COMENTÁRIO
O GRANDE PAPA E O NÃO MENOS GRANDE QUICO
Nunca fui católica praticante. Poucas vezes fui à missa, embora sempre tivesse gostado de ir a Fátima e de agradecer quando lá ia.
Depois do Quico nascer não quis acreditar que Deus pudesse deixar ou mesmo criar crianças assim, que iriam passar toda uma vida em sofrimento. Deus, a quem devemos amar incondicionalmente e que nos quer bem, não podia sujeitar uma criança inocente a todas as incapacidades e dificuldades.
Fiquei muito zangada com Deus. E fui dizendo que Deus não podia existir, pois se existisse ele não iria sujeitar crianças a este estado de dificuldade e de doença.
Tenho visto, desde o primeiro dia, uma grande amiga de família, a nossa Enfermeira Margarida, crente e muito devota, a aceitar o Quico sem olhar para a sua deficiência, sem pena dele ou nossa. A aceitar que Deus nos deu esta missão, de cuidar e fazer o Quico feliz, sem porquês.
E de facto, este sábado em Fátima, na oração aos doentes, o Papa Francisco disse algumas palavras que me fazem pensar.
O Papa disse que a vida destas pessoas é um dom, que é um património. É verdade, a vida do meu Quico é um dom! É um corajoso, um querido. É carinhoso, meiguinho! E veio até nós (e quando digo nós, não é só família, são todas as pessoas que em qualquer circunstância passaram e vão passar na sua vida) para nos mostrar algo, para nos fazer crescer e para sermos pessoas melhores.
O Papa disse ainda que, o que os doentes e deficientes estão a passar, também Jesus passou. Percebe a sua dor.
É um outro prisma...
E perante todas as adversidades e todas as limitações, ele está cá para vencer, para estar, para ser!
Obrigada, Quico, por estares connosco. Cada vez mais, tenho a certeza que, sem ti nós éramos muito menos, pessoas muito inferiores!
Quanto ao Papa, crente ou não, ele é maravilhoso. Consegue tocar-nos no ponto. Obrigada por abençoares o meu Quico! E obrigada por nos permitires ter estado lá.
SARA
POVO, 15-V-2017