Natal
de Nosso Senhor Jesus Cristo
Missa
da Aurora
25 de Dezembro de 2004
RITOS INICIAIS
Cântico de entrada: Hoje sobre nós, M. Faria, NRMS 4 (I)
cf. Is 9,
2.6; Lc 1, 33
Antífona de entrada: Hoje sobre nós resplandece uma luz: nasceu o Senhor.
O seu nome será Admirável, Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da paz. E o
seu reino não terá fim.
Diz-se o
Glória.
Introdução ao espírito da Celebração
O Natal convida-nos a escutar Deus, criador do mundo;
a contemplar o mistério da Palavra de Deus, revelação divina; a
maravilharmo-nos diante da obra de Jesus, coroação da obra de Deus; e adorar a
Jesus, mensagem de Deus à humanidade.
Oração colecta: Concedei, Deus todo-poderoso, que, inundados pela
nova luz do Verbo Encarnado, resplandeça em nossas obras o que pela fé brilha
em nossos corações. Por Nosso Senhor...
Liturgia da Palavra
Primeira Leitura
Monição: O profeta Isaías
anuncia a esperança ao Seu povo porque o Salvador vem visitar a Cidade Santa.
Em Cristo Jesus, cumpre-se esta profecia com a visita que Deus faz à humanidade
inteira.
Isaías 62,
11-12
11Eis o
que o Senhor proclama até aos confins da terra: «Dizei à filha de Sião: Eis que
vem o teu Salvador. Com Ele vem o seu prémio e precede-O a sua recompensa. 12Serão
chamados ‘Povo santo’, ‘Resgatados do Senhor’; e tu serás chamada ‘Pretendida’,
‘Cidade não abandonada’».
A leitura recolhe dois versículos do III
Isaías, referidos à Jerusalém restaurada após o exílio. «Até aos confins da terra»:
a perspectiva universalista típica da última parte de Isaías corresponde
bem à realidade de um «Natal para todos».
«Filha de Sião, Filha de Jerusalém», forma poética de o Profeta se dirigir aos
habitantes da cidade, e mesmo a todos os israelitas (como aqui sucede). A
Igreja é o novo «Israel de Deus», «o monte Sião» (Gal 4, 26; 6, 16; Hebr
12, 22; Apoc 14, 1; 21). «Sião» (etimologicamente,
lugar seco) era a cidadela da capital, Jerusalém. Inicialmente designava
a fortaleza conquistada por David aos jebuseus, a colina oriental de Jerusalém (Ofel),
que começou a ser chamada «cidade de David», para onde este transladou a
Arca da Aliança. Quando Salomão construiu o Templo, a Norte de Sião, e para lá levou
a arca, também se começou a dar a esse lugar o nome de Sião. Depois veio a
designar o conjunto da cidade de Jerusalém, ou todos os seus habitantes e mesmo
todo o povo de Israel. Na tradição cristã, veio a dar-se uma confusão acerca da
localização topográfica do monte Sião, ao situá-lo no Cenáculo, na colina
ocidental da cidade alta. Esta confusão parece ter origem em que o Cenáculo foi
considerado a sede da primitiva Igreja de Jerusalém, o novo «monte Sião»,
segundo Hebr 12, 22 e Apoc 14, 1. Actualmente a Arqueologia
veio esclarecer estes locais.
Salmo Responsorial Salmo 96 (97), 1 e 6.11-12
Monição: Pelo Seu nascimento,
Jesus traz a luz ao mundo. Louvemos Aquele que ilumina as nossas vidas.
Refrão: Hoje sobre nós resplandece uma luz:
nasceu o Senhor.
O Senhor é rei: exulte a terra,
rejubile a multidão das ilhas.
Os céus proclamam a sua justiça
e todos os povos contemplam a sua glória.
A luz resplandece para os justos
e a alegria para os corações rectos.
Alegrai-vos, ó justos, no Senhor
e louvai o seu nome Santo.
Segunda Leitura
Monição: É pelo Baptismo que nós nascemos, hoje, para a vida
divina e nos tornamos filho de Deus. Manifestação do amor de Deus, o Baptismo é
a realização do Nascimento do Salvador em cada homem e mulher.
Tito 3,
4-7
Caríssimo: 4Ao manifestar-se a bondade de
Deus nosso Salvador e o seu amor para com os homens, Ele salvou-nos, 5não
pelas obras justas que praticámos, mas em virtude da sua misericórdia, pelo
baptismo da regeneração e renovação do Espírito Santo, 6que Ele derramou
abundantemente sobre nós, por meio de Jesus Cristo nosso Salvador, 7para
que, justificados pela sua graça, nos tornássemos, em esperança, herdeiros da
vida eterna.
Esta belíssima síntese soteriológica bem
podia ser uma espécie de fórmula de fé corrente na Igreja primitiva que tenha
sido inserida na Carta.
5 O «banho de regeneração e renovação do
Espírito Santo» é o Baptismo, que nos faz nascer de novo (Jo 3, 3.5) e que
nos torna «nova criatura» (Gal 6, 15; 2 Cor 5, 17). O Natal é ocasião propícia
para meditar também no nosso natal, o Baptismo, e para daí tirar consequências
práticas: «reconhece, ó cristão, a tua dignidade; tornado participante da
natureza divina, não regresses à antiga baixeza duma vida depravada; lembra-te
de que Cabeça e de que Corpo és membro. Pelo Baptismo, tornaste-te templo do
Espírito Santo» (S. Leão Magno, Homilia para o dia de Natal).
Aclamação ao Evangelho Lc 2, 14
Monição:
Os pastores foram os primeiros a ser chamados e a reconhecer o Salvador dos
homens que, embora pobre como eles, os enriquece de graça, alegria e paz.
Transformados, dão graças a Deus por esta Presença e partem a anunciar, por
toda a parte, como primeiros missionários da salvação, esta Boa Notícia.
Aleluia
Glória a Deus nas alturas
e paz na terra aos homens por Ele amados.
Cântico: F. da Silva, NRMS 46
Evangelho
São Lucas 2,
15-20
15Quando
os Anjos se afastaram dos pastores em direcção ao Céu, começaram estes a dizer
uns aos outros: «Vamos a Belém, para vermos o que aconteceu e que o Senhor nos deu
a conhecer». 16Para lá se dirigiram apressadamente e encontraram
Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. 17Quando O viram,
começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. 18E
todos os que ouviam admiravam-se do que os pastores diziam. 19Maria
guardava todos estes acontecimentos, meditando-os em seu coração. 20Os
pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham
ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado.
18 Os «pastores» contam as maravilhas daquela noite, mas quem eram eles para alguém os tomar a sério? Como poderia o Messias revelar-Se a gente tão miserável, mal conceituada e tida por pecadora? A visão universalista de Lucas leva-o a começar o seu Evangelho mostrando como Jesus se manifesta aos pobres e aos pecadores.
19 O que é dito de Maria, que «guardava todos estes acontecimentos, meditando-os em seu coração», ensina-nos a viver o mistério do Natal no recolhimento, ponderação e intimidade com Jesus.
Sugestões para a homilia
O Senhor
visita a Cidade Santa
Um mistério
tão antigo mas sempre novo
O Senhor visita a Cidade Santa
Isaías transmite uma mensagem de esperança à Cidade
Santa: o Senhor vai chegar, acompanhado do povo, que resgatou do exílio e
salvou da solidão e do sofrimento. Desponta a aurora duma vida nova para
Jerusalém, pois o salvador vem visitá-la, para a cumular de graça.
Esta mensagem de alegria não se destina apenas à
Cidade Santa, mas deve ser proclamada até aos confins da terra, visto que só em
Jesus Cristo se realiza, totalmente, a promessa divina de salvação para todos
os homens. «N'Ele, de facto, todas as promessas de Deus se tornaram sim» (2 Cor 1, 20). Deus amou-nos tanto que nos
mandou o Seu Filho para nos salvar e fazer de nós um Povo Santo
Um mistério tão antigo mas sempre novo
Na Missa da Noite, a Igreja apresentou-nos o seu
Cristo – o Verbo eterno, o dominador, porém, em carne, habitando entre nós, no
meio do Seu povo. E nós contemplámos a Sua glória e a Sua humilhação, ao mesmo
tempo que, unidos aos anjos e a todos os homens, demos graças a Deus pela paz
que nos ofereceu em Cristo.
Agora a liturgia, inundada pela luz da nova aurora,
que desponta para o mundo, descreve-nos os efeitos do Nascimento do Salvador
para a humanidade de todos os tempos.
O Natal não é um acontecimento passado. Através da
Igreja, o mistério do Natal conserva toda a sua actualidade. N'Ela, todos os
homens são chamados a receber de Jesus a vida divina, «tornando-se filhos no
Filho único».
Oração Universal
O Senhor Jesus veio visitar-nos do Alto,
como o sol que surge para iluminar os nossos passos
e guiar-nos pelos caminhos da paz.
Com o coração exultante de alegria,
elevemos ao Senhor Jesus as nossas preces:
R.
Luz do Alto, iluminai os nossos passos.
1. Senhor
Jesus, enchei de graça a vossa Igreja,
para que seja uma tenda hospitaleira
da vossa presença
e transmita para cada pessoa humana o
brilho da vossa luz;
nós vos pedimos:
2. Senhor
Jesus, abençoai o Papa João Paulo II,
os bispos e todos os sacerdotes:
fazei que o seu ministério encha de
graça o coração de todos os homens
e mova os seus passos para Vós;
nós vos pedimos:
3. Senhor
Jesus, desarmai o coração de cada homem e mulher,
a fim de que os povos aflitos por
tantos males
possam ser consolados pela vossa
presença de reconciliação e de paz;
nós vos pedimos:
4. Senhor
Jesus, concedei a nós todos aqui reunidos
a graça de sermos sempre agradecidos
e vos bendigamos pelo dom do vosso
amor fiel,
que sempre está pronto a nos perdoar
e a nos socorrer na nossa indigência;
nós vos pedimos:
(outras intenções)
Ouvi, Senhor, as nossas súplicas
e pela intercessão da vossa Mãe dulcíssima,
concedei-nos viver em santa alegria estes dias do
vosso Natal.
Vós que sois Deus e viveis e reinais pelos séculos
dos séculos.
Liturgia Eucarística
Cântico do ofertório: Hoje sobre nós resplandece uma luz, M.
Faria, NRMS 4 (I)
Oração sobre as oblatas: Aceitai, Senhor, a nossa oblação nesta santa noite de
Natal e fazei que, pela admirável permuta destes dons, participemos na
divindade do vosso Filho que a Vós uniu a nossa natureza humana, Ele que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio do Natal: p. 457 [590-702] ou 458-459
No Cânone
Romano, diz-se o Communicantes (Em comunhão com toda a Igreja) próprio. Também
nas Orações Eucarísticas II e III se faz a comemoração própria.
Santo: M. Luis, NCT n.º 297
Monição da Comunhão
Assim como Cristo se faz presente no pão para saciar
a todos, assim também nós, pela comunhão eucarística, somos chamados a saciar a
fome de justiça e de amor do nosso próximo.
Cântico da Comunhão: Canta, Povo de Sião, F. dos Santos, NCT 74
Jo 1, 14
Antífona da comunhão: O Verbo fez-Se carne e nós vimos a sua glória.
Oração depois da comunhão: Senhor nosso Deus, que nos dais a alegria de
celebrar o nascimento do nosso Redentor, dai-nos também a graça de viver uma
vida santa, a fim de podermos um dia participar da sua glória. Por Nosso
Senhor...
Ritos Finais
Monição final
Recordávamos no Evangelho a visita dos pastores a
Belém os quais, tendo presenciado as maravilhas de Deus, se tornam eles mesmos
anunciadores da Boa Nova.
A História da Salvação é interpretada como uma
iniciativa íntima de Deus entrar na sociedade da maneira mais humana possível.
Ele quer ser mensagem de luz e de vida para todos. Mas, para isso, precisa da
evangelização, do testemunho e do compromisso daqueles que já somos cristãos.
Cântico final: O Senhor do Universo, F. da Silva, NRMS 21
Celebração e Homilia: Nuno Westwood
Nota
Exegética: Geraldo Morujão
Sugestão
Musical: Duarte Nuno Rocha