Sagrada
Família de Jesus Maria e José
26 de Dezembro de 2004
Domingo dentro da Oitava do Natal
RITOS INICIAIS
Cântico de entrada: Os pastores vieram, F. dos Santos, Cânticos de Entrada e Comunhão I, pág. 63
Lc 2, 16
Antífona de entrada: Os pastores vieram a toda a pressa e encontraram
Maria, José e o Menino deitado no presépio.
Diz-se o
Glória.
Introdução ao espírito da Celebração
Nós, Cristãos, somos a família que constitui a igreja
fundada por Jesus, formamos a sociedade dos verdadeiros cristãos, trabalhando
na santidade em ordem à felicidade eterna.
Imitemos a Família de Nazaré na nossa casa, na
harmonia do lar, no trabalho, na assiduidade À oração, no exemplo e modelo que
é para todos nós.
Aí estava o Espírito de Deus e a Sua Palavra que
incarna em Maria, Esposa de José.
Proclamemos a glória de Deus aguardando a renovação
da sociedade e da Igreja pela Palavra e Espírito vivificador.
Oração colecta: Senhor, Pai Santo, que na Sagrada Família nos destes
um modelo de vida, concedei que, imitando as suas virtudes familiares e o seu
espírito de caridade, possamos um dia reunir-nos na vossa casa para gozarmos as
alegrias eternas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco, na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
Primeira Leitura
Monição: A
leitura fala-nos da realidade apresentando acções do presente nos verbos
utilizados. Enfatiza para chamar a atenção – e dar realce – aos cuidados a ter
com os pais quando a saúde enfraquece. Assim, utiliza a palavra quem, várias
vezes, para narrarmos em nós o dever do 4.º mandamento.
Nós influenciamos e somos
influenciados, somos activos e passivos, damos e recebemos. O Senhor quer que
tenhamos saber religioso, cultura da Sua palavra que nos ligue a Ele e à
verdade. O saber grego expandiu o seu paganismo, perturbou o Povo de Deus que
teve de rever a sua fé.
O Espírito de Deus está
sempre vigilante, lemos em Ben-Sirá, fazendo aparecer no meio do Seu Povo quem
promova e conduza a meditação da Palavra de Deus, fonte de sabedoria.
Ben-Sirá 3, 3-7.14-17a
(gr. 2-6.12-14)
3Deus
quis honrar os pais nos filhos e firmou sobre eles a autoridade da mãe. 4Quem
honra seu pai obtém o perdão dos pecados 5e acumula um tesouro quem
honra sua mãe. 6Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos
e será atendido na sua oração. 7Quem honra seu pai terá longa vida,
e quem lhe obedece será o conforto de sua mãe. 14Filho, ampara a
velhice do teu pai e não o desgostes durante a sua vida. 15Se a sua
mente enfraquece, sê indulgente para com ele e não o desprezes, tu que estás no
vigor da vida, 16porque a tua caridade para com teu pai nunca será
esquecida 17ae converter-se-á em desconto dos teus pecados.
Esta leitura é extraída da Sabedoria de Jesus
Ben Sirac, título grego do livro do A.T. mais lido na Liturgia, depois do
Saltério, o que lhe veio a merecer, na Igreja latina, o nome de Eclesiástico,
como já lhe chama no séc. III S. Cipriano. O autor inspirado escreve pelo ano
180 a. C., quando a Palestina acabava de passar para o domínio dos Selêucidas
(198). Então, a helenização, favorecida pelas classes dirigentes, começava a
tornar-se uma sedução para o povo da Aliança, com a adopção de costumes
totalmente alheios à pureza da religião. Perante tão perigosa ameaça, Ben Sirac
vê na família o mais poderoso baluarte contra o paganismo invasor. Assim, os
seus ensinamentos vão insistentemente dirigidos aos filhos, e estes são
continuamente exortados a prestar atenção às palavras do pai. O nosso texto é
um belíssimo comentário inspirado ao 4.º mandamento do Decálogo (Ex 20, 12; Dt 5, 16), concretizando alguns deveres: o cuidado com os pais na
velhice (v. 14a); não lhes causar tristeza (v. 14b); ser indulgente para com
eles, se vierem a perder a razão (15a); nunca os votar ao desprezo (15b).
Salmo Responsorial Salmo 127 (128), 1-2.3.4-5 (R. cf. 1)
Monição: Este Salmo fala-nos das bênçãos familiares na
peregrinação da vida de louvor ao Senhor. Fundamenta-se no temor de Deus
durante a caminhada.
Refrão: Felizes os que esperam no Senhor,
e seguem os seus caminhos.
Ou: Ditosos os que temem o Senhor,
ditosos os que seguem os seus
caminhos.
Feliz de ti, que temes o Senhor
e andas nos seus caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos,
serás feliz e tudo te correrá bem.
Tua esposa será como videira fecunda
no íntimo do teu lar;
teus filhos serão como ramos de oliveira
ao redor da tua mesa.
Assim será abençoado o homem que teme o Senhor.
De Sião te abençoe o Senhor:
vejas a prosperidade de Jerusalém
todos os dias da tua vida.
Segunda Leitura
Monição: S. Paulo escreve aos Colossenses, revelando
preocupação, sobre os fundamentos da vida da comunidade cristã: é preciso
divulgar os novos sentimentos de Cristo, entregues para a vida do mundo.
As novas igrejas eram perturbadas por práticas e
cultos mitológicos, desviando os cristãos da fé verdadeira.
Ressaltam as qualidades dos cristãos, a mútua estima,
a ideia do perdão expressa no Pai-Nosso, o desejo de que vivam a paz de Cristo,
no exercício da oração.
Lembra a necessidade de os membros familiares serem
zelosos nas funções que lhes competem.
Colossenses
3, 12-21
Irmãos: 12Como eleitos de Deus, santos e
predilectos, revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, humildade,
mansidão e paciência. 13Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos
mutuamente, se algum tiver razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos
perdoou, assim deveis fazer vós também. 14Acima de tudo, revesti-vos
da caridade, que é o vínculo da perfeição. 15Reine em vossos
corações a paz de Cristo, à qual fostes chamados para formar um só corpo. E
vivei em acção de graças. 16Habite em vós com abundância a palavra
de Cristo, para vos instruirdes e aconselhardes uns aos outros com toda a
sabedoria; e com salmos, hinos e cânticos inspirados, cantai de todo o coração
a Deus a vossa gratidão. 17E tudo o que fizerdes, por palavras ou
por obras, seja tudo em nome do Senhor Jesus, dando graças, por Ele, a Deus
Pai. 18Esposas, sede submissas aos vossos maridos, como convém no
Senhor. 19Maridos, amai as vossas esposas e não as trateis com
aspereza. 20Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto
agrada ao Senhor. 21Pais, não exaspereis os vossos filhos, para que
não caiam em desânimo.
12-15 Temos aqui a enumeração de uma série de virtudes e de atitudes indispensáveis à vida doméstica, para que ela se torne uma imitação da Sagrada Família de Nazaré. Estas virtudes são apresentadas com a alegoria do vestuário, como se fossem diversas peças de roupa, que, para se ajustarem bem à pessoa, têm de ser cingidas com um cinto, que é «a caridade, o vínculo da perfeição». Na linguagem bíblica, «revestir-se» não indica algo de meramente exterior, de aparências, mas assinala uma atitude interior, que implica uma conversão profunda.
18-21 O autor sagrado não pretende indicar aqui os deveres exclusivos de cada um dos membros da família, mas sim pôr o acento naqueles que cada um tem mais dificuldade em cumprir; com efeito, o marido também tem de «ser submisso» à mulher, e a mulher também tem de «amar» o seu marido.
Aclamação ao Evangelho Col 3, 15a.16a
Monição: Na vida do mundo fazemos projectos, planificamos,
arranjamos modos de concretizar. A Sagrada Família pôs de lado os seus
projectos, seguiu os planos de Deus, o caminho que Ele lhe traçou. A felicidade
chegou; o Senhor traçou a estratégia, a Sua Palavra trouxe a alegria.
Aleluia
Reine em vossos corações a paz de Cristo,
habite em vós a sua palavra.
Cântico: Aclamação- 2,
F da Silva, NRMS 50-51
Evangelho
São Mateus
2, 13-15.19-23
13Depois
de os Magos partirem, o Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe:
«Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e foge para o Egipto e fica lá até que eu
te diga, pois Herodes vai procurar o Menino para O matar». 14José
levantou-se de noite, tomou o Menino e sua Mãe e partiu para o Egipto 15e
ficou lá até à morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor anunciara pelo
profeta: «Do Egipto chamei o meu filho». 19Quando Herodes morreu, o
Anjo apareceu em sonhos a José no Egipto 20e disse-lhe: «Levanta-te,
toma o Menino e sua Mãe e vai para a terra de Israel, pois aqueles que
atentavam contra a vida do Menino já morreram». 21José levantou-se,
tomou o Menino e sua Mãe, e voltou para a terra de Israel. 22Mas,
quando ouviu dizer que Arquelau reinava na Judeia, em lugar de seu pai,
Herodes, teve receio de ir para lá. E, avisado em sonhos, retirou-se para a
região da Galileia 23e foi morar numa cidade chamada Nazaré, para se
cumprir o que fora anunciado pelos Profetas: «Há-de chamar-Se Nazareno».
Segundo a Mixnáh, (Niddáh, v.6) depois dos 13 anos, o rapaz israelita começava a ser «bar-hamitswáh», «filho-da-lei», isto é, passava ter os deveres e direitos da Lei mosaica, incluindo o dever de peregrinar a Jerusalém, mas os pais piedosos costumavam antecipar um ano ou dois o cumprimento deste dever. Os judeus costumavam deslocar-se em caravanas e em grupos separados de homens e de mulheres, as crianças podiam fazer viagem em qualquer dos grupos; nas paragens do caminho, as famílias reuniam-se. É neste contexto que se desenrola o relato. A atitude de Jesus de ficar em Jerusalém é deveras surpreendente. Não deveria ter avisado os pais ou outros familiares? O que não faz sentido é buscar a explicação do sucedido numa rebeldia ou na irresponsabilidade dum adolescente – este rapaz é o Filho de Deus –, o que não quer dizer que o relato evangélico não possa fornecer luzes aos pais que se deparam com situações similares de filhos perdidos.
A teologia de Lucas talvez nos possa dar alguma pista para a compreensão do episódio narrado. «Jerusalém» não é simplesmente o centro da vida religiosa de Israel. Para os evangelistas, e de modo singular para Lucas, Jerusalém representa o culminar de toda a obra salvadora de Jesus, por ocasião da Páscoa da Paixão, Morte e Ressurreição; é por isso que Lucas, ao pôr em evidência a tensão de Jesus para a sua Paixão, apresenta grande parte do seu ensino «a caminho de Jerusalém», onde Jesus tem de padecer para ir para o Pai e entrar na sua glória (cf. Lc 24, 26). A teologia de Lucas não é abstracta e desligada da realidade. Ora a realidade é que Jesus não é apenas «o Mestre», Ele é «o Profeta», e, por isso mesmo, não ensina apenas quando exerce a função de rabi, mas em todos os passos da sua vida actua como Profeta, ensinando através dos seu agir, mormente através de acções simbólicas de profundo alcance, por vezes bem chocantes. O «Menino perdido» não aparece como um simples menino, é um Profeta que realiza uma acção simbólica para proclamar quem é e qual é a sua missão: «Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?». Ele é o Filho de Deus, e tem de cumprir a missão que o Pai lhe confiou, em Jerusalém, ainda que isto lhe custe bem e tenha de fazer sofrer aqueles que mais ama – «aflitos à tua procura» (v. 48). O episódio passa-se em Jerusalém, como prenúncio e paralelo de um sofrimento bem maior, também em Jerusalém. A lição é clara: não se pode realizar plenamente a vontade do Pai do Céu e, ao mesmo tempo, evitar todo o sofrimento próprio e dos seres mais queridos; subir a Jerusalém é subir à Cruz, e subir à Cruz é «elevar-se» ao Céu, também em Jerusalém (cf. Lc 24, 50-51).
41 «Os pais de Jesus. Teu pai» (v. 48). Uma vez que Lucas tinha acabado de falar tão explicitamente da concepção virginal de Jesus, não tem agora qualquer receio de nomear S. José como pai (virginal) do Senhor.
49 «Eu devia estar na Casa de Meu Pai». A tradução do grego, «tá toû Patrós mou», pode significar tanto «a casa de meu Pai», como «as coisas (assuntos, vontade) de meu Pai». A verdade é que o redactor pode ter querido dar à resposta de Jesus uma certa ambiguidade: «Não sabíeis que Eu tenho de estar nas coisas de meu Pai» (e que, por isso, me deveria encontrar aqui no Templo)?
50 «Eles não entenderam». A resposta do Menino envolvia um sentido muito profundo que ultrapassava uma simples justificação da sua «independência». Não alcançam ver até onde iria este «estar nas coisas do Pai», mas também não se atrevem a fazer mais perguntas, dada a sua extrema delicadeza e reverência que uma profunda fé lhes ditava. Estamos postos perante o mistério do ser e da missão de Jesus; é mais um «sinal» e mais uma «espada» (cf. Lc 2, 34-35).
Sugestões para a homilia
1. Ben-Sirá experimentou através de vivência pessoal
como se dão os choques entre novas ideias e culturas e a fé dos filhos de Deus.
Encontramos no seu livro o modo como testemunhar e o modelo a seguir nos dias
de hoje.
Afirmar a fé, pregnar e lutar por ela é um serviço de
Deus que nos ajuda a caminhar com rectidão.
Quando a fé sofre feridas profundas, a sociedade
constituída por famílias, perde a cor, a vida empobrece.
Eis um sofrimento verificado dentro e fora das
famílias. Soluções propostas no livro é conhecer e pôr em prática a Palavra de
Deus, Fonte de Sabedoria Divina; assim os desequilíbrios da sociedade e as
crises familiares poderão criar novas raízes, recuperar a perfeição da
caminhada.
2. As comunidades cristãs são formadas por família e
nelas se apoiam, sendo imagem delas. A preocupação da igreja é a nossa
preocupação – somos parcela da igreja.
O Concílio Vaticano II chamou aos agregados
familiares «Igrejas Domésticas», não fechadas em si, mas luminosas, irradiantes
e influentes, zelosas cumpridoras e anunciadoras.
O viver e saber viver cristãmente é ter consciência
cristã, é dizer a todos que os sentimentos de Cristo constituem a alma
familiar.
A felicidade, a estabilidade familiar e da comunidade
cristã são-nos proposta no código de virtudes apontados por S. Paulo:
– misericórdia;
– bondade;
– mansidão;
– e paciência a praticar e ter em consideração na
nossa vida.
3. Parafraseando o Evangelho acertemos as nossas contas
com Deus, sigamos a Sagrada Família.
A sequência lógica dos acontecimentos refere-nos que:
– podemos e devemos visitar Jesus, nutrir carinho por
Ele;
– não sejamos apáticos, indolentes nas práticas
religiosas, na família, nos Domingos,...;
– ajudemos Jesus, contribuindo para a felicidade do
Seu Corpo Místico, fugindo dos males;
– como S. José digamos sim aos apelos do Senhor,
defendamos a Sua causa, realizemos boas acções, completas;
– levantemos, matemos em nós os vícios passados e
presentes, para, um dia, estarmos no paraíso, como a Sagrada Família.
«Há-de chamar-se Nazareno»: como propósito final
peçamos sobriedade, pureza de intenções e ausência de vaidade; os nazarenos
incentivam a pureza: «não bebiam vinho» e utilizavam cabelos compridos.
Fala o Santo Padre
«A humilde casa de Nazaré é para as famílias cristãs
uma autêntica escola do Evangelho.»
1. Da gruta de Belém, onde naquela Noite Santa nasceu
o Salvador, o olhar volta-se hoje para a humilde casa de Nazaré, para
contemplar a Santa Família de Jesus, Maria e José, cuja festa celebramos, no
clima festivo e familiar do Natal.
O Redentor do mundo quis escolher a família como
lugar do seu nascimento e do seu crescimento, santificando assim esta
instituição fundamental de todas as sociedades. O tempo passado em Nazaré, o
mais longo da sua existência, permanece envolto por uma grande discrição e dele
poucas notícias nos são transmitidas pelos evangelistas. Se, porém, desejamos
compreender mais profundamente a vida e a missão de Jesus, devemos
aproximar-nos do mistério da Santa Família de Nazaré para ver e ouvir. A
liturgia de hoje oferece-nos para isso uma oportunidade providencial.
2. A humilde casa de Nazaré é para todo o crente, e
especialmente para as famílias cristãs, uma autêntica escola do Evangelho. Aqui
admiramos a realização do projecto divino de fazer da família uma íntima
comunidade de vida e de amor; aqui aprendemos que cada núcleo familiar cristão
é chamado a ser pequena «igreja doméstica», onde devem resplandecer as virtudes
evangélicas. Recolhimento e oração, compreensão mútua e respeito, disciplina
pessoal e ascese comunitária, espírito de sacrifício, trabalho e solidariedade
são traços típicos que fazem da família de Nazaré um modelo para todos os
nossos lares.
Desejei realçar estes valores na Exortação apostólica
«Familiaris
consortio», de que celebramos, neste ano,
o vigésimo aniversário. O futuro da humanidade passa pela família que, nos
tempos de hoje, mais do que qualquer outra instituição, foi assinalada por
profundas e rápidas transformações da cultura e da sociedade. A Igreja porém,
nunca deixou de fazer chegar «a sua voz e oferecer a sua ajuda a quem,
conhecendo já o valor do matrimónio e da família, procura vivê-lo fielmente; a
quem, incerto e ansioso, anda à procura da verdade e a quem é injustamente
impedido de viver livremente o próprio projecto familiar» (Familiaris consortio, 1). Ela dá conta da sua responsabilidade e deseja
continuar, ainda hoje, «a oferecer o seu serviço a cada homem interessado nos
caminhos do matrimónio e da família» (ibid.)
3. Para realizar esta sua ingente missão, a Igreja
conta, de modo especial, com o testemunho e contribuição das famílias cristãs.
Melhor ainda, «perante os perigos e dificuldades que a instituição familiar
atravessa, ela convida a um suplemento de audácia espiritual e apostólica, na
consciência de que as famílias são chamadas a ser 'sinal de unidade para o
mundo', e a testemunhar 'o Reino e a paz de Cristo, para os quais o mundo
inteiro caminha'» (ibid. 48).
4. Os cristãos, recorda o Concílio Vaticano II,
atentos aos sinais dos tempos, devem promover «activamente o bem do matrimónio
e da família, quer pelo testemunho da sua vida pessoal, quer pela acção
harmónica com todos os homens de boa vontade» (Gaudium et spes, 52). É
necessário proclamar com alegria e com coragem o Evangelho da família.
Jesus, Maria e José abençoem e protejam todas as
famílias do mundo, para que nelas reinem a serenidade e a alegria, a justiça e
a paz, que Cristo, ao nascer, trouxe como dom à humanidade.
João Paulo II, Angelus, 30 de
Dezembro de 2001
Oração Universal
Irmãos, oremos a Deus todo-poderoso,
e imploremos a misericórdia d’Aquele
que não deseja a morte do pecador,
mas antes que se converta e viva.
1. Pela Santa
Igreja de Deus:
para que, fiel ao mandamento de
Cristo,
continue firme no ensino da doutrina
Sagrada e certa de que é depositária,
oremos, irmãos.
2. Pelos governantes das nações:
para que promulguem leis justas
que respeitem os direitos de Deus e
dos Homens,
a começar pelo direito à vida e à
família una, indissolúvel e fecunda,
oremos, irmãos.
Senhor nosso Deus e nosso
Pai, fazei-nos encontrar em Jesus Cristo
a fonte da água viva onde a nossa sede de justiça e
santidade
se possa saciar em plenitude.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia Eucarística
Cântico do ofertório: A Virgem Imaculada, David Oliveira, NRMS 24
Oração sobre as oblatas: Nós Vos oferecemos, Senhor, este sacrifício de
reconciliação e humildemente Vos suplicamos que, pela intercessão da Virgem,
Mãe de Deus, e de São José, se confirmem as nossas famílias na vossa paz e na
vossa graça. Por Nosso Senhor...
Prefácio do Natal: p. 457 [590-702] ou 458-459
No Cânone
Romano, diz-se o Communicantes (Em comunhão com toda a Igreja) próprio. Nas
Orações Eucarísticas II e III faz-se também a comemoração própria do Natal.
Santo: F. da Silva, NRMS 99-100
Saudação da Paz
A paz exige renúncia, perdão, coração aberto ao
diálogo; disponibilidade para estarmos ao serviço do próximo, à ajuda.
Então, saudemo-nos na paz de Cristo.
Monição da Comunhão
Fazermos sempre e em tudo a vontade do Senhor
equivale a estarmos em união contínua com Ele; agora façamo-lo, recebendo Jesus
na Eucaristia.
Cântico da Comunhão: Alegra-te minha alma, Az. Oliveira, NRMS 87
cf. Bar 3, 38
Antífona da comunhão: Deus apareceu na terra e começou a viver no meio de
nós.
Cântico de acção de graças: Quero
louvar-Vos, Senhor, J. Santos, NRMS
111
Oração depois da comunhão: Pai de misericórdia, que nos alimentais neste divino
sacramento, dai-nos a graça de imitar continuamente os exemplos da Sagrada
Família, para que, depois das provações desta vida, vivamos na sua companhia
por toda a eternidade. Por Nosso Senhor...
Ritos Finais
Monição final
Regressemos às nossas habitações, conscientes, às
nossas famílias para nelas partilharmos a paz, o amor e a alegria.
Vamos em paz e que o Senhor nos acompanhe.
Cântico final: Reunidos em Igreja, M. Carneiro, NRMS 71-72
Homilias Feriais
TEMPO DO NATAL
2ª feira, 27-XII: S. João: A presença de S. João na
Última Ceia.
1 Jo 1, 1-4 / Jo 20, 2-8
O que era desde o princípio, o que
ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplámos, e as nossas mãos
tocaram acerca do Verbo da Vida, é o que nós vos anunciamos.
João, o «discípulo que Jesus amava» (Ev.) recebeu da
parte do Senhor muitas manifestações de amizade: conviveu de perto com o Senhor
e transmitiu-nos essa vivência nos seus escritos do Novo Testamento; esteve
presente no Calvário; recebeu Nossa Senhora como Mãe dos homens...
Lembremos a sua atitude de ternura na Última Ceia ao
repousar a cabeça no peito do Senhor; sua presença no Calvário, ao lado de Nossa
Senhora: «Estais ali (na Santa Missa) com as mesmas disposições com que a
Virgem Santíssima estava no Calvário, tratando-se da presença de um mesmo Deus
e da consumação de igual sacrifício?» (S. João M. Vianney).
3ª feira, 28-XII: S. Inocentes: Por que sofrem os
inocentes?
1 Jo 1, 5- 2, 2 / Mt 2, 13-18
(Herodes), mandou matar em Belém e em
todo o seu território todos os meninos de dois anos ou menos.
Esta morte dos Santos Inocentes põe-nos perante o
problema: por que sofremos? Por que sofrem os inocentes?
S. Paulo responde: «Agora alegro-me pelos meus
padecimentos por vós, e supro na minha carne o que falta à paixão de Cristo» (Col 1, 24). A obra da Redenção que se
realizou mediante a paixão, morte e ressurreição de Cristo, actualiza-se em
cada um de nós quando participamos na
Santa Missa. E também, de modo diferente, quando oferecemos os nossos sofrimentos pela nossa salvação eterna e a de
todo o mundo, somos igualmente corredentores.
4ª feira, 29-XII: Dimensão sacrificial da Eucaristia.
1 Jo 2, 3-11 / Lc 2, 22-35
Ao chegarem os dias da purificação...
Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de o apresentarem ao Senhor.
É este um dos momentos, antes do Calvário, em que
Maria viveu a dimensão sacrificial da
Eucaristia: «Ouviu o velho Simeão anunciar que... uma espada havia de
trespassar a alma dela (cf. Ev.). Assim foi vaticinado o drama do Filho
crucificado e de algum modo prefigurado o 'stabat
mater' aos pés da Cruz. Preparando-se dia a dia para o Calvário, Maria vive
uma espécie de 'Eucaristia antecipada', dir-se-ia uma 'comunhão espiritual' de
desejo e oferta, que terá o seu cumprimento na união com o Filho, durante a
Paixão...» (IVE, 56).
5ª feira, 30-XII: O 'encontro da sorte'
1 Jo 2, 12-17 / Lc 2, 36-40
Estando (Ana) presente na mesma
ocasião, começou, por sua vez, a louvar a Deus e a falar acerca do Menino.
Ana passava o seu tempo ao serviço do Senhor, no
Templo de Jerusalém. Recebeu como recompensa pode ver o Salvador (cf. Ev.).
«A Apresentação
de Jesus no Templo (Ev. do dia), mostra-o como Primogénito que pertence ao
Senhor. Com Simeão e Ana, é toda a expectativa Israel que vem ao encontro do seu Salvador (a tradição
bizantina designa por encontro este
acontecimento)» (CIC, 529). Que cada um dos nossos encontros com o Senhor esteja cheio de louvores a Deus e muita
alegria. E não nos cansemos também de falar deste Menino a todos (como fez
Ana).
6ª feira, 31-XII: Também nascemos de Deus
1 Jo 2, 18-21 / Jo 1, 1-18
E estes não nasceram do sangue, nem da
vontade do homem, mas nasceram de Deus.
Estes são os últimos momentos do ano : «esta é a
última hora» (Leit.). Encontramo-nos na vigília do novo Ano e vamos tentar
nascer de Deus (cf. Ev.).
A partir do momento em que recebemos o baptismo temos
uma nova vida, sobrenatural: começamos a viver a própria vida de Cristo, somos
filhos de Deus. Procuremos começar o novo Ano com o propósito de vivermos e nos
comportarmos de acordo com esta dignidade em todas as nossas acções. Como
actuamos, sabendo que levamos dentro de nós um tesouro tão valioso?
Celebração e Homilia: Ferreira de Sousa
Nota
Exegética: Geraldo Morujão
Homilias
Feriais: Nuno Romão
Sugestão Musical: Duarte Nuno Rocha