palavras de vida eterna. Só Ele pode dar sentido à nossa vida e dar-nos serenidade e paz mesmo no meio das maiores calamidades.
Recebeu a palavra em boa terra
Que sejamos boa terra, com húmus, com profundidade. E saibamos cultivá-la um dia e outro com entusiasmo e perseverança.
Examinemo-nos como é que escutamos a Palavra de Deus. Peçamos ao Senhor que aumente a nossa fé para O Ouvir, para guardar e meditar a Sua Palavra. Santa Teresa de Ávila conta que as suas freiras do Convento de S.José viviam a obediência com tanta prontidão que uma vez, na hora de recreio, disse: imaginem que pedia para alguma se atirar ao tanque da água ali em frente. Ainda mal tinha dito estas palavras já uma se tinha atirado à água. Tal era a atenção que prestavam e a prontidão em obedecer.
Procuremos ouvir com amorosa atenção a palavra de Jesus e que produza fruto em nossos corações, ansiando deveras pela santidade, não nos contentando com uma vida medíocre e sem verdadeiro amor de Deus. Deixemo-nos guiar pelo Espírito Santo. Sem Ele não podemos fazer nada de bom.
Empreguemos os meios para cultivar o campo da nossa alma, como o agricultor cultiva as suas terras. É preciso lavrar para que a semente encontre terreno bem preparado, cultivando a mortificação e a penitência, e acudindo com frequência ao sacramento da confissão.
Temos de ir arrancando as ervas daninhas uma e outra vez, estando atentos aos nossos defeitos pelo exame de consciência cuidadoso repetido diariamente. Esforçando-nos por corrigir defeitos, melhorando na maneira de fazer o bem, cumprindo melhor os deveres de cada dia, no trabalho profissional, na vida de família, no trato com os outros, na prática das obras de misericórdia. Temos de vigiar o nosso orgulho, o apego aos bens materiais e aos prazeres dos sentidos.
É assim que faz o agricultar que vai mondando, adubando as plantas e regando os campos. A oração é como a água que torna a terra fecunda e produtiva. Sem oração a nossa alma será estéril e sem frutos, como terra árida. Sabermos organizar um programa diário de oração e ser-lhe fiéis dia a dia é fundamental para sermos terra que dá frutos abundantes e enche de alegria o dono do campo, que é Deus e nos enche de júbilo a nós também.
Nossa Senhora é o modelo para ouvirmos a Palavra de Deus. Um dia uma mulher do meio da multidão exclamou, cheia de entusiasmo: Bendito o ventre que te trouxe e os peitos que te amamentaram. E Jesus respondeu: antes bem aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática. Era um elogio para Sua Mãe.
Fala o Santo Padre
«Perguntemo-nos se o nosso coração está aberto para acolher com fé a semente da Palavra de Deus.
Encontremos a coragem para limpar o terreno, levando ao Senhor na Confissão
e na oração as nossas pedras e os espinhos que sufocam a Palavra.»
Jesus, quando falava, usava uma linguagem simples e servia-se também de imagens, que eram exemplos tirados da vida diária, a fim de poder ser compreendido facilmente por todos. Por isso gostavam de o ouvir e apreciavam a sua mensagem que ia diretamente ao coração; e não era aquela linguagem difícil de compreender, a que usavam os doutores da Lei da época, que não se entendia bem, era rígida e afastava o povo. E com esta linguagem Jesus fazia compreender o mistério do Reino de Deus; não era uma teologia complicada. E o Evangelho de hoje dá-nos um exemplo: a parábola do semeador (cf. Mt 13, 1-23).
O semeador é Jesus. Observamos que, com esta imagem, Ele se apresenta como alguém que não se impõe, mas se propõe; não nos atrai conquistando-nos, mas doando-se: lança a semente. Ele espalha com paciência e generosidade a sua Palavra, que não é uma gaiola nem uma armadilha, mas uma semente que pode dar fruto. E como pode dar fruto? Se a acolhermos.
Por isso, a parábola diz respeito sobretudo a nós: com efeito, ela fala mais do terreno que do semeador. Jesus faz, por assim dizer, uma «radiografia espiritual» do nosso coração, que é o terreno sobre o qual a semente da Palavra cai. O nosso coração, como um terreno, pode ser bom e então a Palavra dá fruto — e muito — mas pode também ser duro, impermeável. Isto acontece quando ouvimos a Palavra, mas ela escorrega, precisamente como numa estrada: não entra.
Entre o terreno bom e a estrada, o asfalto — se lançarmos uma semente na «calçada», nada cresce — há contudo dois terrenos intermédios que, de maneiras diversas, podemos ter em nós. O primeiro, diz Jesus, é o pedregoso. Tentemos imaginar: um terreno pedregoso é um terreno «onde não há muita terra» (cf. v. 5), e portanto a semente germina, mas não consegue ganhar raízes profundas. É assim o coração superficial, que acolhe o Senhor, quer rezar, amar e testemunhar, mas não persevera, cansa-se e não cresce. É um coração sem consistência, no qual as pedrinhas da preguiça prevalecem sobre a terra boa, onde o amor é inconstante e passageiro. Mas quem acolhe o Senhor só quando lhe apetece, não dá fruto.
Depois, há o último terreno, aquele espinhoso, cheio de sarças que sufocam as plantas boas. O que representam estas sarças? «A preocupação do mundo e a sedução da riqueza» (v. 22), assim diz Jesus, explicitamente. As sarças são os vícios que estão em contraste com Deus, que sufocam a sua presença: antes de tudo os ídolos da riqueza mundana, viver avidamente, para si mesmos, pelo ter e pelo poder. Se cultivarmos estas sarças, sufocamos o crescimento de Deus em nós. Cada um pode reconhecer as suas sarças pequenas ou grandes, os vícios que habitam no seu coração, aqueles arbustos mais ou menos radicados que não agradam a Deus e impedem que se tenha o coração limpo. É necessário arrancá-los, senão a Palavra não dará fruto, a semente não crescerá.
Queridos irmãos e irmãs, Jesus convida-nos hoje a olhar para dentro de nós: a agradecer pelo nosso terreno bom e a trabalhar nos terrenos que ainda o não são. Perguntemo-nos se o nosso coração está aberto para acolher com fé a semente da Palavra de Deus. Questionemo-nos se os nossos pedregulhos da preguiça ainda são muitos e grandes; encontremos e chamemos pelo nome as sarças dos vícios. Encontremos a coragem para limpar o terreno, uma boa limpeza do nosso coração, levando ao Senhor na Confissão e na oração as nossas pedrinhas e as nossas sarças. Fazendo assim, Jesus, o bom samaritano, será feliz de realizar mais um trabalho: purificar o nosso coração, tirando as pedras e os espinhos que sufocam a Palavra.
A Mãe de Deus, que hoje recordamos com o título de Bem-Aventurada Virgem do monte Carmelo, insuperável no acolhimento da Palavra de Deus e em pô-la em prática (cf. Lc 8, 21), nos ajude a purificar o coração e vos mantenha na presença do Senhor.
Papa Francisco, Angelus, Praça de São Pedro, 16 de Julho de 2017
Oração Universal
Irmãos, com a nossa alma cheia de esperança ao contemplarmos os nossos irmãos, os santos do Céu, apresentemos ao nosso Pai Deus os nossos pedidos:
Por intercessão dos Vossos santos ouvi-nos Senhor.
1-Pela Santa Igreja de Deus,
para que anime a todos os seus filhos na luta pela santidade, oremos irmãos.
Por intercessão dos Vossos santos ouvi-nos Senhor.
2-Pelo Santo Padre,
para que a sua palavra e o seu exemplo de amor a Deus
dê frutos em todos os cristãos e em todos os homens de boa vontade, oremos irmãos.
Por intercessão dos Vossos santos ouvi-nos Senhor.
3-Pelos bispos, sacerdotes e diáconos,
para que sejam modelos e arautos do amor de Deus
e do Seu convite à santidade, oremos irmãos.
Por intercessão dos Vossos santos ouvi-nos Senhor.
4-Pelos que sofrem, pelos que já desanimaram de lutar pela felicidade,
para que o Senhor os encoraje e ilumine, oremos irmãos.
Por intercessão dos Vossos santos ouvi-nos Senhor.
5-Pelos que procuram o céu por caminhos errados,
para que o Senhor os ilumine e converta, oremos irmãos.
Por intercessão dos Vossos santos ouvi-nos Senhor.
6-Pelas almas benditas do Purgatório,
que esperam ansiosamente a entrada no céu, oremos irmãos.
Por intercessão dos Vossos santos ouvi-nos Senhor.
Senhor que nos reunistes numa só família, a Santa Igreja, para vivermos como Vossos filhos cá na terra, fazei saibamos amar-Vos cada vez mais no meio das coisas terrenas, para com elas sabermos ganhar as do céu. Por N.S.J.C. Vosso Filho, que conVosco vive e reina na unidade do Espírito Santo.
Liturgia Eucarística
Cântico do ofertório: As vossas palavras Senhor – C. Silva, OC, pg 36
Oração sobre as oblatas: Olhai, Senhor, para os dons da vossa Igreja em oração e concedei aos fiéis que os vão receber a graça de crescerem na santidade. Por Nosso Senhor.
Santo: A. Cartageno – COM, pg 189
Monição da Comunhão
A Eucaristia é para nós o pão da vida que nos fortalece no caminho da santidade. Nele nos vamos identificando com Cristo e transformando-nos nEle.
Cântico da Comunhão: A semente é a palavra de Deus –– C. Silva, OC, pg 19
Salmo 83, 4-5
Antífona da comunhão: As aves do céu encontram abrigo e as andorinhas um ninho para os seus filhos, junto dos vossos altares, Senhor dos Exércitos, meu Rei e meu Deus. Felizes os que moram em vossa casa e a toda a hora cantam os vossos louvores.
Ou
Jo 6, 57
Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em Mim e Eu nele, diz o Senhor.
Cântico de acção de graças: Cantarei a bondade do Senhor – J. Santos, NRMS, 62
Oração depois da comunhão: Senhor, que nos alimentais à vossa mesa santa, humildemente Vos suplicamos: sempre que celebramos estes mistérios, aumentai em nós os frutos da salvação. Por Nosso Senhor.
Ritos Finais
Monição final
Somos chamados a configurar-nos com Cristo em nossa vida de cada dia. Vamos lutar por ser santos de verdade e dar muito fruto em nossas vidas.
Cântico final: Exulta de alegria no Senhor – M. Carneiro, NRMS, 21
Homilias Feriais
15ª SEMANA
2ª Feira 13-VII: A Palavra de Deus e a cruz.
Is 1, 11-17 / Mt 10, 34 a 11, 1
Quem não toma a sua cruz para me seguir, não é digno de mim.
Como afirma o Senhor, devemos convencer-nos de que o primordial da vocação do cristão é o seguimento de Jesus (EV). Este seguimento exige uma conversão constante que, por sua vez, está ligada à luta interior. Não vim trazer a paz à terra, mas a espada (EV).
O profeta Isaías transmite-nos da parte do Senhor: De que me servem os vossos inúmeros sacrifícios? O mais importante é outra vez a luta sacrificada. Deixai de praticar o mal. Aprendei a fazer o bem (LT). Não te acuso pelos teus sacrifícios, mas porque detestas a conversão e desprezas os meus caminhos (SR). No fundo consiste em não fazer aquilo que custa, que exige cruz.
3ª Feira, 14-VII: A Palavra de Deus e as conversões.
Is 7, 1-9 / Mt 11, 20-24
Começou Jesus a censurar duramente as cidades em que tinha realizado a maioria dos seus milagres, por não terem feito penitência.
Os habitantes destas cidades não corresponderam às graças recebidas de Deus e os seus corações endureceram (EV). Embora Jesus tenha vindo para nos salvar é possível recusar as graças nesta vida, endurecendo-se o coração do homem. No entanto, Deus protege a cidade de Jerusalém dos ataques dos reis de Judá e da Síria (LT). Conservai para sempre a vossa cidade (SR). Pedimos ao Senhor que nos proteja também através de S. Miguel Arcanjo.
O coração do homem é pesado e endurecido É preciso que Deus lhe dê um coração novo, mas a conversão é antes mais obra da graça de Deus. Convertei-nos e seremos convertidos.
4ª Feira, 15-VII: A Palavra de Deus e a humildade.
Is 10, 5-7. 13-16 / Mt 11, 25-27
Eu te bendigo ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e aos inteligentes e as revelastes aos pequeninos.
É aos humildes que Deus se revela (EV). Os sábios e inteligentes, entregues a si mesmos, não conseguem entender todos os caminhos da vida. Só Jesus pode dissipar-lhes as trevas e indicar-lhes o caminho. Para recebermos tudo o que Ele nos revela precisamos ser muito humildes, porque Ele nos apresenta novas dimensões, como a vida da graça, a fé, o sofrimento, etc.
Pelo contrário, o Senhor do Universo fará derrubar o rei da Assíria, que não pensava do mesmo modo que Deus, e queria aniquilar o maior número possível de nações (LT). Mas o Senhor não rejeita o seu povo, nem abandona a sua herança (SR).
Celebração e Homilia: Celestino Correia
Nota Exegética: Geraldo Morujão
Homilias Feriais: Nuno Romão
Sugestão Musical: José Carlos Azevedo