acontecimentos eclesiais
DA SANTA SÉ
IGREJA E DESPORTO
Desde
Agosto, o Conselho Pontifício para os Leigos conta com uma nova Secção: «Igreja
e Desporto».
A nova Secção tem por objectivo ser na Igreja ponto de
referência para as organizações desportivas nacionais e internacionais,
sensibilizar as Igrejas locais para a assistência pastoral dos ambientes
desportivos, favorecer uma cultura do desporto como meio de crescimento integral
da pessoa e como instrumento ao serviço da paz e da fraternidade, propor o
estudo de questões éticas sobre o desporto, organizar iniciativas de testemunho
de vida cristã entre os desportistas.
Com efeito, o desporto ocupa nos dias de hoje um papel
muito relevante, quer a nível pessoal, quer a nível global, podendo ser
considerado um dos pontos nevrálgicos da cultura contemporânea e uma das
fronteiras da nova evangelização.
O Conselho Pontifício para os Leigos quer trabalhar
para que o desporto possa ser uma escola de virtudes e um instrumento de paz
entre os povos.
«MEMÓRIA E IDENTIDADE»:
NOVO LIVRO DE JOÃO PAULO II
O Director
dos Serviços de Informação da Santa Sé, Joaquín Navarro-Valls, apresentou em
Francfort (Alemanha) no passado dia 7 de Outubro o novo livro de João Paulo II:
«Memória e identidade. Conversa entre milénios», que será publicado na
primavera de 2005.
Segundo Navarro-Valls, o livro é uma obra de Filosofia
da História, na qual o Papa trata de temas como a democracia contemporânea, a
liberdade humana, os conceitos de nação, pátria e Estado, as relações entre
nação e cultura, os direitos humanos e a relação Igreja – Estado. O fio
condutor é o grande mistério do ser humano, tema sempre presente em toda a obra
filosófica e literária de Karol Wojtila, assim como nos escritos magisteriais.
Perguntado sobre como nasceu o livro, o Director dos
Serviços de Informação explicou que surgiu de uma longa conversa que o Papa
teve em 1993 com dois professores de filosofia polacos, Josef Tishner e Krystof
Michalski, na residência de Verão de Castelgandolfo. Estes professores faziam
perguntas ao Santo Padre e ele respondia. A conversa foi gravada e depois
transcrita. O manuscrito ficou guardado vários anos até que o Papa voltou a
lê-lo e decidiu convertê-lo em livro depois de fazer algumas correcções.
Embora no livro haja referências a situações e factos
de outros continentes, o Papa pensa sobretudo na Europa, na vida e pensamento
do séc. XX. O leitor é levado a buscar o sentido mais profundo da História, a
compreensão dos grandes interrogantes históricos da nossa época.
Navarrro-Valls salientou que João Paulo II escreve
sobre as ideologias do mal, o nazismo e o comunismo, procura as suas raízes bem
como dos regimes a que deram origem; e faz uma reflexão teológica e filosófica
acerca de como a presença do mal muitas vezes termina por ser um convite para
fazer o bem. «Acontece que o mal, em certos momentos da existência humana, se
revela como útil. Útil na medida em que cria uma ocasião para fazer o bem»,
escreve o Papa.
«Memória e identidade» é o quinto livro que João Paulo
II publica como Papa, depois de «Atravessar o limiar da esperança», «Dom e
Mistério», «Tríptico Romano» e «Levantai-vos, vamos!».
COMPÊNDIO DA
DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA
Foi apresentado
no Vaticano, em 25 de Outubro passado, o «Compêndio da Doutrina Social da
Igreja». A obra contém uma explicação sistemática e oficial dos princípios
católicos sobre questões como os direitos humanos, a guerra, a democracia, a
vida económica, a comunidade internacional, o terrorismo ou a ecologia.
Este fora um pedido explícito do Papa ao Conselho
Pontifício «Justiça e Paz», em 1998, a quem encomendou um «compêndio ou síntese
autorizada da Doutrina Social católica» que mostrasse a conexão entre esta e a
Nova Evangelização.
A síntese da Doutrina Social da Igreja (DSI)
destina-se a Bispos, sacerdotes, leigos – sobretudo aos políticos, empresários
e sindicalistas –, mas também a fiéis de outras religiões e a todos os «homens
de boa vontade que desejam servir o bem comum», como refere o prefácio do
documento.
Na apresentação do Compêndio da Doutrina Social da
Igreja, o Cardeal Renato Martino, presidente do Conselho Pontifício
«Justiça e Paz» explicou que o Compêndio tem uma estrutura simples e linear.
Após uma Introdução, a obra está dividida em três
partes, que abordam os fundamentos, os conteúdos e as perspectivas pastorais do
ensinamento da Igreja nos domínios sociais, políticos, económicos e morais.
A primeira parte tem quatros capítulos, onde se tratam
os pressupostos fundamentais da Doutrina Social: o projecto de Deus para o
homem e a sociedade; a missão da Igreja e a natureza da DSI; a pessoa humana e
os seus direitos; os princípios e os valores da DSI.
A segunda parte, composta por sete capítulos, apresenta
os conteúdos e os temas clássicos da DSI: a família, o trabalho, a economia, a
política, a paz e o ambiente.
A última parte, mais breve, apresenta um único
capítulo com uma série de indicações para a utilização da DSI na acção pastoral
da Igreja e na vida dos cristãos.
A Conclusão, intitulada «Por uma civilização do amor»,
exprime o entendimento de fundo de todo o documento.
RAÍZES CRISTÃS
DA EUROPA
O arcebispo
Giovanni Lajolo, responsável pelas relações da Santa Sé com os Estados,
criticou novamente a ausência de uma referência às raízes cristãs da Europa no
Tratado Constitucional da União Europeia, assinado em Roma em 29 de Outubro
passado.
«A menção das raízes cristãs da Europa no preâmbulo do
Tratado Constitucional era vivamente desejada por numerosos cidadãos deste
Continente, católicos, ortodoxos e protestantes», disse Mons. Lajolo em
entrevista ao jornal italiano La Stampa.
O arcebispo mostrou-se surpreendido com «a miopia
cultural: falar das raízes cristãs não significa um limite ideológico, mas a
memória de um fermento produzido na história da Europa e, a partir da Europa,
difundido em todo o mundo».
Na entrevista, o arcebispo Lajolo deixou claro que a
Santa Sé não receia o alargamento da Europa e não se opõe à adesão da Turquia,
desde que responda a todos os critérios da Cimeira de Copenhaga, em 2002.
Os 25 chefes de Governo da União Europeia assinaram o
Tratado Constitucional na Sala Júlio César, onde em 1957 fora assinado pelos
seis países fundadores o Tratado de Roma, que deu origem à Comunidade Económica
Europeia (CEE).
No dia anterior, o Papa recebera no Vaticano o
presidente em exercício da Comissão Europeia, Romano Prodi, a quem recordou que
«o cristianismo contribuiu para a formação de uma consciência comum dos povos
europeus e ajudou muitíssimo a plasmar as suas civilizações».
DIA MUNDIAL DA PAZ
A Mensagem
do Santo Padre para o Dia Mundial da Paz de 2005 será dedicada ao tema «Não te
deixes vencer pelo mal, vence antes o mal com o bem» (Rom 12, 21).
O tema pretende provocar uma tomada de consciência do
mal como causa e fonte de conflitos e de guerras e, ao mesmo tempo, da ligação
indissociável entre o bem moral e a paz. Com efeito, a paz é um
bem que se apresenta como o fruto de escolhas inspiradas no bem e orientadas
para o bem.
A consideração do bem moral leva também à valorização
de um dos princípios mais relevantes da doutrina social da Igreja, o princípio
do bem comum universal.
O Papa vai defender uma nova estruturação da ordem
social, económica e política, a todos os níveis, numa perspectiva de paz,
ligando o direito ao desenvolvimento com o direito à paz.
«O caminho do bem é o caminho mais seguro e mais
rápido para atingir a paz», conclui o comunicado da Santa Sé.